segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O nosso Natal

O nosso Natal começa em meados de Outubro. Reunimos tudo: o papel colorido, as lãs, os tecidos, as tintas, as purpurinas. Vamos pensando em cada pessoa que amamos, transformamo-nos em ajudantes do pai natal e somos felizes com cada prenda que vai nascendo. Fazemos biscoitos e enfeitamos a casa com coisas feitas por nós, ouvimos música, cantamos. Adoramos o natal. Adoramos ter a casa cheia de gente feliz.
Os olhos dela que brilham mais que as luzinhas da árvore.
Feliz Natal a todos e a todas!





quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Rabina dos Bosques

Hoje de manhã, no caminho para a escola:

- Mãe, estive a pensar...
- Ai! O que é que vem aí - pensei eu.
- O pai chama a polícia, tu dás-lhes um ralhete e eles tiram os ricos daquelas casas em que os pobres não podem entrar. Então as pessoas que não têm dinheiro nem casa vivem felizes, fazem uma festa, a polícia fica à porta a guardar a multidão...

Pois bem, estou a criar uma Rabina dos Bosques.

O curioso de tudo isto é que nunca na vida lhe expliquei o que é um condomínio privado - julgo que "aquelas casas em que os pobres não podem entrar", devem ser condomínios privados...

A do eu dar ralhetes ainda estou a descortinar...




quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

o natal no palácio

eu não queria árvore de Natal, não acho grande piada a casa é pequena e tal. a inês, que é uma fofinha gigante, mandou-me uma msg que me tinha comprado uma árvore vermelha que ia ficar a matar na minha casa. já não vive comigo mas continua a tratar do Natal da minha casa. e então criei uma imagem de árvore de natal do mais pirosa que há e voilá, cá está ela, com um colar de pérolas. e não é um colar de pérolas qualquer. é um colar de pérolas dourado.


Como fazer um bolo

para a piolha levar para a festa de natal da escola (quando a mãe está destroçada porque este ano os pais não podem assistir, devido a cortes orçamentais)

1 - Comprar daquela massa já feita (nunca na vida tinha feito tal coisa, mas há sempre uma primeira vez para tudo),

2 - Pedir opinião à Rosa sobre que forma utilizar e ficar contente porque ela diz "ah esses bolos ficam muitaaa bons!"

3 - Deixar a piolha ir brincar com a Rosa na casa ao lado,

4 - Untar a forma com margarina e farinha (e fazer figas para que a raça do bolo não pegue - porque é que não comprei mais uma embalagem de massa, não vá o diabo tecê-las?)

5 - A Magali chora baixinho... Caraças, já passa das oito, a bicharoca tem fome. Pesar a ração da Magali, deitá-la no prato respectivo. Pesar a comida da Essi. Deitá-la na forma do bolo já untada!

6 - Dizer umas quantas asneiras (ainda bem que a piolha está na casa ao lado),

7 - Dar a ração com margarina e farinha à Essi, lavar a forma.

9 - Essi não quer comer. Guarda a ração para a Magali não comer por duas, unta novamente a forma.

8 - Piolha entra de rompante e grita "mamã a Essi está a vomitar!"

9 - Oh tadinha da Essi, Laura sai, não pises, faz-lhe festinhas, tenho as mãos todas gordurosas, Oh tadinha da Essi!

10 - Lavar mãos, limpar vomitado, dar mimos à Essi (e à Magali que é uma ciumenta fofinha)

11 - Bolo no forno, inventa cobertura, chamar piolha para cortar estrelinhas e fazer bolinhas e fazer cara de mãe má para a Laura parar de comer os enfeites!

12 - Enfeitar o bolo.

13 - Levar um abracinho da Rosa porque está fofinho, levar beijinho da piolha porque é o bolo mais lindo do mundo e levar um abracinho e um beijinho do R. porque fiz o bolo e não o queimei.

Et voilá






terça-feira, 4 de dezembro de 2012

As crianças passam fome porque os pais têm falta de tempo

Eu costumava contribuir para o Banco Alimentar. A minha mãe fazia-o e eu achava que também o devia fazer.
Até que um dia fui a um supermercado comprar fraldas para a minha filha. Um rapazito espetou-me um saco de plástico na cara. Eu disse que não queria, obrigada, e segui caminho. Estava a passar tempos difíceis e todos os tostões contavam. E o raio do puto começa a insultar-me! Que um dia podia ser eu a passar fome, que nunca pensamos nos outros, blá, blá blá, blá. Quando dei por mim, já tinha dado meia volta e já estava de dedo espetado, praticamente enfiado dentro do nariz do miúdo. Gritei com ele, obviamente. Que sabia ele sobre mim? Depois vem de lá um senhor, pediu muitas desculpas, que o miúdo não sabe o que diz, eu resmunguei mais umas coisas do tipo "e formaçãozinha para os voluntários era capaz de ser boa ideia, não?".
Enfim, fiquei capaz de enfiar o raio do saco cabeça-abaixo do raio do puto!

Neste fim de semana fui às compras com a piolha. E novamente espetaram-me um saco de plástico na cara. Levaram com um "Não, obrigada" e eu levei com os olhares reprovadores dos voluntários.

Entretanto a L. perguntou-me porque estavam a dar-me um saco e eu recusei. Não lhe expliquei porque recusei - prefiro que ela decida no que quer acreditar, sem juízos de valor da sua mãe - mas expliquei-lhe o que era o Banco Alimentar.
Prometi-lhe a moeda do carrinho de supermercado quando estivéssemos despachadas e ela ficou muito pensativa, a tentar decidir se guardava a moeda no mealheiro dela ou se comprava comida para entregar ao Banco Alimentar.

Dei-lhe a moeda, ela passou pelos voluntários e foi dar ao rapaz sem pernas que estava ao frio, lá fora.

E eu fiquei estonteada a assistir à cena. Está uma pessoa, ao frio, com fome, com um ar miserável à porta de um supermercado e há gente a brincar às caridadezinhas. Está um ser humano ao frio, com fome, doente, à porta de um supermercado a assistir a toneladas de alimentos a passarem-lhe à frente da cara... Mas aquilo não é para ele... É para outros pobrezinhos. Se calhar, para pobrezinhos com melhor aspecto.

É tudo muito triste, mas só não vê quem não quer. São os empregados dos supermercados que deitam lixívia para cima dos frangos assados que sobram para não terem pessoas a remexerem-lhes o lixo, são voluntários a gabarem-se de terem arroz para o ano inteiro, para não falar nos lucros que as grandes superfícies têm com estas acções... são histórias infindáveis, cruéis, tristes, desumanas.

Eu não pactuo mais com popotas, idiotas ou bancos alimentares. Isso é desresponsabilizar o Estado da sua função social! E não é isso que vai tirar a fome ninguém... lamento. Mas é a pura das verdades. Para mim não é este o caminho.

E esta Jonet coitadinha... sofre do síndrome da terra da fantasia ou coisa parecida. Ou então é mesmo uma atrasada mental.


Roubado do facebook do Rui Zink.


Entretanto o que me vai dando alento é a L. Ainda não percebe a dimensão da podridão do nosso mundo e para ela tudo tem solução. 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O que é que se passa comigo? (para a Inês - Parte II)


É que nem posso alegar amnésia, que as cicatrizes ainda estão bem visíveis e acho que foi algo inesquecível.
Então não é que depois do susto do episódio do burro, acabei de assinar um papel para consentir a ida de burros à escola da piolha?
Ainda fiz um “hummmm”, mas ela olhou para mim com olhos de bambi e eu assinei.
Ela deu pulinhos de alegria e abraçou-se a mim.
Eu recordei o drama, as dores e o alívio daquele dia. Como é possível tantos sentimentos num só dia?
Dizia-me o R. que eu ia ficar com cicatrizes nos joelhos. Eu???? Eu sou rija, não sou dessas de ficar com cicatrizes. Mas foi cá uma queda e um arrastão… Foi mesmo violento. Com direito a ficar meio coxa, cheia de dores em todo o lado, com uma cicatriz em cada joelho, do mais feio que possam imaginar e um doutoramento em “como sair do autocarro sem dobrar os joelhos, mas mantendo a pose de que sou uma rapariga séria e só estou um bocado torta por causa do burro alfredo”.

sábado, 24 de novembro de 2012

Bye Bye

No banco de trás estava sempre a cadeirinha da piolha e a varinha mágica cor de arco-íris, com tantas purpurinas, que quando saíamos do carro vínhamos cheias de brilhantes na testa, na ponta do nariz, nas bochechas, nas mãos, em todo o lado!
O segredo era simples. O carro não pegava, eu abria o capô, descalçava as botas, expunha as minhas meias da hello kitty para os vizinhos verem, e contava até 3. Aí ao mesmo tempo que dava uma sapatada na bateria com a bota, a Laura fazia magia com a sua varinha. O carro gemia, eu fechava o capô, dávamos mais cinco para celebrar, girava a chave e vrummmm! A estrada era toda nossa.

