sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Estamos quase a chegar a 2012, portanto...

... é tempo de fazer um balanço do ano que passou!

Se tivesse de descrever o ano que passou numa palavra não saberia qual delas escrever: amor, manchas, monstros, irritação, fazer as pazes, lágrimas e ranho, sorrisos, alívio, sucesso, algumas derrotas, muitas conquistas, cães, peixe, casas e palácios, escadas, joelhos, muletas, mau humor e mau feitio, desculpas, abraços, beijinhos, confissões, desilusões, sonhos, filosofia e filósofos, fins de semana, férias, saudades, regressos, prendas, doces, esquecimentos, lembranças, desejos, músicas, filmes, livros, mantas, tecidos, feltros, lolitas, namorados, trabalho, cansaço, crise, pouco dinheiro, sushi, maionese de coentros, avante, torradas, mojitos e caipirinhas, gin e cerveja, tequilla!!!!, amigas e amigos, novas amizades, amizades adolescentes, ... e tantas outras que sei que me estou a esquecer!

Vamos entrar em 2012 com o pé direito lolitas!
Estou ansiosa por mais um ano! E este vai ser o melhor dos melhores!

Feliz ano novo!!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A Rosa está de regresso ao Palácio

As nossas correntes de pensamento positivo resultam sempre!

Por isso está na altura das correntes cheias de boas energias para os nossos companheiros: o Pig e a Magali, que se deixem de coisas, estes sustos não têm graça nenhuma e nós queremos é bichinhos saudáveis, cheios de manhas e de mimos.

Há natais que têm tudo para correr mal...

saudades de pessoas que nos construiram e que quando se transformaram em estrelinhas, mataram um bocadinho de nós, um bocadinho da nossa alegria, o raio (s partam) da crise, a falta de pessoas queridas que optaram por passar o natal noutras casas, amigos que queríamos trazer para casa embrulhadinhos numa manta e não nos deixam, as luzes que se fundiram, a falta da estrelinha na árvore de natal, familiares sozinhos, o frio, o stress de não acabar as prendas a tempo e a dúvida entre embrulhos em sacos do continente ou papel de alumínio, o cd do lidl com músicas de natal...

E tudo se transforma... numa fracção de segundo, tudo se transforma. Porque connosco é assim! Dança-se qualquer música em qualquer canto da casa, come-se pepino e tartes maravilhosas, todos riem, todos estão felizes e o resto não interessa... porque o resto não existe. porque somos nós e nós não somos feitos de restos. somos completos. e sabemos ser felizes.

ouvem-se os guizos do trenó. ainda espreitamos à janela, olhamos o céu, mas já não o vemos. há prendas debaixo da chaminé... acreditam que era exactamente a boneca que ela tinha pedido na carta ao pai natal? aquele brilhozinho nos olhos (sim, o sérgio godinho escreveu a música para ela) faz-me sentir gigante. tão gigante que nem caibo em mim. faz-me sentir que é o natal mais emocionante de toda a minha vida ( e faz-me ter a certeza que muitos se repetirão). 

cada presente aberto devagarinho. tocado devagarinho. recebido com imensidão. cada lixinho transformado em ouro. cada livro folheado, cada cd cheirado, cada vestido, gola ou manta abraçado. cada embrulho transformado em nós. a lagriminha no canto do olho. ela a sussurrar-me ao ouvido "é a alegria, não é, mamã?" e o meu sorriso a responder-lhe.

Agora posso pensar em ti, detestar os papos nos olhos que herdei de ti, mas mostrar-te que consegui. E orgulhar-me disto para sempre. e tu sabes o quanto eu adoro o "para sempre".

Obrigada a todos por tornarem este natal tão especial!


sábado, 10 de dezembro de 2011

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Ouvem-se as enormes barbaridades sobre "ficar em casa com os filhos doentes"...

Que não queremos é trabalhar, que somos preguiçosas, que passamos o dia em casa sem fazer nada e por aí fora. O que faz com que nenhuma mãe esteja em casa a pensar única e exclusivamente nas melhoras da sua cria - o trabalho acumula, pensam que sou calona e zás! lá se enviam os putos na escolinha, com um benuron enfiado pela goela abaixo, e com o coração apertadinho porque sabemos perfeitamente que acabámos de entregar uma criança que ainda não recuperou totalmente e que, na menor das doenças, precisa de nós e dos nossos mimos.
É que julgo que não há mãe no mundo que quando ouve falar em dores de barriga, não imagina, numa fracção de segundo, que é uma apendicite ou uma dor de cabeça, uma meningite. Não há mãe no mundo que durma descansada quando o filho não está bem. Porque é injusto à brava. Eles são tão pequeninos, como é possível que tenham que passar por cólicas horríveis, dentes a nascer, febres que teimam em baixar e dores por todo aquele corpinho minúsculo?

Este é o blog das lolitas. E eu sou uma lolita. Sou uma lolita que por acaso também é mãe. E lá porque a minha filha decidiu ter agora todas as doenças que nunca teve enquanto bebé (ainda na semana passada teve uma otite, semanas antes uma virose, em abril o raios partam a varicela!), não quer dizer que eu esteja descansada. Não estou. Ela há-de estar crescida e dona da vida dela e eu hei-de me preocupar sempre. Hei-de passar noites em claro até morrer, ao lado dela, a cantar-lhe baixinho, a esfregar-lhe as costas, a afagar-lhe o cabelo e a medir-lhe a febre de 5 em 5 segundos. No meio de tudo isto, vou suspirando, pensando no trabalho e em como devia estar a trabalhar, porque a nossa consciência e a sensação de que estamos sempre em falta com alguma coisa é uma cena tramada! Ainda para mais quando não temos culpa de nada e só queremos que aquela piolha fique boa depressa!

Isto tudo para concluir que ninguém se diverte por ficar em casa com o filho doente!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Estamos a ser roubados

de todas as maneiras possíveis e imaginárias.
Eu gosto de oferecer prendas, sempre gostei e hei-de gostar sempre. Ás vezes, faço-as (na maior parte das vezes, mesmo), mas também sempre gostei de comprar algumas bem mimosas.
A verdade é que este ano, isto anda mal. Anda péssimo, mesmo. Não poderá haver prendas compradas para ninguém. (Só a piolha é que tem direito a prenda comprada - o pai natal deixou-a bem embrulhadinha no meu roupeiro, ainda em Outubro).
Neste Natal, nem a máxima "só as crianças e os animais é que recebem prendas" vai prevalecer.
Gostava (muitooooo) de ter tempo de fazer prendas para tod@s os adultos, crianças, bebés, animais de quem gosto, mas vai ser impossível. Até porque sofro do síndrome de nunca acabar as prendas que começo... e as 24 horas do dia nunca chegam para nada!
Isto tudo para dizer: Desculpem! Desculpem, mesmo!E desejo-vos um raio de uma noite muita bem passada, com comidinhas boas, muitos jogos, canções e gargalhadas e desejo com todo o meu coração uma estomatite aftosa para o cab%$%&$ do passos coelho!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

challenge accepted!

