quarta-feira, 17 de julho de 2013

O que conseguimos fazer em duas horas

Quem me conhece sabe que sou um bocado para o acelerada (para não dizer stressada), mas quando se trata da minha piolha, gosto das coisas com energia, mas com o timming necessário para disfrutar de cada momento. Gosto que as manhãs respeitem o ritmo dela, a preguiça dela e que sejam cheias de mimo e paciência. Mesmo com tudo por fazer em casa, gosto de a ir buscar à escola com calma, de virmos a conversar no caminho, a observar as andorinhas, os bichinhos de conta e os formigueiros.
A minha criança tem sempre imensa coisa para dizer. Hoje foi ao planetário e as constelações que mais a fascinaram foram "o touro, a ursa maior e a ursa bebé". Pensava que na segunda-feira ia para o 1º ano, porque na sexta-feira termina o ATL. Ficou um bocadinho desiludida, mas conversámos sobre as férias e sobre as coisas maravilhosas que vamos fazer e ela aceitou. Motivação não me parece que seja um problema, pelo menos, por enquanto.
Banho em modo expresso (leia-se duche), creminho, massagem, miminhos. 30 beijos recebi por lhe ter comprado uns autocolantes em forma de coração para ela fazer os convites para a sua festa de anos para dar amanhã aos coleguinhas da escola.
Recortes, canetas de feltro, coraçõezinhos pirosos, balões e convites assinados e personalizados. Revemos o texto. Fechámos envelopes. Jantámos. Conversámos mais um bocadinho no sofá. Apesar de a M. a arreliar - hoje tentou cuspiu-lhe para cima - ela já lhe tinha prometido que a convidava para a festa e não devemos faltar com a nossa palavra. Porque ela não quer que a M. fique triste. E eu também não preciso de me preocupar porque no final da festa ela arruma o quarto todo.
Lavar os dentes, abanar o dente que não tarda cai (faz-me tanta impressão!!!!), hora da história, festinhas no cabelo e bons sonhos.
Ela adormece tranquila.
Devagar, devagarinho, os valores da amizade, do respeito pelo próximo vão lá ficando. E é nestes dias em que sinto que "we are doing it right".
A nossa menina está a crescer feliz.
E o meu coração quase explode só de pensar que fomos nós que fizemos esta criaturinha. A mais doce que alguma vez podia imaginar.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Sobre as 40 horas semanais

Laura... Sabes aqueles dias magníficos em que o papá te vai buscar mais cedo à escola? Aqueles dias em que podes ir andar de baloiço ou ir passear ao jardim? Aqueles dias que parecem maiores porque em vez de 9 horas passadas na escola, passas apenas 8 e isso faz toda a diferença?
Pois bem, alguém achou que nem tu, nem o teu pai, nem eu merecemos isso. 
Alguém achou que trabalhamos poucas horas, que produzimos pouco (seja lá o que isso signifique) e que devemos trabalhar mais 1 hora.

Apesar de não ser funcionária pública, a minha filha vai ter que trabalhar mais 1 hora por dia, 5 dias por semana. Nem 6 anos tem.
As minhas cadelas vão passar a esvaziar a bexiga 1 hora mais tarde.
E eu estou passada dos carretos com esta medida! Já não aguento o "discurso do empreendedor" que temos que produzir mais, que temos que trabalhar mais horas e o que os funcionários públicos passam o dia a coçar a micose e deviam trabalhar as mesmas horas que os do privado. É um discurso idiota, invejoso e mesquinho.
Enquanto andarmos ocupados a apontar o dedo a direitos fundamentais dos trabalhadores, conquistados com enorme esforço, em vez de lutarmos para termos a vida e a dignidade que merecemos não vamos a lado nenhum. E que tal os do privado trabalharem 35 horas semanais, em vez das 40?

Parece que agora só não é crime querermos trabalhar até morrer. 
Tempo para passear, descansar, namorar, foder, ler um livro, ir ao cinema, ver as vistas, ouvir música, contar as estrelas? Está tudo maluco? Qualquer dia querem viver, não? Nã nã! Trabalhar é que é bom! Trabalhar, trabalhar, trabalhar. Acabem-se os feriados, as horas extraordinárias pagas como deve ser, os subsídios de natal e de férias e com as baixas. Férias. Que acabem com as férias também! E com as famílias! Que se comece a viver no local de trabalho. A dormir lá. Os nossos miúdos já passam tanto tempo na escola, dá-se-lhes um saco-cama e eles ficam na boa a viver na sala de aula. Com alguma sorte, ainda nos dão o Domingo para matarmos saudades. Ou não. Fechem-se as portas das galerias do povo, para que as leis possam ser aprovadas à porta fechada. Escravos, submissos, endividados com dívidas que não contraímos, completamente vazios de acção, resignados. É assim que nos querem.

São mais 5 horas de trabalho por semana, pagos a custo zero, são 260 horas num ano que a minha filha vai passar na escola. Em vez de regar as nossas plantas, levar as nossas cadelas a passear ou ler um livro aninhada nos braços de quem mais ama.


Já a minha avozinha dizia que "quem não deve, não teme". Não podemos continuar a ser (des)governados por quem tem medo de nós!
Para a próxima que não sejam os inocentes a abandonar o parlamento!

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Em modo Sininho

A Educadora da Laura é extraordinária. Não quer terminar o ano sem que as crianças dela festejem o aniversário com os colegas da sala.
Ora, a Laura faz anos em Agosto. E queria um bolo da Sininho.
Procurámos pela cidade inteira e nada de Sininhos. O pai lá encontrou uma - o único exemplar - e que fez os olhos da Laura brilhar tipo estrela polar.
Depois entrei em stress porque não sabia se ela ia apagar 5 ou 6 velas... Dizem que dá azar festejar antes do tempo, e no meu caso, i don't give a shit, mas no caso da minha filha, preferi não arriscar.
Apagar cinco velas também não fazia grande sentido. Decidimo-nos pelos 5 anos, 10 meses e 10 dias que faz amanhã.

Agora é fazer figas para que a febre que a tem perseguido páre de nos pregar partidas de mau gosto para ela ter um dia mega feliz.

Aqui entre nós, acho que esta sininho é mágica: desde que chegou cá casa, o governo tem caído tipo dominó. Gosto! Gosto muito! Gosto tanto!