Um dia escrevi sobre ele,

pode ter 3947 anos, pode ter fugas de água e pode ter bolor porque lhe chove lá dentro. O fecho centralizado pode só funcionar numa das portas e os auto-rádios explodem e deitam fumo. Pode ter mais mossas que chapa, mais nódoas que estofos. Pode ter criação de formigas e aranhiços e até o podem proibir de circular avenida da liberdade fora porque não tem catalizador. Pode ter vidros eléctricos que se fecham à mão e ursos com barretes de natal no porta-bagagens, porque é o melhor carro do mundo!

Hoje despedi-me dele. A Laura vai ganhar um bom casaco para o Inverno. As boas memórias essam ficam cá. As luas de mel, as idas ao ballet, os chapéus de chuva abertos lá dentro por causa das cascatas que caíam do tejadilho, o brincar ao carrossel em plena rotunda do Marquês de Pombal...

Amanhã vou ter que explicar à melhor filha do mundo que a magia no mundo da mecânica terminou por agora...



terça-feira, 20 de novembro de 2012

Os nossos leitores e leitoras

podiam chegar até nós através de direitos, de greve, de amor, de gajices. Mas não! Os nossos leitores são mega originais! E o que eu me ri!

Um mamo! HAHHAHAHHAHHAHAH




segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Feeling blue


Sou a Vera. Mas durante várias horas dos meus dias sou a mãe da Laura. Há coisas de que não abdico como Vera. Como o meu café e a minha botija de água quente. E há coisas de que não abdico como mãe. Adoro levá-la à escola. Adoro ir buscá-la. Adoro dar-lhe banho, besuntá-la com o creme e pentear aquele cabelo com cheiro a framboesa. A história da noite, entre desejos de sonhos cor de arco-íris e a história da manhã, entre espreguiçadelas, bocejos e beijinhos. Acho engraçado que diferencie as pessoas como cor de rosa, castanhas ou de olhos em bico. Tenho um orgulho tremendo que ofereça a moeda do carrinho do supermercado que lhe dou para ela guardar no seu mealheiro, ao menino sem pernas que está à porta. A Laura é a minha prova de que as crianças não são preconceituosas. Os adultos é que as criam preconceituosas. A minha menina pergunta sempre "tens namorado ou namorada"? Vou-lhe tentando dar as bases para ela ir crescendo. E é fantástica esta visão, de uma menina que já não é um bebé, mas que ainda vai pedindo colinho. Uma menina que já sabe escrever o meu nome. Que já sabe fazer contas e acha divertido lavar o chão. Uma menina que se ri dos rabiscos que fazia quando era bebé. Uma menina que adora música e dança. Uma menina que agradece todos os elogios que lhe fazem e utiliza a expressão, com um sorrisinho malandro "É óbvio, não é?", quando lhe perguntam pelo nome do seu amigo, que se chama amigo. E as gargalhadas dela! Bem! São de outro mundo! Movem montanhas! É a menina mais linda dos meus olhos. É a menina que vou criar neste mundo que neste momento me assusta. Ontem pediu - pela milésima vez - um mano. Eu - pela primeira vez calei-me. Porque senti que isso nunca vai acontecer. Pela primeira vez, senti que desisti. Senti que devia enfrentar o que era óbvio. Senti que este mundo não é um mundo para crianças. Não é saudável, não é feliz, não é humano, é desequilibrado.
Sinto um grito preso na garganta! Deve ser uma pedra da calçada, pronta a disparar. Como é que eu tive uma criança com as coisas no estado caótico em que estão? Claro que tive! E é uma criança extraordinária! Mas e se lhe falta alguma coisa? Obviamente que nunca vai faltar. Mas... e se faltar? Nunca me tinha passado pela cabeça que poderia faltar. Era impensável. É minha filha. Nunca lhe vai faltar nada... Mas... e... tantos mas... Mas eu sou mãe! Nunca lhe há-de faltar nada, nem que isso me mate! Mas...
Fui tentar dormir. Dei voltas e mais voltas na cama. Devo ter dormido umas quatro horas, se tanto. Mas por aqui, durma-se muito ou pouco, não há acordar mal disposto. Acorda-se para a vida!
Aqui há gente que se ama. De verdade!
Matam-me a esperança. Mas eu tenho o resto e o resto é inteiro! É TUDO! Só tenho é que fechar a porta.

Se oiço  "macro-económico" ou "material de suporte" mais alguma vez nos próximos tempos, grito!




quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Para a gente pró-bastonada

Mandem-me um email com a vossa morada que eu entrego aos agentes da autoridade que ontem se portaram tão bem. Assim, antes de cada manifestação, eles batem-vos à porta, partem-vos a cabeça ou uma perninha e depois irão, com certeza, mais calmos para as escadarias de São Bento.
Aí, já que são tão bem ensinados, podem neutralizar a "meia-dúzia de profissionais da agitação" e não varrer a rua de manifestantes pacíficos, espancando-os, perseguindo-os, espalhando o pânico e o caos.
Os relatos de quem lá esteve são impressionantes. As mentiras do Ministro Macedo também.
Como diz a minha querida lolita rosa, da próxima seremos muitos mais!
E vocês que defendem as bastonadas em crianças, idosos, gente em cadeiras de rodas, grávidas, enfim, no povo, ide para o caralho (ou mandem-me um email com as informações que vos pedi!).

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Cara Jonet


Nunca na vida me passou pela cabeça ter que lhe escrever, mas depois de ler tantos comentários a uma intervenção sua num canal de televisão, achei por bem perder a minha meia hora de almoço a ver o vídeo, para me inteirar da situação.
A seguir, assinei com todo o prazer a petição a exigir a sua demissão.
Vamos por partes. Primeiro, nunca conheci ninguém que vivesse acima das suas possibilidades. E olhe que conheço muita gente! Conheço gente que aqui há uns tempos, com o dinheiro que ganhava honestamente, ia ao cinema, ao teatro, a concertos, ia viajar pelos quatro cantos do mundo, ia jantar fora. Uns compraram um portátil. Ou um ipad ou ipod. Também podiam ir tirar radiografias ou tratar das cáries, sem que isso lhes tirasse o bife do prato, ao jantar. Compravam livros e faziam planos para ter filhos, porque viviam consoante as suas possibilidades e, com alguns ajustes, podiam pagar uma creche e um pediatra. Sem roubar nada a ninguém, sem chular ninguém, sem pedir emprestado a ninguém. Com o suor do seu trabalho, lutaram para tentar conquistar os seus sonhos, sejam eles ter filhos ou ter uma televisão de ecrã plano, do tamanho da minha casa. E quem somos nós para julgar?
Segunda questão. A do concerto de rock e as radiografias. Tenho que lhe agradecer por me fazer rir a alto e bom som, ao mesmo tempo que punha a mão na testa e ia murmurando um "eu não acredito nisto!". Então agora é crime ir a concertos? É por ser rock? Se for heavy metal, já é bem visto? Não percebi e não quero acreditar que tenha insinuado que temos que ficar fechados em casa a curtir a depressão da crise. Se calhar quer é proteger-nos, não vá o diabo tecê-las, levar com alguém em cima num moche e ser preciso dinheiro para uma radiografia ao pé torcido, é isso? Pois tenho que informá-la que enquanto vivi com os meus pais, paguei os estudos e algumas despesas da casa com o pouco dinheiro que sobrava. E só não saí do ninho mais cedo, porque precisei de vários exames médicos e tratamentos e sim, realmente era a minha mãe que os pagava. Porque eu não tinha. Às vezes também ia a concertos comigo. Foi ela quem me ensinou como o rock é bom! Foi com essa grande mulher que aprendi também que os cuidados de saúde devem ser gratuitos, porque é mesmo para isso que pagamos impostos. Para que as coisas essenciais não faltem a ninguém.
Terceira questão. A miséria. Não há miséria em Portugal. Não há gente a procurar comida no lixo. Não há gente que come goody (abençoada marca branca do lidl, que o nestum está caro e eu não posso viver acima das minhas possibilidades), para que os filhos possam comer uma refeição de carne ou peixe. E isso não é de louvar. É o que o nosso instinto de mães e pais nos ensina. Que temos que proteger as nossas crianças e fazer com que nunca lhes falte nada, custe o que custar. Mas é triste que tenhamos que chegar a este ponto. É triste que tenhamos que sobreviver em vez de viver. A minha filha, senhora Jonet, tem 5 anos. E dava-lhe cá um baile sobre este assunto.
Quarta questão. Não devia a senhora lutar por erradicar a fome em Portugal, denunciar os casos miseráveis de que tem, com certeza, conhecimento e não andar a gabar-se por andar a alimentar pieguinhas que gostavam de comer bifes todos os dias?
Quinta questão. É preciso ir a sua casa dar uma lição a si e aos seus sobre bons comportamentos ambientais? E de como a defesa do meio ambiente nos torna melhores pessoas? Pelos menos, activas, atentas e preocupadas?
Resumindo, a senhora é uma ursa. Tem a sensibilidade de um pionés e a noção da realidade de um grão de areia.
Realmente fico uma jóia de pessoa quando cagam sentenças sobre como devo gerir as minhas finanças, como devo engolir o roubo de que sou alvo por parte deste (des)governo corrupto e sobre o que devo comer ao jantar.

sobre a greve de amanhã

costumo escrever sempre um texto de apelo à greve. desta vez deixo as palavras de um poeta meu.