:
1- devia estar a trabalhar
2- tenho de me ir deitar
3- devia estar a trabalhar
4- e se fosse escrever no blogue das lolitas?
5- que porcaria, nunca há nada para comer nesta casa
6- devia estar a trabalhar
7- não vou conseguir acabar o trabalho a tempo. Nunca devia ter-me inscrito nesta porcaria
8- vai ser hoje. desfaço-lhe a cara à chapada, palavra d'honra!
9- as pessoas são tão mal-criadas, hoje em dia. Já não há delicadeza, é tudo muito bruto.
10 - olha-me este fdp, com um traço contínuo. Assassino.
11 - devia estar a trabalhar. Por que é que não estou a trabalhar.
12 - 'tou tão exausta
13 - não consigo dormir agora, não tenho sono nenhum
14- oh que m***a de vida, pá... O lava-loiça a transbordar e não tenho detergente.
15 - já devia estar a dormir. Amanhã ninguém me acorda.
16 - e se eu mudasse o título do trabalho?
17 - aquilo é uma bola de cotão ou um rato?
18 - ainda não encomendei bilhas de gás. Ando a brincar à roleta russa, ainda vou de nariz a pingar para o casório
19 - ai, os sapatos, não tenho sapatos para o casamento!
20- devia estar a trabalhar. Trabalha, porra!
21- E aquela gaja, pá! O que é que eu faço à minha vida?
22 - "Tens de te impôr". O que é essa m***a do tens de te impôr?
23- Devia ir ao médico. Estes sinais nas costas são tão suspeitos...
24- Devia mudar a sala outra vez. Passar a cama para a sala e a sala para o escritório.
25- Bem, já não vou trabalhar a estas horas. O melhor é desligar o computador que isto faz mal à cabeças, estas luzes.

domingo, 11 de setembro de 2011

É que é tão fofinhooooooooooo!!!!!!!!

Mãe, podemos ficar com ele? I



Mãe, podemos ficar com ele? II



Mãe, podemos ficar com ele? III



Mãe, podemos ficar com ele? IV


Por mim sim, mas vai perguntar ao teu pai!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Parabéns à miuda mais gira do universo!

A minha mais que tudo: a mais bonita, a mais inteligente, a mais saudável, a mais princesa, a mais birrenta, a mais teimosa, a mais gritona, a mais vaidosa, a mais pirosa (e pirosa é bom!!), a mais fofinha... 4 anos de felicidade, de amor que eu sei que será para sempre!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Meu lindo Agosto...

Era suposto estar a fazer o teu bolo de anos ou a embrulhar a tua prenda, mas fui deixar margaridas amarelas e um cravo vermelho por cima de ti.
É um vazio maior que tudo. É um grito que não se solta. É querer aceitar uma coisa que não se aceita. É querer abraçar-te e nunca mais te largar. É dizer que te amo, sem parar, como um disco riscado. É ter saudades tuas para sempre. É querer ouvir a tua voz e o teu riso. É querer-te ao pé de mim.
Vejo-te em todo o lado e sei que não estás cá. Estás, mas não estás aqui aqui aqui. Ligo-te vezes sem conta e nunca atendes. Levei com uma bala perdida que ficou instalada para sempre. Que dói sempre. Quero acreditar que é tudo mentira, é desumano o que nos fizeram. Nenhum de nós merecia. Nenhum de nós merece.
São saudades que sufocam, vão massacrando e não sei onde vão dar.
Ensina-me, mãe, como se faz. Como se vive sem ti.
I really miss you!!

Parabéns, mãe!!!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Apesar...





... do vento


... das pedras


... dos chapéus que não nos deixavam descansar


... do buraco no ozono


... das dores no corpo devido a acidentes anteriores


... do carro quase não ter subido e dos pneus terem chiado


... do trânsito na ponte


Apesar disto tudo, foi um dia bom.


Apesar de às vezes não ser fácil, as lolitas parecem ter conseguido encontrar paz!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

E se fosse contigo? E se fosse com o teu filho ou com a tua filha?

Era uma vez uma mãe que trabalhava a recibos verdes. Era uma vez uma mãe que não arranjava  vaga para a sua filha em nenhuma creche que conseguisse pagar. Era uma vez uma mãe que durante um ano inteiro levou a filha consigo para o trabalho.
Assisti a tudo: a aprender a gatinhar, a bater palminhas, a dizer adeus, as primeiras palavras, aos primeiros passos, mas sempre com o coração de mãe a dizer-me que não era o ambiente adequado a uma criança.
Era uma vez a minha história. Uma amiga que era assistente social disse-me para eu ligar à XXXXXX e explicar que a minha filha estava a crescer no meu posto de trabalho, em vez de crescer com outros meninos, numa escolinha.
Contei a minha história e no dia seguinte recebi um telefonema: a L. tinha sido aceite e ia frequentar a creche. Ia poder brincar o dia todo e ter a atenção que uma criança pequena merece ter (e não tem se a mãe está a trabalhar).
Foi crescendo, feliz, equibrada, estimulada.
Passou para o jardim de infância. Com uma educadora fantástica, cheia de energia, paciência e muito mimo para dar.
Numa reunião foi –me transmitido que iam fazer a experiência de tirar a sesta aos meninos dos 3 anos… na ignorância de mamã de 1ª viagem e pela confiança que tinha na educadora, apesar de torcer o nariz, deixei. Mas vim para casa ler artigos de pediatras, educadoras e pedo-psiquiatras  que falavam em ser uma “tortura” tirarem a sesta às crianças. E apercebi-me da gravidade da situação. A maior parte dos pais não estava minimamente preocupado – era óptimo os miúdos estarem já na cama, para se poder ver a telenovela em paz, lá em casa.
Falei com uma jornalista (mãe, também) que ficou horrorizada com a situação e fez uma peça sobre o quanto era importante a hora da sesta e dos benefícios que isso trazia.
Como que por milagre, no final da semana, já os meninos dos 3 anos dormiam todos a sesta, “porque este tipo de atitude não se enquadra na orientação pedagógica do estabelecimento XXXX” – se não se enquadra, para quê a experiência?
Este stress passou e os meninos continuaram a crescer.
O Pai Natal trouxe-lhes um porquinho da índia – que já tivemos o privilégio de ter como visita de fim-de-semana.  Construíram laços uns com uns outros, tornaram-se amigos. São 3 anos de convivência diária, de aprendizagem constante e de muita brincadeira.
Na última reunião de pais recebemos a notícia que os meninos que não residem na área do estabelecimento não vão poder frequentar o 2º ano do jardim de infância.
Aleguei tudo e mais alguma coisa na reunião: Se uma criança está perfeitamente integrada a meio de um ciclo de estudos (1º ano do jardim de infância), porquê obriga-la a mudar de estabelecimento, tendo que mudar de hábitos, de educadora, de amigos?  Não seria de dar continuidade a todo o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido quer pelo pessoal do estabelecimento XXXXX quer pelas nossas crianças (quer a nível educativo, quer a nível comportamental e afectivo), pensar no bem-estar delas e evitar esta mudança?
São ordens superiores (na história da sesta ouvi exactamente este argumento) e não se pode fazer nada contra isso.
Contactei o Ministério da Educação, e a senhora que me atendeu nem queria acreditar. Que tal coisa nunca tinha acontecido, mas que não podia fazer nada – só em relação aos jardins de infância públicos, que defendem a prioridade em relação a crianças que já frequentam o estabelecimento.
Insisti, entreguei a matrícula da L. na mesma, com o comprovativo de que a tinha matriculado noutras escolas, porque assim era exigido.
Também me aconselharam a matriculá-la no estabelecimento XXXX da minha área de residência, que não aceita meninos que completem os 4 anos em 2011, mas também não “expulsam” os que já lá estão e não residem perto.
Escrevi ao órgão máximo da instituição, como mãe, a pedir-lhe, por favor, para ter em atenção o bem-estar destas crianças.
Recebi uma carta de resposta com Decretos-Lei que nunca foram postos em prática, porque se o tivessem sido, a L. nunca teria entrado para aquela creche e depois para o 1º ano do infantário. Tudo em nome da implementação do “Sistema de Gestão de Qualidade”. Que grande qualidade esta. Pensar na continuidade educativa destas crianças em último lugar!
Os amigos e a família tentam dar-me alento “deixa lá, os miúdos adaptam-se!”, mas e se fosse com vocês? Estavam na 3ª classe e quando iam passar para a 4ª obrigavam-vos a mudar de escola, de amigos, de professor? Gostavam? Faz algum sentido? Porque no meio de todas estas histórias quem paga a factura é ela.
Vou ter que pegar na minha filha e “encaixá-la” onde houver vaga… sem poder avaliar as educadoras, as auxiliares, o ambiente em si. Já fiz isso uma vez e correu bem. E se desta vez não correr bem? E quando ela me perguntar pelos amigos? E pelo porquinho da índia? Que respondo eu? Que está na escolinha dos grandes? É que no ano a seguir vai mudar novamente para a pré-primária. Que benefícios poderão trazer estas mudanças todas a seres tão pequeninos? Ao ponto a que cheguei: sou eu a mãe e sinto que não a estou a proteger convenientemente…
Agora só me resta a carta à Segurança Social… e que seja alguém evoluído e humano a lê-la…

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Ai Lolitas, Lolitas!

Quase um mês sem lolitar no blog!
E não se compreende: eles foram festas de aniversário com chuva e sem chuva, eles foram santos populares e mini-férias no alentejo, eles foram tertúlias no chapitô com vestidos vintage, eles foram concertos de rock e troca de bikinis!
A nós ninguém nos pára! Por falar em pára, queridas amigas, onde pára essa manta? É que durante a noite sabe bem uma mantinha a tapar as pernas! (e além disso não páro de pensar em mojitos!!)



quarta-feira, 18 de maio de 2011

Se as Lolitas morassem na Costa da Caparica

eram certamente Lolitas mais magras! Com dores nas nádegas e escaldões nos tornozelos, mas efectivamente, mais magras.... pena o vento!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Porque sou uma Lolita em estado de choque

e é importante partilhar este tipo de coisas, para não se perder noção da realidade, nem nos esquecermos de lutar por um direito fundamental: o direito à liberdade de expressão!!!

https://www.youtube.com/watch?v=ngMyjZVOG4U&feature=player_embedded


A polícia portou-se como um verdadeiro animal, o que, infelizmente, já vem sendo hábito! Só me vem à cabeça uma coisa: não era enfiar balázios na cabeça destes bruta-montes! Era enfiar-lhes a merda das shot guns goela abaixo para ver se gostavam!

Escandalosa é ainda a (não) reacção da comunicação social e dos partidos políticos.

Tenho vergonha da merda em que este mundo se tornou!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

o meu espanholito

Depois de duas horas a falar o que eu achava ser o meu melhor castelhano com a Carla, clássica e maravilhosa porteña de Buenos Aires ela diz-me: percebo tão bem o teu português!

... enfim...

Depois de duas frases, cada uma com duas palavras, trocadas com um senhor numa livraria ele pergunta-me: és espanhola?

Ajudem-me: que história destas é que eu conto quando em Lisboa me perguntarem se me desenrasquei com o castelhano?

domingo, 3 de abril de 2011

À VIDA

Porque nada seria sem as minhas amigas.
O bom, o mau, o ontem, o amanhã, a alegria, a tristeza.
Nada seria.
Tudo é, porém.

A todas, pela vida.

quinta-feira, 31 de março de 2011

O AR DO TEMPO, AS MODAS, OS DEFEITOS DE PROFISSÃO. E EU COM ISSO?

Uma carta aberta às lolitas, minhas vidas pequeninas também, e a quem lê  - ainda somos alguns, e com uma capacidade de indignação que alto lá com ela.


(e a eurídice volta a escrever na 3ª pessoa, de quando em vez, aqui e ali, porque queria ter sido jogadora de futebol - avançado esquerdo, para ser mais exacta)

A eurídice trabalha (até ver, que com esta atitudezinha não há-de ganhar grande fama) num sítio onde se fazem livros. Que se pode dizer acerca disso? Bem, que é porreiríssimo, para começar. Não sei fazer grande coisa. Sou da Maria Pia, estava muito limitada à partida. Já foi uma sorte não me ter metido na diabetes.

A eurídice trabalha num sítio onde se fazem livros em Portugal, para portugueses ou falantes da língua coiso, com dinheiro proveniente do sítio dito, afins, enfns. E costumo enumerar todas estas circunstâncias como  obstáculos, pois claro, porque sou má-língua e ingrata e tudo isso que estão a pensar.

Às vezes, lá vai a eurídice ao estrangeiro, travaille oblige, fazer o que se faz e sempre fez por cá: importar, importar, importar. Importar é bom, atenção. Nada contra. O proteccionismo cultural só faz bem à cultura da batata e eu até gosto bem de batatas mas isso parece que não vem ao caso.

O que eu queria verdadeiramente, do fundo do meu ser, era que alguém me explicasse a frase: "what type of books are you looking for? Misery memoir? Sexy goblin-vampire dystopian sci-fi fantasy? Or ghosts meet zombies and mermaids in the after-world?"

Do que é que eu estou à procura?
Eu achava que estava à procura de livros infantis e juvenis adequados interessantes, inteligentes, que preencham os ensejos de reconhecimento do eu, de formação individual num mundo plural, de valorização da multiplicidade e reconhecimento da unicidade, que ajudem os chefes de governo, professores e cientistas de amanhã a formar uma consciência cívica e um espírito crítico, a desenvolver a auto-análise e o respeito pelo outro e pelo próprio, a criar uma estética própria e participante da comunidade, a expressar a individualidade e a ansiar pela do outro, a perceber o mundo e a querer mudança.

Eu estou à procura de literatura, animal!


Não estou, de todo, à procura de uma maneira fácil de fazer catálogo, de impingir desalmadamente ao patronato nacos de prosa e enredos de fazer corar de desaforo as bochechas de qualquer pessoa com o ensino obrigatório de 1954, de encher estantes de livrarias com cocós importados (temos cocós nacionais, perfeitamente bons, a cada escaparate. Para quê importar o cocó dos outros?), de alienar e estupidificar toda uma geração - ou várias, agora com esta coisa do jovem-adulto a saltar dos créditos à habitação para a sectarização editorial?

Por isso, minha senhora agente "literária", da próxima vez que me disser "This a book by an old author of ours. His previous books were very literary, but this new series is much, much better. Highly commercial, simple plot, action driven, perfect for a middle-grade list", tire esse sorriso labrego da cara, arrume o entusiasmo untuoso na gaveta e esconda-se num cantinho do armazém da editora ou agência que a emprega, com vergonha de sair à rua enquanto no mundo houver gente que ainda ache que livros para crianças e literatura são indissociáveis e uma e a mesma coisa.

Do que é que eu estou à procura?




Voilá.

Hoje não é só sobre o 58

É sobre o 16, o 36, o 44, o 45 e o 46. É sobre o 58. É sobre praticamente quase todos os autocarros desta cidade cheia de gente.
É sobre uma coisinha que me irrita solenemente. Ok, é sobre duas coisinhas que me irritam solenemente.
A primeira: não entendo como é que ainda ninguém explicou aos passageiros da carris que a entrada para o autocarro e o acender a luz verde da máquina do passe, não é uma procissão!!!!!!!!!!!!!! é uma coisa que tem que se fazer, senão começávamos todos a entrar pelas janelas, e de preferência que seja rápido porque há gente carregada com compras e mais putos e ao colo e estão atrasadas para ir trabalhar.
A segunda: é a sina que eu tenho de me esconder nos lugares no fundo do autocarro, para ter a minha privacidade e ir sossegadinha com os meus livros e os meus pensamentos, e pumba! há dezenas de lugares vazios, mas tem que ser ao mau lado?? mas porquê????????? gostam do meu perfume? têm frio? Que o digam, que falem comigo, em vez de me espetarem com sacos do minopreço nas pernas ou me chatearem com a música alta. É que invadem de forma descarada o meu espaço vital. deixam-me com falta de ar e a desejar ter trazido "brise" na mala.
E eu hoje que só queria ir apanhar sol para a Gulbenkian!

quinta-feira, 10 de março de 2011

A Chucha no 58

Este é um tema mais do que batido nos meus posts e comentários.
É um tema mais que batido nos cafés lá da zona e nos autocarros que apanhamos.
É um tema que já me irrita de uma maneira impossível de explicar.
É um tema que já me torna quase violenta e com vontade de bater em alguém.
É raro o dia em que não tenho que ouvir alguém dirigir-se à Laura com uma exclamaçao do género "Tão crescida e de chucha?", "Ai tão feia, a menina de chucha!", "A menina não tem vergonha de usar chucha?"...