RIFÃO QUOTIDIANO

Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia

chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a

é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece

 
Mário Henrique-Leiria
 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Esta dívida não é nossa!


Foi esta casa que me acolheu quando a minha mãe morreu. Foi aqui que recuperei de grandes perdas e me ergui novamente. Foi aqui que a Laura nasceu, sorriu pela primeira vez, comeu a primeira papa e a primeira sopa, a primeira bolacha maria, disse as primeiras palavras e aprendeu o que é o amor. Foi aqui que começámos, com estantes feitas de pedras da calçada e um quintal cheio de lixo e ratazanas.

Não me quero separar do jacarandá que plantámos para celebrar 1 ano de vida da nossa menina. Nem do baloiço preso no ramo da árvore que nos cobre o céu. Nem da chuva que cai dentro da marquise. Nem do chão arranhado pela Essi, de cada vez que os senhores da Dica da semana nos tocam à campaínha, ou a Ísis - a cadela do andar de cima - desce as escadas.
Amo de cada polaroid descolada da parede da entrada. Amo cada azulejo partido e que a Laura com a ponta do pé, vai arrumando, como uma peça de um puzzle. Gosto da luz que entra pelo quarto e de ver a chuva a lavar as ruas, deitada na cama. Gosto dos tectos altos e do cheiro a baunilha. Gosto de cada falha nos vidros com vista para o quintal.

Não estou disposta a abdicar disto! A deixar a casa onde a minha filha me diz tantas vezes "sou tão feliz aqui!".

Não estou disposta a trocar o peixe da minha filha por nestum, nem a sua felicidade, por causa de uma dívida que não é a minha. Recuso-me a alimentar estes abutres e a viver das suas caridadezinhas!

Agora que já despejei aqui a minha pieguice, este orçamento de estado parece uma anedota. O governo PSD/CDS e o PS como oposição é outra anedota. Porque é demasiado ridículo para ser verdade. É demasiado triste! Tirarem as migalhas a quem já nem um papo-seco tinha em condições é demasiado cruel. É demasiado violento.

Alimentação, habitação, saúde e educação não é um favor que o Estado nos faz. É um direito nosso e do qual não devemos nem podemos abdicar!

O meu GRITO é a minha GREVE!

Por mim, por ti, pelos nossos filhos, pais, avós, irmãos, cães, gatos, piriquitos, vamos parar o país dia 14! E esta austeridade que só leva à miséria!



quarta-feira, 7 de novembro de 2012

domingo, 4 de novembro de 2012

The Color Run

Eu não sou grande adepta de corridas, mas esta parece diferente! São 5 km de alegria e cor. Os únicos requisitos são uma t-shirt branca e boa disposição. Não é a cara das lolitas. Quem alinha comigo?

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

My favorite show

Laura consegue convencer o pai a comprar castanhas assadas.
Lindas, daquelas que a casca sai com um pequeno apertão, amareladas, com os cantos queimados.
Pai, com todo o jeitinho do mundo, descasca a primeira castanha. 
Ela, com ar desconfiado dá uma trinca e diz:
- Não é assim!
- Não é assim o quê?
- Oh pai, tiraste-lhe o pelinho! Isso não se faz! Eu gosto do pelinho!
Pai descasca outra castanha e, com todo o jeitinho do mundo, deixa ficar o pelinho.
Laura agarra na castanha e o pelinho cai.
Pai come a segunda castanha.
- Não tires isso!
- Não tiro isso o quê, Laura?
- A casca! Não se tira a casca às castanhas! Eu como castanhas com casca na escola!
- Oh Laura, não se come com casca, está suja de carvão, sabe mal! Vai parecer que estás a comer uma pinha!
- Dá cá!
E ZUMBA! Deu uma trinca na casca! Ainda deu uma mastigadela, baixou a cabeça lentamente e cuspiu a casca! Pfft Pfft!
Pai acaba de descascar a terceira castanha e come-a.
A quarta castanha serviu para limpar os dentes de carvão e de casca.
As restantes estavam pacientemente à minha espera!
E estes dois também! Existe lá coisa mais boa no universo!






Sandra salva as lolitas

A sandra diz em pleno domingo pós brunch de lolitas: não vos quero assustar mas está ali uma baratinha. A vera salta para cima do banco, eu mantenho-me em negação no corredor, a vera bloqueia o momento. A sandra com muita calma lança o dinossauro pela janela. Pergunta: de onde virão elas? Resposta: não quero saber.


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

São coisas...

(Para todas as lolitas que a determinada altura só querem paz)

Quando as palavras não chegam para dizer o que sentimos e o que queremos dizer, resta-nos roubar as palavras dos outros.

Esta é uma música muito especial para mim. Sei que está datada dentro da minha história, mas ao ouvi-la quase que relembro o sentimento que sentia na altura e os amigos que a partilharam comigo (sus cá está e é nossa). E há uma força muito grande que retiro desta música...

 

São coisas
Eu estou bem
Quase tão bem
Vê como é bom voltar a dizer



sábado, 20 de outubro de 2012

Homenagem ao homem que me faz sentir sempre uma criança...

Gigões e Anantes



Gigões são anantes muito grandes.
Anantes são gigões muito pequenos.
Os gigões diferem dos anantes:
uns são um bocado mais, outros um bocado menos.

Era uma vez um gigão tão grande, tão grande,
que não cabia. - Em quê? - O gigão era tão grande
que nem se sabia em que é que ele não cabia!
Mas havia um anante ainda maior que o gigão
e esse então nem se sabia se cabia ou não!

Só havia uma maneira de os distinguir:
era chegar ao pé deles e perguntar.
Mas eram tão grandes que não se podia lá chegar!
E nunca se sabia se estavam a mentir!

Então a Ana, como não podia
resolver o problema, inventou uma solução:
xixanava com eles e o que ficava
xubiante ou ximbipante era o gigão,
e o anante o que fingia que não.

A teoria nunca falhava porque era toda
com palavras que só a Ana sabia.
E como eram palavras de toda a confiança
só queriam dizer o que a Ana queria.

in "O Têpluquê e Outras Histórias" de Manuel António Pina

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Mais um caso selvático de maus tratos vindos de uma escola

Via Artigo 21º


À atenção da Escola EB1/JI S. José - Agrupamento Baixa Chiado
-
Lei nº 51/2012 de 05-09-2012
CAPÍTULO III - Direitos e deveres do aluno
SECÇÃO I - Direitos do aluno
----------
Artigo 7.º - Direitos do aluno
1 - O aluno tem direito a:
a) Ser tratado com respeito e correção por qualquer membro da comunidade educativa, não podendo, em caso algum, ser discriminado em razão da origem étnica, saúde, sexo, orientação sexual, idade, identidade de género, condição económica, cultural ou social ou convicções políticas, ideológicas, filosóficas ou religiosas



"hoje não choro por mim, mas pela Tecas... pelo País que maltrata as nossas crianças, que lhes rouba os direitos como seres humanos ... a minha filha almoça na rua desde o inicio do ano lectivo (14/09/2012)... hoje porque chovia deram-lhe POR FAVOR a oportunidade de almoçar no átrio da escola, em pé com a marmita na mão... quem são os filhos da puta que se sentem no direito de tratar a MINHA FILHA ASSIM TAL COMO A OUTRAS TANTAS CRIANÇAS, PORQUE POR RAZÕES DIVERSAS OPTARAM POR LEVAR O ALMOÇO DE CASA..."


Vergonhoso, triste, revoltante. Mais uma vez, demissão para a Direcção da escola e processos disciplinares a quem sabia e nada fez para denunciar o caso.

Qual é a desculpa agora? A menina não cabia dentro da escola, se calhar. E não passou frio porque lhe deram uma mantinha.

Mas está tudo doido???!!!

Afinal a dívida da criança de 5 anos que almoçou pão

era de 0.73 cêntimos! Até podia ser de 73476575482 euros. O que a directora fez não se faz a ninguém.
A mãe, como eu sempre achei, só não foi buscar a menina à hora de almoço, porque trabalha.
Mas mesmo que não trabalhasse. A escola deve zelar pelos interesses dos seus alunos. E não o fez. Muito pelo contrário. Não os acolheu, não os alimentou. Mandou-os ir almoçar a casa, quando muito provavelmente não têm comida em casa.
Também não se separam crianças umas das outras, pondo uma menina numa sala a almoçar leite e pão, enquanto os colegas estão no refeitório! Em circunstância alguma!
A directora foi irresponsável, foi uma besta.
Continuo a defender que deve ser imediatamente demitida, alvo de um processo disciplinar e ficar proibida de exercer qualquer tipo de função que envolva crianças... até vou mais longe. qualquer tipo de função que envolva seres humanos ou animais. Esta mulher não é digna de conviver com ninguém que tenha coração.


E para terminar, quero lá saber se o Correio da Manhã se enganou na escola ou não. Se é sensacionalista ou não. Denunciou o caso. Alertou-nos! E é isso o mais importante! Defendermos as nossas crianças de maus tratos e abusos. Quando não o conseguimos evitar, ao menos que os casos sejam denunciados! Para aprendermos e para não nos esquecermos da dura realidade que estamos a viver e que não poupa os nossos filhos! Para podermos actuar em conformidade! Neste caso, a escola não protegeu nem a menina nem os meninos que enviou para casa. Têm que ser apuradas responsabilidades e já!

O contexto:

http://lolitar.blogspot.pt/2012/10/sobre-menina-que-passou-fome-num-jardim.html

http://lolitar.blogspot.pt/2012/10/vamos-la-por-os-pontos-nos-is.html

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O meu círculo

  • Comer xarope de cenoura quando estou com tosse
  • Ouvir os galos de manhã (e às vezes à noite)
  • Roçar os pés, um no outro até adormecer
  • O cheiro dos lençóis lavados
  • Passear o meu caderno de rascunhos na mala (pode ser que um dia lhe escreva)
  • Ouvir a música do 007 e sentir-me uma agente secreta
  • Cantar alto no carro
  • O cheiro do meu braço
  • Encostar os pés e discutir os lençóis e edredon
  • Olhar para as pessoas do 767 e ouvir conversas
  • Acenar quando estou nos aeroportos ou gares de comboio e fingir uma história
  • O sorriso das minhas crianças, as suas macaquices e a forma como me dão a volta
  • A forma desprendida como o Pigó me trata e os abraços apertados
  • Fazer monstros
  • Pão com manteiga e açucar
  • Chocolate milka com oreos
  • O cheiro do F. que fica no meu cabelo
  • O meu curso e o que quero ser quando for mais crescida
  • A minha família 
  • As minhas amigas que adoro do fundo do coração
  • O ataque do marisco e o camarada camarão
  • Jogos novos de hidden objects
  • Ler ao sol no Torel
  • A chuva no vidro
  • Capela de S. Jerónimo

Círculo da felicidade da Vera


  • A Laura. Foi concebida com o maior amor do mundo e não existe alegria maior no universo. Tenho orgulho nesta miúda daqui até à lua;
  • O meu companheiro. O meu namorado. O meu melhor amigo e confidente. O pai da minha filha;
  • As minhas 4 patas. Tudo o que elas viveram comigo e todos os miminhos que me dão;
  • My home sweet home;
  • As lolitas da minha vida. Que aturam as minhas birras, os meus amuos e me seguram sempre para não cair. O meu porto-de-abrigo.
  • A chuva a cair e eu quentinha, na cama acabada de fazer, com lençóis bem cheirosos e dois edredons;
  • Bebericar chá em frente à lareira que não tenho;
  • Descobrir as formas das nuvens;
  • Bolas de sabão;
  • Estar rodeada das pessoas mais bonitas do planeta;
  • Acordar sem despertador;
  • A estante da minha sala;
  • O meu quintal, com o jacarandá, as rosas fluorescentes, o baloiço e as jantaradas nas noites de verão;
  • Algodão doce, com direito a boca e a dentes peganhentos;
  • O meu trabalho - sim, é verdade, adoro o meu trabalho;
  • Praia, água salgada, areia, conchas e sol;
  • Música nas viagens de autocarro, música nas lides da casa, música sempre!
  • Ir a concertos, daqueles concertos únicos em que a música acaba, mas saímos a dançar;
  • Ver flores a desabrochar, sabendo que fiz parte do processo;
  • O cheiro a castanhas assadas, a baunilha e a hortelã;
  • Ver a minha filha dormir;
  • O natal;
  • Café, café, café;
  • Vestidos de verão e retalhos que provavelmente nunca serão nada;
  • Sair do trabalho à sexta-feira e telefonar à Raquel;
  • Desmontar o sofá-cama do palácio da Rosa e o do Graça;
  • Preparar as festas de aniversário dos outros;
  • Cumprir o que a minha mãe me ensinou;
  • Passar noites a jogar jogos até o sol ameaçar nascer;
  • Tirar fotografias, adoro tirar fotografias;
  • Gostar como gosto das pessoas que gosto;
  • Pessoas que me fazem rir;
  • Saber que um dia - e está cada vez mais próximo - este governo cai e o povo vai voltar a viver;
  • Escrever sobre o meu círculo da felicidade e começar a travar. Porque há tanta coisa que me faz feliz, que me preenche que não cabe no meu coração, quanto mais num blog.

círculo de felicidade da rosa

- ver a chuva a regar as plantas da minha mini varanda esticada no sofá
- apanhar o barco para o samouco a ouvir música e a ler a LER
- receber livros comprados pela Internet na mesa do escritório quando chego
- contar segredos às minhas crianças e ter a certeza que não vão contar a ninguém
- ouvir o "falcon"
- adormecer no sofá
- fazer jantares gourmet para um único amigo, um a um
- comer leite condensado da lata
- adormecer a luísa com festinhas nas costas a cantar "as três irmazinhas" versão da minha mãe
- beber moscatel na mesa da diana antes do filme do cineclube
- sentar-me no sofá pequeno da minha mãe com uma manta antes da hora de irmos para o cinema
- falar de coisas estúpidas com o ricardo até termos de repente uma ideia que aparentemente vai mudar a nossa vida
- sentar-me numa esplanada a ler livros e tirar notas e planear o meu próximo curso
- carimbar um livro novo com o carimbo rosa-peixe
- enrolar-me numa manta sozinha no sofá a comer batatas fritas a ver séries que vi mil vezes
- escrever textos no rosapeixe
- tocar chopin com a casa em silêncio
- escrever cartas
- ter uma visita surpresa
- fazer surpresas
- comprar prendas
- receber amor 
- estar no sofá da vera a falar do mundo inteiro
- pegar em gatos bebés ao colo
- conversar com a laura como se ela tivesse a minha idade
- enganar crianças a dizer-lhes que sei tudo do mundo todo ou que existem lobisomens. em geral, mentir aos miúdos e perceber que eles me têm em grande conta
- ir buscar família ao aeroporto
- comer ovos kinder
- ver fotografias antigas
- receber abraços (gosto tanto de abraços)
- viajar - seja à tailândia seja ao lizandro
- planear viagens
- esquecer-me do tempo
- esquecer-me do telemóvel
- a solidão que sei escolher
- escrever o círculo da felicidade e ver que cada vez que o faço há coisas diferentes




Círculo da Felicidade

as lolitas não escrevem assim muitas vezes neste blog e por isso desta vez vão escrever todas.
acho que andamos a precisar do círculo da felicidade:

"Todas as pessoas, pequenas e grandes, têm um círculo da felicidade. O círculo da felicidade é o sítio onde nós nos sentimos mais quentinhos e confortáveis, felizes e sem vontade de ir embora. No círculo da felicidade estão as coisas de que mais gostamos.
O círculo da felicidade não se vê mas nós podemos desenhá-lo à nossa volta. E depois de o desenhar vamos pensar quais são as coisas que nos fazem felizes, felizes, felizes e pô-las todas juntinhas lá dentro.
Podemos lá pôr muitas coisas, tudo aquilo que nos faz comichão no coração de tão bom que é.
Quando tiveres o teu círculo da felicidade usa-o muitas vezes, todos os dias, para que todos os teus dias sejam dias de sol."

isto é para as crianças mas é meeeeesmo bom para nós.

'bora lá?

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Vamos lá pôr os pontos nos is

Surgiu esta manhã a "defesa" da directora Conceição Bernardes, que podem ler aqui http://www.esla.edu.pt/joomla17/images/comunicacaoescolafamilian5.pdf.