Ontem aconteceu uma coisa que me deixou extremamente orgulhosa.
Iamos no autocarro, ao final do dia. A Laura ia a comer uma cenoura e sentou-se à nossa frente uma menina com a mesma idade que ela, mas a comer um bolicau.
Ao nosso lado, ia uma senhora de idade (daquelas que ocupam 2 ou 3 lugares só com o rabo).
A mãe da menina da frente reparou que a Laura tinha numa mão a chucha pendurada no nariz do amigo. E começa a festa: "vocês têm a mesma idade, mas tu és mais bebé porque ainda andas de chucha!". "Ai és tão bebé, blá blá blá chucha, blá blá blá bebé!"... "E o mal que isso faz aos dentes??? Ficam com os dentes todos estragados!"
E foi a gota de água! Olhei para a mãe da miúda com aquele olhar "se não te calas atiro-te pela janela fora" e disse-lhe bem alto para ter a certeza que ela ouvia "Estraga os dentes, é??? O que estraga os dentes é darem bolicaos a meninas de 3 anos!"
A mãe corou e fez um sorriso amarelo.
A velhota do lado continuou "pois, porque eu tenho uma neta que ficou com os dentes tortos para sempre, bla blá blá tortos"!
Então a miudinha sentada à frente da Laura aproveitou a boleia e começou a tentar gozar com a minha filhota. "Ainda és bebé porque usas chucha na na na nana!"



A Laura engoliu o bocadinho de cenoura que tinha na boca, olhou para ela e respondeu-lhe (exactamente com estas palavras):
- Eu não sou bebé. Eu posso usar chucha, mas não ponho os pés em cima do banco"!
A miuda levou uma palmada da mãe na perna para tirar os pés de cima do banco, e eu senti-me a mãe mais feliz e orgulhosa do universo e arredores. Fui o caminho todo a pensar "Embrulha lá isto, mundo!!!"

Já agora, a respeito da chucha, e para acabar com todas as dúvidas sobre estragar ou não estragar dentes, leiam isto: http://www.educare.pt/educare/Opiniao.Artigo.aspx?contentid=1037623118F03A1FE0440003BA2C8E70&opsel=2&channelid=0

E não me chaguem mais a cabeça nem à Laura que eu posso-me transformar num monstro (ou numa ciganita) a qualquer momento! Ou então levam uma resposta de uma miuda de 3 anos que pode ser um bocadinho humilhante!!

segunda-feira, 7 de março de 2011

uma festa de infância

há dias especiais. e pessoas assim "como eu" gostam de relembrar a infância. e foi isso que se fez no palácio do poço dos mouros no sábado. o alfredo foi o mickey. nós fomos smarties, legos, música de intervenção, game boy, douradinhos, branca de neve, soldadinho de chumbo, mira estática, bolacha maria, e outros. e houve quarto escuro, e foi do melhor. e houve músicas infantis. e houve cadáveres esquisitos, e bonitos brindes em grupo e foi das festas do palácio onde andámos mais juntinhos a aproveitar espaços pequenos, a abrir pistas de dança com 1m2 todos apertadinhos. fez-me lembrar "aquelas" festas de infância. e foi bom e saímos de lá tarde e com vontade de repetir. e saímos mais próximos, mais amigos, quentinhos por dentro com as recordações de infância que afinal são tão as mesmas, mesmo com idades tão diferentes.
fica prometido o cadaver esquisito aqui, todo escrito, assim todo de seguida, assim todo a nossa voz!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

trabalhar com lolitas

Devo dizer que a vida seria muito mais fácil se trabalhássemos sempre com lolitas & companhia. Ontem a querida sophia trabalhou comigo e essas duas horas deu para, a saber:

- fotografar cenas sem interesse
- fotografar cenas com interesse
- fotografar comida para a miúda ficar contente
- comer tempura de camarão com salda de pepino sésamo e menta, mexilhão ao vapor com molho de mirin e chili, requeijão de ovelha com picadinho de tomate e coentros com tostas de centeio escuro, bolo de chocolate amargo com bolachas quentes de pistachios e crème brulée com açúcar queimado
- beber cocktails
- fotografar coktails vermelhos contra paredes verdes
- desabafar que isto é moça que não via amigos há dias, o que significa mais ou menos uma eternidade
- fumar ao frio
- fazer contactos com o cozinheiro para fotografar mais comida que é o que se quer
- lançar boatos
- outros

Belo dia em que te raptei para "minha" fotógrafa não foi?

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Tudo o que se pode exigir de um sábado

Acordar com a piolha no meio de nós, bem disposta e a dar os bons dias com beijinhos e abraços.
A Essi e a Magali dançam sapateado no soalho e abanam as caudinhas, como que a pedir para irem ao jardim apanhar sol.
Pequeno-almoço no vale dos lençóis, banhinho e siga para a manhã mais desejada de toda a semana:




Tudo corre bem. Está sol. O meu pai vem beber café comigo e pomos a conversa em dia.
A Laura dança feliz e faz-me esquecer de todo o mal que existe no mundo. É a minha (nossa) fada da cor e da alegria.
Brincamos no autocarro que nos traz de volta a casa. Saímos na paragem para ir comprar massa de lacinhos, que tinha prometido para o almoço, e dançamos para atravessar a rua.
De volta a casa. A Laura é a mãe dos bebés e eu sou a avó, enquanto o almoço coze. Lemos-lhes a história da caracolinhos de ouro.
O pai chega e almoçamos. É tão bom estarmos juntos.
Mais uma saída. Não, o pai não pode vir connosco porque tem que ir trabalhar. Vamos ver a peça e depois contamos tudo ao pai.
Num dos 2 autocarros que apanhámos para chegar ao destino a Laura começa a esfregar os olhinhos. "Faz ó-ó, menina da mãe, faz ó-ó que o soninho já vem". Não consegue adormecer porque diz que as pessoas estão zangadas, falam alto e não se sente confortável. Nada que um colinho não resolva.
Na paragem seguinte, há um jardim. Apanhamos malmequeres para enfeitar o nosso ninho.
Mais um autocarro e chegámos.
Com os olhinhos a brilhar porque a mãe a levou ao teatro. Responde ao La Féria que não é bebé e entramos na sala.
Apagam-se as luzes e sussurra-me ao ouvido: não tenhas medo, mãe. É mesmo assim.
Bateu palmas do princípio ao fim da peça. Cantou, dançou, riu-se! Ralhou com um dos actores porque se sentou em cima das flores do cenário.
Tudo estava perfeito: o sítio do picapau amarelo que eu conheci estava ali. Consegui acreditar. Os adereços, os cenários, as músicas... tudo estava impecável! Comovi-me! Não quero parecer saudosista, mas sinto umas cóceguinhas na barriga quando a minha piolha vibra com as coisas que eu vibrei quando tinha a idade dela.
Saímos e cruzámo-nos com um palhaço: uma moeda em troca de um balão em forma de flor. Seguimos para o metro de regresso a casa. Passámos pelo jardim dos montes.


Hora da sesta, muito agarradinhas para não termos frio.