Ora tal episódio não tem defesa possível! Se há encarregados de educação que não conseguem suportar os custos com a alimentação das suas crianças, é DEVER da escola denunciar os casos e ajudar no que for preciso!

Ao Correio da Manhã a directora diz que já tinha avisado os pais e que todos vieram buscar as suas crianças antes do almoço. Para mim, mandar crianças para casa com fome é crime! Ora se os pais não têm dinheiro para pagar as refeições na escola, vão ter dinheiro para lhes dar refeições cá fora??!! Quando é mais do que sabido, que com a miséria que este governo nos trouxe, há cada vez mais casos de miúdos que a única refeição que fazem é na escola??!!

A única criança que ficou na escola, cujos pais tinham uma dívida de 30 euros, neste desmentido, comeu o reforço e anteciparam-lhe o lanche. Ora o reforço no jardim de infância que a minha filha frequenta é um pacote de leite. Dou a mão à palmatória: no outro onde andou o reforço era pão com manteiga e fruta. Mesmo que fosse um reforço dos melhores que há, pão com manteiga, fruta e leite não é um almoço para uma criança. Para uma cidadã do mundo com 5 anos.

Todos nós merecemos uma vida digna! E o que aconteceu aqui, foi tudo menos digno! Foi selvático!

Por isso, senhora Conceição Bernardes, tenha vergonha na cara e demita-se!

Tenho dito!

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Que a fada dos dentes traga uma moedinha

e se não for pedir muito, uma bolsa de estudo também, para ver se a piolha chega a ir para a universidade).
Parabéns menina linda da mãe. Estás tão grande!


Quando eram crianças também receberam a visita da fada dos dentes e ganharam uma moedinha?
Diz-me a desdentada-mor que uma amiguinha da escola foi presenteada com um gato em peluche todo xpto... é indecente quebrar tradições tão antigas, ainda por cima quando os dentes caiem sem avisar e uma mãe nem tempo tem para pensar no assunto!

Sobre a menina que passou fome num jardim de infância

Imaginem uma menina com 5 anos. Imaginem que os pais dessa menina têm uma dívida de 30 euros ao Jardim de Infância - até julgo que será à Câmara Municipal de Loulé, uma vez que deverá ser a entidade responsável por fornecer a alimentação às escolas públicas. Imaginem que a directora da escola não deixa a menina comer, não deixa que uma funcionária pague o almoço à criança e ainda a obriga a ficar sentada enquanto os colegas comem. E o que é que isso vos faz sentir?
A mim faz-me sentir um vazio imenso no peito. Uma dor. Uma náusea brutal. É inqualificável!
Com situações destas não me apetece ser politicamente correcta e este blog é suposto servir para despejarmos aqui o que nos vai na alma. Pois que a minha veia de mãe me diz que deveria ir até Loulé conhecer aquela cabra daquela directora e ter uma conversinha com ela.
A minha alma de cidadã diz-me que esta mulher deve ser imediatamente demitida, deve ser alvo de um processo disciplinar e deve ser proibida para todo o sempre de exercer qualquer função relacionada com crianças e educação. E vou mais longe. Toda a comunidade escolar que sabia do caso, ficou a assistir e nada fez, também deveriam ter o mesmo tratamento. TODOS! Porque é CRIME! É imoral! É cruel! E acima de tudo é desumano!

É favor assinarem a petição a exigir o despedimento da dita directora: http://peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2012N30471

Vergonhosa é também o silêncio do Ministério da Educação, perante um caso de tamanha gravidade!
É favor denunciarem todos os casos de que tenham conhecimento. Se casos destes não vos chamam a atenção, lembrem-se que amanhã poderão ser os vossos filhos a passar fome.



Lá em baixo...


Por todos os dias em que andámos desencontrados e por todos aqueles que lutam e ao lutar vêem o mundo a andar para a frente!

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

E é com estas palavras tão profundas

que os leitores e leitoras chegam até ao blog das lolitas!


Até que a voz nos doa e mais além!

Já chega! Este governo e estas políticas troikistas têm que cair! Isto não é vida para ninguém. Estão-nos a tentar matar aos poucos. A destruir tudo o que construímos. Já passamos fome, já não nos aquecemos no inverno, já não conseguimos pagar as nossas casas. É tortura. É fascismo!
Porque pelos vistos não nos ouviram no dia 15, voltamos à carga! É fazer barulho até derrubarmos esta gente que nos desgoverna. É já sábado. Por todo o país! Porque não tive uma filha para não a conseguir sustentar.


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

desta vez não há qualquer desculpa, vamos parar este país

14 de Novembro
Greve Geral

Vou aprender kung-fu

Um dos dias mais stressantes do mês é aquele dia em que tenho que levantar o dinheiro para pagar o ATL da escola da L. Levanto o dinheiro, olho em volta, com ar desconfiado e ameaçador. Faço cara de cão que ladra e morde. É que se me levam este dinheiro, não há mais. É por isso que é dos dias que mais arritmias tenho.
No outro dia, dei por mim, em modo família feliz, em casa da I., com a B., o R e a L., todos enroscados no sofá a ver o karaté kid. Se eu soubesse Kung-fu, iria certamente sentir-me mais segura e os dias de levantar dinheiro não seria tão tortuoso.
Agora preciso é de descortinar onde é que vou arranjar dinheiro para pagar as aulas de kung-fu... ou uma qualquer arte marcial que tire aqueles ladrões do nosso governo para podermos voltar às nossas vidas. A revolução é uma arte marcial? Sinto que é a única coisa capaz de me fazer sentir segura...






segunda-feira, 1 de outubro de 2012


este fim de semana

às vezes precisamos de abrir as nossas palas uns centímetros para o lado e perceber que o mundo é maior do que o nosso quintal. este fim de semana ao passar por 35km de quintais, ao assistir ao momento da morte de um bicho do coração da minha amiga do coração e reflectir com ela sobre isso enquanto a tristeza e o cansaço tomavam conta dela durante três minutos, ao passar debaixo do sol a reflectir em 35km da nossa vida percebi que muitos dos meus vazios estão na voz de amigas que vejo pouco e que antes de dormir sussurram "espero que estejas mesmo bem..." segundos antes de adormecer. fui muito feliz durante umas horas.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Uma pieguice pegada


Hoje estou piegas... Porque não segui o conselho para emigrar, porque nem dinheiro para apanhar o barco para Cacilhas tinha. Porque tenho amigos desempregados, assustados, apavorados e desiludidos e isso faz-me doer o coração. Porque há gente que vem para a praça pública dizer as maiores barbaridades sobre o SNS ("morre que és despesa") e não leva dois estalos na fuça. E mais um pontapé no rabo. Ou dois. Ou três. E porque não é demitido. E obrigado a emigrar para a Antártida. E ser comido por bichos que lá habitem.
Ando piegas porque andamos a adiar as nossas vidas. Ando piegas porque queria ter uma catrefada de filhos e não os posso ter porque não os iria conseguir sustentar. Nem vendendo a minha querida estante do IKEA, que custou 129 euros e nos levou meses e meses a fio de planeamento e tentativa de poupanças. Já nem tenho vontade de lhe limpar o pó. Foi o nosso luxo. Arrumarmos os livros, os vinis e as recordações dos nossos amigos que viajam e nos trazem lembrancinhas, numa estante. Que está agora cheia de pó. Há quem queira carros e casas e ipod e ipads (nunca percebi a diferença, um escreve-se com "o", outro com "a" - que falta de imaginação!!), eu cá queria uma estante e filhos. Já tenho uma estante e uma filha. As duas magníficas. Agora a filha também quer um mano ou uma mana. Terá que se contentar com a estante, enquanto este governo não cai.
Estou piegas porque me doem os dentes e não tenho dinheiro para ir ao dentista. E é precisamente o dente que a dentista (ai odeio-a) insistia ser deficiente porque só tinha 2 canais, e os dentes supostamente tem 3. Ou seja, não foi desvitalizado, como ela insiste que foi, porque me dói!!! E também não tenho dinheiro para a processar. Lá ando a paracetamol, que o benuron tem a caixa mais bonitinha, mas é mais caro.
Já vos disse que hoje estou piegas? Então o bunny steps não vem dizer que "Se isto vai tudo correr bem ou tudo correr mal depende da nossa vontade colectiva". Mas o homem para além de estúpido, aldrabão, mentiroso, ainda anda a gozar com as pessoas? Tem com certeza algum atraso mental e precisa de ser internado. É um perigo para a sociedade.
E para não ter que dar com a minha estante nos cornos destes putos, nascidos em berço de ouro armados em políticos, mas sem qualquer noção da realidade, fico piegas...


fim de semana com o coração

este fim de semana não vou estar cá em lisboa e por isso não vou à manifestação amanhã. com alguma / muita pena minha mas este fim de semana escolhi o coração. não vou dizer como quase instintivamente ia dizendo "egoisticamente" porque não é egoísmo. o meu coração precisa de mim. de silêncio. das amigas que eu amo e que vão passar o fim de semana comigo. preciso mesmo delas. de acordar com elas. de falar horas com elas. de andar em silêncio com elas. de me afastar dois dias para respirar um bocado. as notícias más repetem-se, os amigos estão desempregados, tristes, eu guardo as minhas amarguras e tristezas e cansaços como num cofre para tentar ter uma vida normal. estou cansada minhas lolitas. e não quero perder anos de vida. quero voltar a mim.
por isso manifestem-se por mim que eu descansao por vocês também. e para voltar a vocês mais bonita, mais pronta, com mais braços. guardo a revolta e não a esqueço. tenho as vergonhas todas que se passam dentro da cabeça o dia inteiro. por mim, vou fazer esta pausa. sentar-me com elas à beira da estrada a rir das histórias mais parvas. à chuva a pensar "porque raio escolhemos nós este fim de semana para isto?". preciso sentir outras coisas. por isso este fim de semana escolho o coração. até já.