O pai chegou e nós acordámos.

Vamos festejar do dia dos namorados! Vamos cometer uma loucura e vamos jantar fora!

E fomos! E soube-nos tão bem. Conversámos, fizémos desenhos na toalha de papel e vimos a lua a conversar com as nuvens.

Porque somos a família perfeita. A família mais bonita que alguma vez conheci. A família que se ama até mais não. A família mais feliz do universo e arredores!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

vai da malta dizer que nada lhe acontece...

... e bloqueiam-me o carro. E eu a pensar: "é só dinheiro e eu não sou apegada ao dinheiro e tenho tanta pressa e tanto que fazer e logo com o carro quem terá sido o ressabiado desgraçado piolhoso mal-amado que me denunciou à polícia eu que deixo sempre um espaço para os carrinhos de bebés e cadeiras de rodas que eu cá sou muito civilizada moro é num buraco onde não há lugar ainda por cima quando alcatroam a rua não há direitos nem sindicatos malta da morais soares uni-vos contra a falta de estacionamento e contra aqueles que também ocupam os passeios mas que saem de manhã para os seus trabalhos e eu quero ser ecológica e amiga do ambiente e trás toma lá 90 € pode pagar tudo em dinheiro claro espere só um bocado que vou ali levantar espero o tempo que for preciso não tenha pressa."

Não me incomodou nada. Nem um bocadinho. Já nem estou a pensar nisso.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Maldita-pessoa-armada-em-psicólogo-da-treta...

... que me roubou a minha Sophia semanas a fio. Eu quero é amigas a almoçar comigo. Que isto fique claro.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Justiça divina

Pois é. Já me doía o corpinho todo do lado esquerdo por dançar o dirty dancing com espalho. Ontem ia eu com a minha cabecinha no ar e algo me chamou à terra a tempo de salvar uma senhora de ficar em baixo de um eléctrico. Foi bonito. Pois não tinham passado 3minutos e espalho-me sem dó nem piedade, ao comprido, desta vez sobre o lado direito. Haja algum equilíbrio. Resultado: vidas salvas - 1 ; braços que não mexem - 2 ; joelhos desfeitos - 2. Aqui não há equilíbrio nenhum. Nem justiça divina.

Como envelhecer 10 anos em 5 minutos...

É tão fácil... e pode acontecer a qualquer um de nós!
Chegámos a casa e a Laura pediu-me para ir brincar em casa do Zé e do Hugo - isto de eles serem uns bacanos e terem o JimJAm é uma desvantagem sobre qualquer mãe.
Disse-lhe que não achava boa ideia, ainda ontem lá tinha estado, eles têm direito a estar um bocadinho sossegados e nós podíamos brincar juntas, porque o jantar era só aquecer. Ok. Então posso comer um sugo? Podes, depois do jantar. E smarties? Já não há smarties na caixa da Sandra? Não, já não há... Amanhã lembras-me e eu compro!
Vamos brincar? Simmmmm! Vamos fazer um piquenique! Sim, vamos, boa ideia, Laura! Estendemos cobertores no chão da sala, o Chéché ia piquenicar connosco, a plasticina servia de ingredientes para fazermos a comidinha, dentro da caixinha que a Sandra ofereceu, já sem smarties.
De repente, a brincadeira já não era bem um piquenique. Agora já era dar banho à Essi e à Magali. A Magali adorou a ideia, a Essi nem tanto e começou a fazer fintas à Laura corredor fora, até à zona dos quartos.
Enquanto eu apanhava plasticina do chão, chamo a Laura e nada... Laura?! Essi?! Oh Laura?! Oh Essi?! Magali, onde andam as meninas? Por momentos pensei que estivessem a brincar às escondidas comigo, sem me avisarem (como naquela vez no C&A, em que achava que tinha perdido a minha filha no Colombo, mas afinal estávamos era a brincar às escondidas - quando ouvi um "cucu" atras de mim, abracei-a e trouxe-a para casa ao colo, bem apertadinha no meu peito, para ter a certeza de que não a perdia novamente, com ela a espernear porque com 1 ano andar sozinha é que é fixe).
Procurei por todo o lado. Debaixo das camas, atras das portas, dentro dos armários e roupeiros. Dentro da banheira. No quintal. Dentro da casinha de brincar.
No meio desta azáfama, aparece-me a Essi vinda do quintal. Essi, viste a Laura? Essi, Magali onde está o bebé? Digam-me! Onde está o bebé? A Magali abanava o rabinho, porque acha piada a tudo - menos a fazer dieta, e a Essi encolhia-se toda, porque a dona estava-se a começar a passar da cabeça!
Passou-me de tudo pela cabeça. Que tinha sido raptado por ETs. Que, como eu sempre tinha dito, é um anjo na terra e voou. Que era uma criança com super poderes, tornou-se invisivel e é por isso que não a encontro. Fugiu de casa, porque como mãe descontraída que sou, é raro fechar a porta da rua à chave. Também me passou pela cabeça ligar ao Rui. Ou à polícia. Ou aos dois ao mesmo tempo, já que tenho dois telemóveis. Estou sim?! É só para dizer que perdi a minha filha dentro da minha própria casa!!!!!!!!!!!
Estava louca! Doida! Fui outra vez às escadas de incêndio gritar pelo nome dela. A Essi cada vez mais assustada e a Magali contentíssima!
E, como que por magia, oiço a vozinha dela. A Laura esteve este tempo todo (uns 3 ou 4 minutos) na casa ao lado. Na casa dos vizinhos surdos que não ouvem uma mãe desesperada a gritar pelo seu rebento! Entrei de rompante, agarrei no braço da Laura, dei-lhe 3 berros e uma palmada no rabo. Arrastei-a até casa. Ela chorou, eu expliquei-lhe que me tinha pregado um dos maiores sustos da minha vida! Está proibida de sair de casa à procura de smarties sem me avisar!!
Abraçámo-nos com toda a força do mundo e ali ficámos no mimo. Também não gostavas que eu desaparecesse, pois não? Desculpa, mamã. Não volto a fazer! Posso ir a casa do Hugo? Podes, sim!
Depois fui aquecer a sopa. E fiquei a pensar que ganda cagaço que eu apanhei. Amanhã compro os smarties, sem falta!
O Rui chegou já estava a piolha a ir para o óó. Aninhei-me a ele e contei-lhe a história. Rimo-nos. Mas acreditem que envelheci 10 anos em 5 minutos!





quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A QUEM DE DIREITO

Ano bom, ano mau, dias melhores e dias piores.
Antes de me atirar aqui à minha mais recente empreitada, venho propor uma passagem de ano de lolitas.
Tal evento pretende, assim, suprir todas as falhas que temos, algumas, encontrado neste novo ano e também reiterar outras coisas boas que, apesar de tudo, algumas lolitas dizem estar a viver.

(pequeno aparte: a minha distensão é já só uma distensãozinha, e embora o autoagrafamento da minha pessoa a um livro tenha tentado debelar a minha fé inequívoca neste ano que arranca, drenei a ferida infecta que ameaçava o meu indicador com a aniquilação total e expurguei, assim, o mal que se instalava na minha alma crente e jovial. Mas ainda dói um bocadinho...)


(2º pequeno aparte: li A VELHICE DO PADRE ETERNO ontem em 3h e fiquei com o vocabulário assim. Não posso fazer nada, desculpem. Hoje vou ler ensaios e o GUARDADOR DE REBANHOS  de trás para a frente. Amanhã sairá outra coisa, mais metafísica, sei lá. Não quero pensar, que a dor de pensar na árvore e na ceifeira que não existem lembram-me o nada de um girassol.)