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Quero a minha vida de volta! E a tua!


Ainda há quem ache que levar criancinhas a manifestações é um atendado contra a sua inocência e é cortar-lhes o poder que têm para sonhar.
Ora, eu penso exactamente o contrário e esta frase do Karl Mannheim é uma resposta perfeita ""O que se faz agora com as crianças é o que elas farão depois com a sociedade."
Que espécie de mãe seria eu se não explicasse o que se passa no mundo à minha filha? Explico-lhe que deve poupar água e luz, mas não lhe explico que a mãe e o pai não lhe podem dar um irmão, por muito que queiram, porque não teriam dinheiro para lhe pagae uma creche nem as vacinas contra a meningite? Explico-lhe que devemos respeitar os animais, mas não lhe explico que há gente a passar fome? Explico-lhe que devemos ser solidários e amigos do próximo, explico-lhe porque acho que devo ir às manifestações a que vou e deixo-a opinar e decidir por ela.
Pode ser perigoso. Pois muito bem, também no caminho para a escola passam ratazanas aos nossos pés e corremos o risco de sermos mordidas e apanharmos raiva. Também há carros que fazem ralis logo de manhã e não páram nos sinais vermelhos. Mas o que ela traz no coração com o que aprendeu na escola, vale a pena correr todos estes riscos. Sei bem ir a uma manifestação. Ensinaram-me bem. Conheço os sinais de alarme e sei que não vou sozinha. Levo comigo uma criança. Criança essa que se sente segura comigo e nunca teve algum tipo de medo em qualquer dos ajuntamentos a que foi.

Apesar de o sectarismo da CGTP me pôr doente, esta não é altura para amarguras. É altura de resistência, de luta e de união. Ainda para mais, o Arménio já veio dizer que esta manifestação é de todos nós.
É altura de exigirmos os nossos direitos de volta, a nossa dignidade, dos nossos filhos, dos nossos pais, de todos nós. Sábado lá estaremos!
É altura de exigir que os culpados por esta "crise" (sim, entre aspas, porque crise é só para alguns), sejam julgados pela miséria que estão a criar, pelo desemprego, pela fome. São ladrões, são fascistas, são mentirosos e merecem ser punidos por isso. E porque tenho que dar respostas à minha filha quando esta me pergunta "Se o Passos Coelho rouba as pessoas porque é que não o põem de castigo?".

Tudo o resto que tenho para dizer está aqui http://lolitar.blogspot.pt/2012/09/15-de-setembro-queremos-as-nossas-vidas.html e aqui http://lolitar.blogspot.pt/2012/04/e-o-25-de-abril-aqui-tao-perto-e-tao.html.

Depois de ver polícias a identificarem um estudante, dentro da sua própria escola por se manifestar contra o bunny steps; ver um jornalista que filmou a situação ser agredido por um segurança; mais aturar um anormal qualquer de uma comissãozeca de ética (?????) dizer barbaridades, estou arrumadíssima.
Tenho que guardar o meu fôlego e o latim para sábado!
Acordai!

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Laura vegetariana

Pergunta-me ela, olhando de esguelha para o prato:
- Oh mãe, o frango é peixe?
Limitei-me a dizer que não, já com medo do que vinha por aí.
- Não???!! Então é o quê?
- Bem... hum... é carne...
- Oh mãe, carne? Estás a dizer-me que o frango é um bicho???!!!
- Pois... é isso...
Responde-me ela com o ar mais desconfiado do mundo:
- Mas diz-me lá conheces algum bicho chamado frango? A sério! Diz lá!
- Pois, chamado frango realmente não conheço.
- Então pronto.
- Então pronto.

Uffa!!!! Ainda bem que só conheço Essis, Magalis, Pigs, Plumas, Molys, Snoopys, Pantufas, Minús e nenhum se chama frango!!!



Coisas que sei que não devia fazer


mas faço na mesma...

- Fumar - sempre que tenho que correr para apanhar o autocarro ou quando se aproxima um check-up qualquer médico, lembro-me disto;

- Perguntar ao segurança do Lidl se me quer carregar as compras, já que não pára de me seguir - o senhor está a cumprir ordens e não tem culpa de ter um trabalho que o faz andar a perseguir quem vai comprar o jantar;

- Aceitar a sugestão da Laura e saltar em cima de folhas caídas das árvores, sem antes verificar o terreno - calham-se sempre a mim, que nem galochas tenho, o raio das poças de água fria e suja de terra;

- Desligar o despertador e deixar-me ficar só mais cinco minutos - não aprendo! e depois é uma correria de manhã;

- Vestir collants no inverno, só para não dizerem que ando sempre de calças de ganga - passo o dia a coçar-me e a puxar o raio dos collants para cima;

- Não levar chapéu de chuva, mesmo quando sei que vai chover - tenho a mania que nunca me molho, o que é um autêntico mito;

- Pentear as bonecas da Laura com a minha própria escova - depois ando cheia de cabelos loiros e tão brilhantes que ofuscam qualquer pessoa, presos ao meu cabelo;

- Ignorar as polaroids que se vão descolando e caíndo no chão, só porque tenho preguiça de me baixar - qualquer dia o R. faz o mesmo e passamos a ter soalho de fotografias, em vez de madeiras;

- Negar-me a pagar para ter televisão em casa - tenho saudades de vegetar no sofá a ver séries estúpidas;

- Lavar o cabelo todos os dias - qualquer dia fico careca;

- Deixar de tocar trombone quando espirro - a Essi fica com medo de mim;

- Atirar tudo o que é papelada para dentro da mala - quero tirar o passe e sai-me a conta da electricidade;

- Comer bitoques em frente à Magali - a cadela um dia destes passa-se e ataca-me;

- Achar que as pessoas sentem que estou perto só porque penso nelas - outro mito: a telepatia;

- Stressar-me com a falta de tempo - o tempo não pára lá porque eu ando tipo barata-tonta a correr de um lado para o outro.


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

1º dia de escola

E um sorriso do tamanho do mundo. Meu e dela. Também fui trabalhar de sorriso nos lábios, peito cheio de mãe orgulhosa. E cheia de saudades daquele cheiro a moranguinho silvestre e daqueles abraços que provocam meteoritos no espaço!


Nós em viagem

no nosso ninhomóvel e começa a choviscar.
- Oh pai, liga essa coisa!
- Que coisa?
- O pára-balizas!
Nós - hahahahahhahahah!!!!!!!!!!

sábado, 22 de setembro de 2012

Será que sou uma tagarela?

Ou terei sangue de papagaio? É que nem os posts todos juntos das outras lolitas me ganham... Ou bato um record qualquer do guiness porque palro comó caraças ou as restantes lolitas que se ponham a dar aos dedos!

É que nem a desculpa da falta de temas pode ser para aqui chamado, que @s noss@s leitor@s são uns/umas querid@s e dão sempre uma ajudinha!