Como alguém tem de pôr ordem nisto (neste ano, porque está muito desigual. Ainda não tive nenhum jantar onde aprendesse mais que em 3 meses, é injusto), aqui vai o meu


PROJECTO DE PASSAGEM DE ANO FANTÁSTICA E FENOMENAL DAQUELAS QU'A GENTE NUNCA MAIS ESQUECE. PÁ. :

a) - no previamente acordado dia 22 de Janeiro, as Lolitas reunir-se-ão no palácio da Rosa pelas 16H. Levaram consigo comida, bebida e retalhos.

 b) - diz que vai estar sol. E diz que a Eurídice não pode ficar muito tempo porque as sevícias da vida de estudante assim lho impõem, pelo que é começar logo a a costurar e a refrescar a garganta (o calor que tem feito, ui!)

 c) - antes do pôr-do-sol, as lolitas juntar-se-ão (na rua ou na varanda da Rosa) para celebrar a passagem do ano, com alegria, retalhos e luz! Porque a gente quer é sol e dias grandes para fazer muitas coisas

 d) - a passagem do ano lolita deve ser feita comme il faut, ou seja, com a observação das seguintes superstições:
         1) agarradinhas à manta (todas ao mesmo tempo)
         2) com luz do dia
         3) com alegria (vulgo: caiprinha/cerveja/água com açúcar)

E tenho a certeza de que assim, sim, ficaremos todas na paz das lolitas e em paz com o mundo e nada nos poderá fazer mal, porque passámos de ano ao sol e alegres. E 2011 é quando uma lolita quiser. E se não resultar, passamos já para 2012 daqui a uma semana, não custa nada. Diz que é bissexto e eu acho que é aziago, mas é só dizer!

o bom 2011

cheguei eu aqui cheia de boas intenções com uma vontade louca de contar às minhas lolitas como tenho estado a ter um ano fora de normal de bom e a Sophia premeia-nos com o texto que afirma exactamente o contrário... Sei que o ano tem tido dificuldades mas aquilo que eu tenho visto é altos e baixos nas lolitas, mas até muita amizade e bons planos. Lolitas que finalmente têm trabalho, outras que renovaram os contratos que já tinham, o aniversário da verinha mágica que juntou as lolitas numa noite de boa disposição e felicidade. E acho as lolitas todas mais carinhosas, mais amigas, mais próximas, mais calmas, mais felizes. Claro que a Eurídice tem uma distenção muscular e a Sophia um trabalho menos bom, é claro que há noites que nem consigo adormecer com as barbaridades que vejo no meu trabalho, a Vera tem problemas com a escola da Laurinha, etc, etc, etc, mas será isso um ano mau? Será que estas coisas fazem este um ano mau? A mim custa-me muito a acreditar nisso porque nos vejo a todas, sem excepção, mais felizes. Será tudo ponto de vista, acredito.
Tenho tido uns dias cheios de emoções felizes, cursos que me fazem sair de lá com o coração aos pulos, um jantar ontem com pessoas que não conhecia, que se estendeu noite fora onde aprendi mais do que em 3 meses de vida, o fim de semana cheio de amigos do coração, o bailado da Leonor no domingo e a família junta como nunca. Ontem nem conseguia adormecer com esta vontade louca de vos contar, a vocês lolitas (e a quem quiser ler isto) o jantar fantástico que tinha tido e as pessoas boas que conheci. E tive vontade de vos perguntar, ontem, já a meio da noite de insónias: viver é bom para caraças não é?

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

o meu pai disse-me...

... que Deus existe. Mas que está sentado à esquerda de Bin Laden e que, portanto, possivelmente nunca o vamos encontrar. Disse-lhe que também sempre achei isso. Mas também lhe disse que, se o encontrarmos, temos umas contas para acertar. E com o Bin Laden também, mas menos.

O fim do mundo dentro de um ano menos 14 dias

As avós das lolitas disseram que cada dia do início do ano mostrava como ia estar a meteorologia para o ano todo: assim dia 1 de Janeiro equivalia a todo o mês de Janeiro, o dia 2 de Janeiro equivalia ao mês de Fevereiro, e assim até ao dia 12 de Janeiro. Ontem, dia 13 de Janeiro, esteve um nevoeiro fora do normal e um frio de rachar. Ora não havendo mês 13 só pode equivaler ao ano de 2012 e face ao exposto creio que é mesmo o fim do mundo.

Os maias tinham razão. E não são os do Eça de Queirós. São os outros.

Não há nada mais deprimente do que comprar o nosso próprio bolo de aniversário

mas a falta de tempo para fazer um personalizado, assim o obrigou.
Com tanto mimo e atenção que recebemos no nosso dia de anos, a entidade patronal devia ser obrigada a dar-nos o dia... é que as 24 horas não chegam para responder aos nossos amigos todos.
E cá estou com 30 anos... gosto do número. é redondinho e sabe bem dizer "trrrriiinnnntaaaaa". não dói. nunca me doeu fazer anos. nunca me sinto mais velha. continuo sem cabelos brancos e os papos nos olhos são justificados como sendo "hereditários".
Por isso, chegada aos trrrriiinnnntaaaaa passei uma boa parte da noite a retrospectivar (esta também sabe bem dizer. tentem lá: re-tros-pec-ti-var hehehehehe).
Lembro-me de ir no diane com o nela, a minha mãe e os meus irmãos em direcção à Guerra Junqueiro, e numa curva a porta abriu-se (na altura ninguém usava cintos de segurança). Devia ter uns 3 ou 4 anos e lembro-me do pânico que aquilo gerou - a minha mãe aos gritos e o nela a esticar o braço para fechar a porta enquanto tentava que o carro não capotasse. Recordo-me perfeitamente de pensar "eh pá, olha a estrada! E pela 1ª vez tive a sensação de que era amada - eles gostam mesmo de mim. não querem que eu caia para o alcatrão!".
Lembro-me do primeiro de escola. De ser o Sérgio a levar-me. Do primeiro livro que li - o papuça e o dentuça - com a minha tia Alada a ajudar-me. Lembro-me de brincar com a minha prima Sara na Malveira, às cozinheiras. Partíamos as bolachas catraias (lembram-se? aquelas que tinham os signos) e serviam de refeição para nós e para as bonecas. O Sérgio e o Gonçalo costumavam raptar o meu bebé chorão e isso dava direito a distribuir chapadas. Cresci na escola de línguas da Alada. Conheci gente de todo o mundo e aprendi a escrever em inglês antes de o saber fazer em português. Tentei aprender a tabuada a cantar (diziam que era assim que se decorava) mas eu achava uma chatice porque além de me babar toda a letra era muita parva! Lembro-me das tardes passadas na praia das maçãs e das férias em santo andré (aprendi que quando se comem bananas, não se deve ir andar de baloiço, porque há uma certa tendência a ficarmos mal dispostos). Era doida por pinipons e num aniversário recebi a casa da cidade. O meus irmãos construiam altas batalhas, numa mesa enormeeeeee, com soldadinhos de guerra e ninguém (eu) podia respirar para eles não cairem todos tipo dominó.
Lembro-me dos suspensórios dos 7 anões que a teresa e o meu pai me deram. Lembro-me dos bitoques no café da esquina ao pé das amoreiras.
Lembro-me dos natais em Évora. Lembro-me do Sérgio levar um ralhete por nos andar a perseguir com uma nossa senhora de fátima fluorescente (e eu e o gonças perdidos de riso).
Lembro-me de conhecer o Fred na primária. E de jogar tragabolas. E pulgas na cama. E ao peixinho. E à bisca.
Depois cresci. Era uma excelente aluna. Fui para o 5º ano e conheci a Joana. Passámos dias inteiros juntas. E noites inteiras a falar e a ler livros aos quadradinhos. Que cumplicidade, não era (é) Joaninha?
E depois continuo... antes que seja despedida por lolitar em vez de trabalhar!

Que venham mais trrrriiinnnntaaaaa!!!!!!!!!!!!



quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A NOSSA VERINHA MÁGICA FAZ ANOS

E ela é a melhor magia do mundo!
Parabéns!

UMA AVENTURA NAS URGÊNCIAS DO S. JOSÉ (a true story) - parte II


Claro que vale a pena. Tudo vale a pena, quando a dor não é pequena. MAS ESTA É A 2ª PARTE. VIDE POST ABAIXO PRIMEIRO, s'il vous plaît.
(...)

Volto para casa, a coisa continua a doer mas os analgésicos e o sono natural da 2ª feira tratam do resto. Telefono a dizer que não estou em condições de trabalhar, que amanhã estarei melhor, "mil desculpas, telefona se houver algum problema".

3ª feira, dia 11 de Janeiro, acordo no mesmo estado que no dia anterior mas meto logo dois analgésicos no bucho. O dia passa-se dentro do possível mas, numa consulta de rotina, o senhor doutor olha para mim, coxa e cambaleante, desprovida da minha natural graciosidade, e diz-me para eu ir às urgências, que aquele tronco não era o meu tronco. A medo, pergunto "às urgências? tem a certeza? será mesmo necessário?" A gente ouve histórias, adivinha como será mesmo sem ter lá estado. Haveria necessidade. "Faça-me esse favor e vá ver isso!"

E a Eurídice, a doce e ingénua Eurídice (sim, sou uma donzela neste episódio) lá se desloca às fatídicas urgências, onde começa a nossa história (para a próxima opto pelo estilo "in media res", para vos poupar a amarguras prosaicas. Para a próxima, será épico").

Elenco cronológico dos acontecimentos da passagem da noite de 12 para a manhã de 13 (agora na 1ª pessoa):

20h15 - admissão nas urgências. Pagamento da taxa moderadora.
20h20 - é-me atribuída a pulseirinha verde (na imagem) - significado da pulseirinha verde: não está a esvair-se em sangue, não traz um braço na mão nem tem a cara no sítio do rabo...não é urgente mas vamos deixá-la pensar que sim.
20h30 - penso "até agora, não percebo o porquê de tanto debate e queixa. Entrei agora mesmo e já sabem que sou verde. E que tenho a oxigenação a 100%. Muito eficiente, sim senhores."
20h40 - telefono à mãe ("Não, mãe, não preciso que venhas de cascos de diabo mais velho, com o pai, até aqui, para me fazeres companhia. Isto há-de ser rápido, eu já sou crescida, sei tomar conta de mim e toruxe chocolate comigo. Vamos falando")
21h - "ainda não chamaram ninguém, que estranho..."
21h20 - "olha, tão a chamar alguém!"
21h55 - "não, mãe, não preciso que venhas aqui ter, a sério. 'Tou óptima. Deixa-te estar. Sim, já comi. Não, não tenho frio."
22h30 - "olha, chamaram outra pessoa"
23h - "olha! Revistas!"
23h10 - "olha, o miguel esteves cardoso consumia cocaína desde os 14 anos. Grande estróina. E esta está grávida. Chiça, toda a gente a parir, hoje em dia. Ah, espera, esta revista é de 2008..."
23h55 - estou nervosa. dói-me tudo, já não tenho posição. Dirijo-me ao balcão de entrada e pergunto quanto tempo falta para ser a minha vez, porque não me estou a sentir muito bem, as dores pioraram, estou a tremer. ""Depende das horas a que entrou, menina. O senhor que foi agora para a consulta chegou cá às 17h. A que horas entrou a menina"
23h56 - suores frios, visão turva, quebra de tensão
23h57 - "oiça, eu preciso de ver alguém, diga-me com quem é que tenho de falar para saber se é melhor ir para casa, se devo ficar." "Pois, não sei, menina. Eu acho que tem de esperar a sua vez. Daqui a 3 horas é capaz de ser atendida."
00h10 - convencida de que está um único médico "lá dentro" a atender dezenas de pessoas moribundas, entro na "área reservada" para pedir ajuda àquela alma torturada.
00h15 - encosto-me à parede a chorar de desespero e dores enquanto por mim passam umas dezenas de médicos, uns ao telefone com a namorada, outros a contar a bebedeira do amigo à enfermeira, outros que passavam de 5 em 5 minutos ora com bata ora sem bata, outros ainda que, a avaliar pela passada, pareciam estar no parque a desfrutar do fresquinho da madrugada.
00h40 - ainda a chorar, uma recepcionista pergunta-,me se estou ali sozinha, diz-me que não se deve estar sozinho nas urgências e arranja-me uma enfermeira.
01h10 - espero de pé que a enfermeira apareça. Pergunta-me "nunca teve dores, é? Nunca lhe doeu nada na vida" Voltei ao infantário, só faltava a taça de alface.
01h30 - estou a ser vista por uma médica que me toca com relutância e repugnância na costela afectada. Escreve no computador durante 15 minutos, dá-me um papel para fazer raio-x e análises. Pergunto-lhe "tem ideia do que possa ser?" "Pode ser muita coisa. Pode não ser nada. Eu não sei. Não sei."
01h45 - "espere aqui na salinha um bocadinho que já a chamo com os resultados.
01h47 - chegam os pais, à revelia. A mãe traz bolachinhas e mimo.
01h59 - gozamos com a médica que nada sabe. gozamos com o médico que não consegue dizer os nomes de ninguém no intercomunicador, pelo que ninguém se levanta quando é ele a chamar.
02h30 - deve estar quase. Era "um bocadinho"
03h25 - deve estar mesmo quase. "Já passaram duas horas, caramba"
03h30 - "Eurídice Gomes, balcão dos verdes" Lá vou eu. A menina diz que as análises não acusam nada e o raio-x também não. No entanto, como as dores são muitas, sugere-lhe o meu tronco defeituoso e desequilibrado e as dores de que padeço ao mais ligeiro toque que posso ter a costela partida. "Tem de ir para ortopedia"
03h40 - Bato à porta da ortopedia. Lá de dentro, um sujeito que admito poder ter tirado o curso o curso de medicina mas que não teve mãe para lhe ensinar maneiras pergunta-me "O que é que está aqui a fazer?" "Estava aqui no bairro e lembrei-me passar por aqui para ver se precisava que alguém lhe pontapeasse a masculinidade e ensinar boas maneiras", não respondi eu. Mandou-me esperar, que já me chamava. Saiu da cadeira onde estava estirado a olhar para o computador e dirigiu-se a outra sala para atender um paciente com um braço partido que o esperava.
03h50 - volta à sala, manda-me entrar e pergunta-me o que tenho. Explico. Pergunta-me se a médica que me mandou ali era novinha. Tinha de ser, porque costelas é ossos mas não é ortopedia, é cirurgia. Chama uma enfermeira para me levar à cirurgia, não sem antes percorrermos todos os gabinetes em busca da bruxa má que lhe perturbou a noite e lhe enviou uma costela que não era da competência dele.
03h59 -  cirurgia. "Oiça, não tem nada nas análises, o raio-x não tem nada. Dá-se bem com Nolotil? Óptimo, tome estes enquanto lhe doer" "Quanto tempo vai ser isso?" "No mínimo, se ficar quietinha, um mês. AS melhoras"
04h05 - tenho alta do serviço de urgências de São José, com uma receita de analgésicos na mão, dores intensas no músculo intercostal (agora sim, sei que é uma distensão muscular) e uma história para contar.