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Hoje perdi uma pessoa muito especial

Perdi a minha avó emprestada. Mãe do meu pai emprestado. Uma das pessoas do meu coração. Da família do coração. Estava tudo pensado para apanhar ir visitá-la amanhã com a Laura. Tudo programado. Recebi a notícia e fiquei feita barata-tonta. Toma as chaves do carro, ai não quero, afinal quero, pensando melhor não quero, vou para onde mesmo, fazer o quê mesmo, dizer o quê, tenho lenços suficientes na mala, a camisola não está passada a ferro não posso ir assim...
Ficaram coisas por dizer. Miminhos por dar. Sorrisos por trocar. Os "já tinha 90 anos" que tanto ouvi hoje em nada me tiram a tristeza. Não me secam as lágrimas. Nem me tiram este nó da garganta.
Ficam as saudades. Fica a lembrança de um arroz de pato a fingir que a Laura cozinhava nos pequenos pratos de prata e obrigava a S. a comer. As tendas feitas de lençóis 100% algodão. Os primeiros passinhos naquela sala gigante. Ficam na memória as noitadas de king e o esparregado para me saciar, grávida da Laura. Fica a quadratura do círculo e os elogios ao meu crochet. As histórias sobre Paris e Versailles nunca mais serão as mesmas. Nem a mousse de chocolate terá o mesmo sabor.
Fica o sentimento de perda e o sentimento do que quis dizer e não disse.
Porque dói. Quando se ama, dói. Sejam noventa anos, cem ou mil.
Ainda ali fiquei umas boas horas a observá-la, na esperança de algum sopro lhe sair pela boca. Podia ser uma partidinha, só. Como acontece nos filmes. Nunca tinha ficado assim tanto tempo. Primeiro, passei timidamente e olhei de esguelha. Depois ganhei coragem e olhei. Vi e tornei a olhar. E ali fiquei, como que hipnotizada, em silêncio, a desejar que ninguém me dirigisse a palavra.
Fica a angústia de acordar a meio da noite e não estar lá ninguém.
Nunca tive jeito para perder pessoas. E acho que é um jeito que nunca vou conseguir aprender...


terça-feira, 18 de setembro de 2012

Fronteiras (obrigada oh sandrinha!!)

Há vários tipos de fronteiras. Há as fronteiras geográficas e eu sou péssima a geografia. Mas assim mesmo péssima. De tal modo que nunca escolho o azul no trivial. Eu percebo que seja uma maneira de organizar os continentes, países, cidades, juntas... mas eu gosto de me ver como cidadã do mundo. Sem fronteiras.
E adoro jogar trivial. Fico-me é pelo cor de rosa e pelo castanho e faço figas para que não me saia uma pergunta sobre golf ou sobre o mundial de futebol no cor de laranja. Só sei que o o do México que foi em 86 - México 86 lá lá lá lá!
Gosto de jogar twister, mas com a rosa que inventa órgãos até ficar nas posições mais estrambólicas que possam imaginar.
Ainda cheguei a ter as pulgas da cama - devem existir pulgas na cama de gente de todo o mundo - mas a raça das pulgas saltavam do tabuleiro e ninguém as apanhava. Nunca tive foi a operação...
E o jogo dos países. Ai o jogo dos países. Adoro jogar aos países, apesar das linhas que vão ficando cada vez mais tortas, à medida que se vai avançando nas letras. Mas lá está, falta-me sempre algum país ou cidade para gritar "stoooooooop".
Não posso deixar de referir o jogo dos coelhinhos na wii. Eles também passeiam pelos continentes - deve poder contar como uma aula de geografia.
Os jogos de cartas também devem ser jogos do mundo... a sueca, a espadinha, o king, o poker...
E que saudades tenho eu dos matraquilhos! E de noites de jogos!
Jogar jogos é linguagem universal! Sem fronteiras!


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

15 de Setembro! Queremos as nossas vidas!!!


Porque já chega! Porque não posso tolerar mais isto!
Eu quero pagar impostos para ter um sistema de saúde decente, para que a minha filha possa ter uma educação decente, para pagar subsídios de desemprego, RSIs, abonos, reformas, para fomentar a cultura e não para alimentar governos atrás de governos corruptos, autoritários, sem qualquer noção da realidade.
Ninguém come submarinos ao pequeno almoço, mas este governo faz questão de nos comer as refeições todas. Desde quando se gera alguma coisa de bom com taxas de desemprego assustadoras, com a cultura barrada, com uma data de putos mimados a viverem acima das nossas possibilidades e a injectarem o nosso dinheiro na banca? A torturaram quem está doente, ao diminuírem o valor das baixas médicas. A gozarem com os professores e com as nossas crianças, com multas para alunos faltosos e com a miséria que vivemos, distribuindo pequenos almoços pelas cantinas - em vez de dignificarem de uma vez por todas a profissão, em vez de averiguarem a razão das faltas e de darem condições às famílias para que comam em casa, à mesa. A vergonha dos empréstimos para compra de casa. Ora uma pessoa perde a casa porque não a consegue pagar e ainda fica uma vida inteira a pagá-la??? Tirar subsídios a reformados??? Mas esta gente não está boa da cabeça. A quem trabalhou uma vida inteiraaaaa!!!

Quantos sonhos, quantas vidas já vi serem destruídos a troco de uma troika mágica que nos vai salvar. Mas salvar do quê? A quem? Ao povo não é de certeza! Vão salvar quem teve que abandonar tudo e já emigrou? Vão salvar quem já desistiu de ter filhos, porque neste país é quase crime ter filhos! Vão salvar quem investiu tudo nos estudos e acabou no desemprego? Vão salvar os jovens que nem dinheiro para estudar têm? E se ser piegas é viver isto, então eu sou piegas. É que sou mesmo muito piegas! E este governo é sádico e parece uma anedota. Ou um filme de terror.

Não têm vergonha na cara? É que eu tenho vergonha de viver uma vida assim, com medo. Com medo que o dinheiro não chegue (e caraças, nunca chega!!!) ao fim do mês, medo que a L. adoeça e tenha que pedir baixa, medo de ligar o aquecedor no inverno, não vá a conta disparar, medo de lhe prometer uma ida ao jardim zoológico, não vá a nossa cadela precisar de mais algum tratamento. Tenho vergonha não é de ter não ter dinheiro! Tenho vergonha de estar a ser roubada descaradamente! Tenho vergonha de imaginar que alguém elegeu estes animais para nos desgovernar.

Já aqui escrevi e volto a escrever: ou estão comigo ou estão contra mim.
Porque estarem comigo é desejarem (e exigirem) aquilo a que têm direito. Não é ficarem de rabo sentado no sofá nem ir apanhar sol para a praia porque até está calor. Não é atacarem quem recebe o RSI, porque meus caros, obviamente que nenhum país fica na falência por causa disso. Não é tentarem denegrir a imagem de quem se manifesta, como tenho assistido (horrorizada) em redes sociais, como "gente que não quer trabalhar", ou que só "gosta de festarolas", porque quem se manifesta são Pessoas. Como eu e tu. Pessoas! Mais ou menos preguiçosos, mais ou menos piegas, mais ou menos felizes, são Pessoas que estão a ser saqueadas e que estão muito, mesmo muito indignadas!

A vida que prometo à minha filha, todos os sonhos cor de rosa que lhe prometo, não vão ser estes porcos fascistas e oportunistas que lhos vão tirar!
Apesar dos cinco aninhos, ela não é cega. E sabe que tem coleguinhas a passar fome.Faz algum sentido darmos-lhe lições sobre amor, sobre solidariedade, sobre paz, sobre a liberdade para recuarmos décadas e mais décadas de direitos que conquistámos???!!!
E se vocês consentem, caladinhos e contentes com a vossa vidinha de merda, indiferentes ao que se passa à vossa volta, então são também porcos fascistas, que não vêm a miséria que se está a gerar e terei que usar uma expressão da Ângela Crespo "Vão-se foder!!!"!

Que raio de mulher, de mãe, de companheira, de lolita, de amiga, de irmã seria eu se não fosse para a rua dia 15 de Setembro exigir que os (des)governantes que nos tentam tirar tudo de modo selvático, sejam responsabilizados criminalmente.

Para não me alongar mais, só me resta agradecer a quem sai à rua e grita até que a voz lhe doa, para depois continuar a gritar! O meu agradecimento por me fazerem acreditar que o povo unido jamais será vencido. Sei que junt@s conseguiremos uma sociedade justa e equilibrada.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

sobre o 15 de Setembro

dia 15 de Setembro vamos todos para a rua. já não há mais desculpas. é um sábado, ao final do dia. primeira razão para que não haja desculpas de pessoas que não podem / não querem faltar ao trabalho por mais uma greve com sentido supostamente questionável. agora não, agora temos todos de sair à rua. não interessa se somos de esquerda ou de direita. se costumamos ou não costumamos ir a manifestações. aliás nem interessa se votamos neste governo ou se nos dia das eleições não fomos votar. apesar de apelar sempre e incondicionalmente ao voto, mesmo que não votemos em ninguém, acredito que a abstenção é também um sinal de descontentamento. que não leva a lado nenhum, é certo, mas uma marca de desânimo.

a diferença desta manifestações para as anteriores é que o que se está a passar está infiltrado na nossa vida. daí fazer todo o sentido que esta manifestação se chame "queremos as nossas vidas". porque as pessoas andam tristes. mais tristes, desanimadas. de repente o que antes era uma mera questão política começou a entrar na nossa vida, na nossa forma de estar, nas razões que nos fazem custar acordar de manhã. aliás, minto. isto não acontece a toda a gente. acontece às "minhas pessoas", quase a todas. porque há uma classe privilegiada que não está a sofrer o mesmo que nós. porque se a mim me tiram mais 7% para uma segurança social esclerosada noto a diferença em cada um dos meus dias. se a quem ganha milhares por mês lhes for tirada a mesma percentagem o estrago é menor. portanto não me venham falar de que todos temos de sofrer os cortes. como dizia josé gil só existem três classes hoje em dia: desesperados, ameaçados e privilegiados. mas claro que não posso deixar de referir que bonito é ver que mesmo os privilegiados saem também à rua em defesa dos que não o são. porque, vou afirmar mais uma vez, isto não é só sobre nós. isto é sobre o país onde (ainda) vivemos. sobre as crianças que vêm aí. de repente, não sei se repararam, mas começámos a viver num país sub-desenvolvido. onde as crianças não têm direito a tratamento individual nas escolas onde o sistema de saúde roça o terceiro-mundismo. onde se tira dinheiro a quem não tem, onde quem tem pouco paga pelos que têm muito. onde as empresas são beneficiadas na esperança de um dia darem trabalho mas quem tem ordenados miseráveis vê o seu rendimento mensal cortado, logo o consumo diminui e a economia colapsa. onde, e a cima de tudo, quem tem dinheiro safa-se, quem não o tem trama-se. a todos os níveis, saúde, educação.


por fim gostava de referir uma última questão. tenho um bom trabalho, um contrato sem termo (se bem que hoje em dia isso não vale quase nada) e um ordenado razoável. no entanto o que esse ordenado razoável me permite é ter uma casa sozinha numas águas furtadas nos Poiais de São Bento, contas e comida, umas garrafas de vinho para se tiver visitas, comprar 2 a 4 livros por mês, 1 a 2 jantares fora por mês, telemóvel e gasolina e, às vezes, uma prenda de aniversário ou outra extravagância do género. não podemos entrar em miserabilismos. eu não me quero ter de defender com o "eu também ganho pouco" e ser acusada de ser gastadora por quem ganha o ordenado mínimo. a grande diferença entre mim e quem ganha esses ordenados vergonhosos e que eles nem independentes podem ser. e eles não são poucos. são milhares. milhares de pessoas que não podem ter uma casa própria. milhares de famílias que se mantêm unidas por questões financeiras. não quero que nesta luta interesse quanto ganho eu ou quanto ganha o vizinho do lado. interessa que vivemos uma época em que estamos a ser roubados sem precedentes. a pagar uma dívida que não é nossa. e pior, a sacrificar quem não pode ser sacrificado, quem não tem mais por onde dar, enquanto vemos quem pode a fazer tudo por proteger o seu quintal. sem perceber que isto vai, mais tarde ou mais cedo, afectar toda a gente. porque estamos a tornar-nos um país doente, um país triste, um país que se quer ir embora.

amigos, só sobramos nós. a nossa voz e a força do que somos em grupo. sábado, às 17h, encontramo-nos na Praça José Fontana. se não temos mais nada temos a nossa voz em coro.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

carta aberta à minha lolita

querida sandra,
como disse há uns posts atrás temos de ser mais pirosas umas com as outras. e por isso escrevo aqui neste blog esta carta aberta porque não só te digo a ti as coisas que quero dizer como a todas as nossas lolitas e visitantes. não vou, por isso, entrar em grandes questões pessoais, vou apenas dizer aquilo que quero que essas tais pessoas, lolitas e visitantes, saibam. o resto lês nas entrelinhas que sei que fazes isso muito bem.
ontem fui jantar a tua casa. a sensação que me dá jantar em tua casa é a sensação de estar em casa. o jantar maravilhoso como sempre ("não, que eu não sei cozinhar, aviso logo toda a gente que não sei cozinhar"), o poder estar com o teu filho giro em paz e tranquilidade, com ele sempre ao pé de nós a contar o que foi bom nas férias gigantes que ele teve e a falar de livros. há sempre um momento bonito na minha relação com as minhas crianças que é quando começo a falar com eles de livros. depois acho que há uma coisa tua que sempre me fascinou, desde o ano em que nos conhecemos em que ainda me sentava ao teu colo para ter mimo e achava que tinhas mais 10 anos do que tinhas, que é o facto de que, aconteça o que acontecer tu sabes sempre mais e tens sempre coisas para me ensinar. e digo isso a toda a gente. que tu sabes mais e melhor do que eu e que tenho sempre a aprender contigo. és a minha amiga mais velha no que isso tem de bom que às vezes também és a minha amiga mais nova e eu tomo conta de ti, já sabes.
por tudo o que falámos acho mesmo que "apesar de tudo" tens a chave para o que está certo. tens sempre. e eu preciso de contigo aprender essas coisas.
e pronto. mais nada. só que foi bom estar descalça na tua rede a apanhar o ar quase fresco da noite. a cima de tudo o que preciso para a minha vida é de paz e foi isso que tivemos ontem. e podes ler aqui o que senti no regresso a casa, ao passar pela minha casa antiga.
enfim, por agora é só isto. pode ser que tenhamos cartas em papel para dizer o resto. mas se disser que és a minha heroína tu sabes do que estou a falar e isso chega-me  :)
e só posso terminar com um "vai tudo correr bem". vais ver desaperecer tempestade a tempestade. porque tu sabes tudo bem. porque és esperta e sabes o caminho certo. porque és toda feita de coração e por isso nada pode correr mal. nem era justo.
um beijo grande sandrinha, e até já.





terça-feira, 4 de setembro de 2012

Nem sei o que sentir, quanto mais o que escrever...


Ontem foi dia de transformar em cinzas o passado. Ainda andei a passear a minha mãe por Lisboa, se bem que não me respondeu a nada do que perguntei. Nem quando lhe perguntei se preferia ir por São Sebastião ou pela Lusíada. Passou a nossa música no rádio. Caramba! - pensei eu... quais são as probabilidades de isto acontecer??!!! Quando estacionei apercebi-me do peso. Do peso que me deu cabo do braço e do peso no peito. Tentei dormir. Nada. Por culpa dos elefantes com cascos que vivem no andar de cima. Optei por me deitar no chão e ser lambida pelas minhas amigas 4 patas, até rirmos as 3 às gargalhadas. Depois fui estender roupa. Adoro o cheiro a roupa lavada.
Fui buscar a piolha à escola. Adoro ir buscá-la à escola. Perguntou-me se o meu dia tinha sido bom. Se me tinha corrido bem o trabalho e que tinha tido saudades minhas. Nem imaginas as saudades que tive tuas, Laurinha. Nem imaginas.
Fomos tirar fotos tipo-passe. O banco era areia e o chão era o mar. As fotos ficaram o máximo.
Fomos inscrevê-la na nova escola de dança. As senhoras da secretaria ficaram fãs dela - que querida, tão educadinha, tão simpática, fala tantoooo.
E para festejarmos a tarde boa que tivémos fomos comer um gelado de mão dada e ler uma história na esplanada. O sorriso e as gargalhadas dela mantém-se inalteráveis - era ainda um bebé de colo, que nem o pescoço conseguia aguentar e ria-se exactamente como se ri hoje, quando leio para ela.
A Laura não é nenhum medicamento. Nem serve para me fazer sentir bem. Mas que me faz esquecer os males que me perseguem, isso sem dúvida que sim. É pura magia, digo eu.



sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A sorte de perder o autocarro

que me leva direitinha para o trabalho e me faz atravessar a Gulbenkian, de manhãzinha, com os patinhos ainda a dormitar na relva húmida e com os passarinhos a cantar só para mim!
A vida sorri-me!


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

As raças perigosas

Muitas voltas tenho eu dado a pensar no assunto.
Na semana passada apanhei uma notícia num qualquer jornal online que me chocou. Então uma senhora nega um bocado de pão ao seu animal e ele mata-a???!!! Se fosse um caniche teria sido fatal? Se fosse uma Essi ou uma Magali ou um Woddy? Não!
Há lutas de cães com chiwawas? Não!
Há crianças a morrerem com dentadas de labradores? Não!
Sempre ouvi dizer que tem medo compra um cão... e quem compra estes cães deve ser responsabilizado até às últimas consequências, porque realmente há diferenças entre ter um peixinho cor-de-laranja e um tubarão; entre ter um gato e um leão. Há animais que não são de estimação. Há animais que não são de companhia nem são para termos em casa.
Um animal é suposto ser nosso companheiro, faz parte da família; não é para ser objecto de show off, nem símbolo de  poder e não deve servir para meter medo a ninguém. Até pode assustar para guardar a casa, mas não mata ninguém.