Foi no São José, podia ter sido no S. Francisco Xavier. Também já lá estive em pequena, quando soprei para dentro de um cinzeiro e fiquei cega de um olho durante uma semana, quando desloquei o pulso ao cair de um escorrega (era para a frente, não para o lado que se deslizava) e quando engoli uma espinha, que parecia o osso de um dinossauro. Por estas 3 visitas anteriores, achei que a experiência tinha de falar mais alto e impedir-me de lá voltar. Para a próxima, experimento o Santa Maria. Oiço dizer que ao menos tem acção, com estropiados, berros, rixas, braços em gelo na mão do cunhado...

UMA AVENTURA NAS URGÊNCIAS DO S. JOSÉ (a true story)


Com dores excruciantes no lado direito do tórax, Eurídice dá entrada no serviço de urgências do Hospital de S. José às 20h15 do dia 12 de Janeiro de 2011. Tem alta desse mesmo serviço às 4h da manhã do dia 13 de Janeiro. Esta é a história das incríveis 8 horas que passaram entre entrar com dores e sair com mais dores ainda.

Acordei tarde no Sábado, dia 8 de Janeiro. Ao levantar-me, reparo como sou sossegadita a dormir, uma paz de alma, que até dá gosto na altura de fazer a cama. Uma tosse "cafum-cafum", nas palavras da mãe, "tens de ir ver isso" nas palavras do pai, que começava a desaparecer com a ajuda de um xarope, acorda em mim depois do banho e sinto uma pontada no lado direito. "Mau", pensei. "Isto doeu um bocado, pá".
Ignoro, mais ou menos, dentro do possível. Hipocondríaca assumida há uns anitos, desconfio hoje que seja impossível desenvolver 5 ou 6 cancros diferentes no espaço de 3 semanas.

Adiante

Dor aguda no lado direito, mesmo por baixo, por cima, ao lado, na metafísica da minha última costela. Em alegre convívio com os progenitores, horas mais tardes, fico pálida e rezingona (um dia normal até agora) e sem energia ("mas eu acordei às 12h30. Mau! Sem energia? Com tosse cafum-cafum? Pálida? E hoje sangrei das gengivas! Aliás, há uma semana que sangro das gengivas? Aliás, há anos infindos que sangro das gengivas! Meus Deus, posso estar com leucemia!"  - welcome to my brain). A mãe acha estranha tanta prostração, pergunta-me se estou bem. Não quero alarmá-la com o facto de estar à beira da morte e resmungo qualquer coisa. Volto para casa. Como qualquer coisa (não me lembro o que seria, mas vou apostar em queijo fatiado, marca branca, que anda em altas no meu frigorífico há uns meses), sinto-me melhor, mas a dor continua e agora também dói quando espirro.

E assim entramos no dia 9 de Janeiro. A dor agrava-se, dói-me levantar-me, dói-me deitar-me, dói-me estar curvada, dói-me estar direita, dói-me tocar na maldita costela. Por esta altura tenho leucemia e cancro do pulmão, claro, porque o pulmão acaba ali, naquela pontinha que me dói. E porque estou muito enfastiada com a situação.

Dia 10 acordo para ir trabalhar e quando entro no carro percebo que a coisa de me demorar 35 minutos a vestir-me era apenas um prelúdio para as dores lancinantes que iria sentir a meter a 2ª enquanto ponho o cinto... Dou meia volta e vou ao médico de serviço permanente que me diz que pode ser uma de 3 coisas:
- distensão muscular
- zona (ó meu deus, é mesmo leucemia!)
- pneumotórax (eu sabia! é cancro do pulmão! ó meu deus, vou morrer e nunca cheguei a ter um iPad)

Raio-x e 1h depois, ficamos reduzidos a Zona - mas só se aparecerem borbulhinhas onde dói até 5ª feira - e distensão muscular. Toma lá analgésicos, vai para casa e sonha com borbulhas gigantes cheias de pus e sangue a escorrerem tronco abaixo enquanto tudo o que fica de ti são dois bracinhos e uma cabeça com o cabelo oleoso porque hoje nem conseguiste lavar o cabelo como deve ser.

fim da primeira parte

note-se que ainda não chegámos às urgências. Será de continuar?

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Continuando

as resoluções que prometi continuar em Janeiro em http://lolitar.blogspot.com/2010/12/resolucoes-de-ano-novo.html

  • Deixar de esperar demasiado das pessoas, como já várias vezes me disseram, o melhor é contar à partida só comigo, para não apanhar mais desilusões
  • Arranjar um guarda-chuva giro
  • levar a magali a cortar as unhas uma vez por mês
  • deixar de me desculpar pelo que chamam "mau feitio" - é do que sou feita! quem não gosta, azar!
  • ir piquenicar mais vezes à gulbenkian
  • visitar aquelas pessoas (incluindo a minha família de évora que adoro) que digo sempre que vou visitar e que afinal acabo sempre por não ir
  • cozinhar mais, porque apesar de o detestar fazer, até parece que tenho jeitinho para a coisa
  • regressar aos anos 80/90 e desligar o telemóvel para todo o sempre (acho que só dá jeito para quando viajamos para sítios manhosos e acontece um imprevisto)
  • apanhar mais sol
  • Encontrar um móvel horroroso e velho na rua e transformá-lo num móvel lindo para a cozinha
  • ouvir mais o silêncio - é das melhores coisas que temos!

Depois continuo, sei lá... lá para Fevereiro e passo a ter resoluções o ano inteiro!


terça-feira, 4 de janeiro de 2011

As cobranças

Muito se tem falado sobre cobranças ultimante... parece que andamos a exigir demasiado às pessoas de quem gostamos... e na minha humilde opinião acabo por concordar. O amor e a amizade não são um pingo doce ou um pão de açúcar em que se cobram coisas (dou dinheiro e em troca quero produtos), nem tão pouco uma segurança social que faz cobranças coercivas (como naqueles conhecidos casos "eu já fiz tanto por ti e é assim que tu me pagas!"!!

São sentimentos naturais, espontâneos e bonitos. E querer em troca, quase obrigando ou pressionando alguém não é de todo bonito. Ou pelo menos saudável e equlibrado.

E entre amigos, pais, filhos, namorados é suposto tudo isto surgir espontaneamente, quase sem darmos por isso. Só nos apercebemos quando o nosso coraçãozinho começa a bater mais depressa e nos vem à cabeça aquela sensação "ai, gosto tanto de ti, que quase rebento!".



O amor não se cobra, dá-se!!!


As lolitas andam tontas...

ele é gripes, tectos caídos, crianças com viroses ou sangue no nariz, falta de inspiração, cadelas coxas, peixes mortos, dúvidas profissionais e falta de emprego... que mais estará mais vir?

o que nos vale é a nossa mantinha, que nos aquece os corações nestes tempos conturbados (é a rosa que tem as fotos actualizadas da manta e tem preguiça de as pôr aqui hehheheheheh)

sábado, 1 de janeiro de 2011

Vocês acreditam

que a sofia chichorro me ofereceu o livro da manta de retalhos, sem saber da existência da nossa manta de retalhos?? Isto só pode querer dizer que a sofia é uma lolita também!!!

Sete Razões Para Se Ser Lolita (ou obrigada, Lolitas!)



1 - as lolitas são miúdas giras, pá. Mesmo giras.

2 - as lolitas sabem fazer tudo e mais alguma coisa: cozinham, conversam, escrevem, lêem, contam histórias, trocam fraldas, mandam mails, têm blogues, maquilham-se, fazem lanches, jantares e festas, dão colo e ralham, fazem teatro, tiram cursos, dão cursos, eu sei lá...

3 - uma lolita não tem medo de nada. Nem de osgas. Nem de aranhas

4 - uma lolita só é lolita se há outras lolitas. Exemplo: uma lolita não tem medo de nada. Quando uma lolita têm medo de osgas, vem outra lolita que não tem medo de osgas. O medo das osgas fica, assim, anulado para todo o sempre. Também funciona com aranhas, borbulhas e cansaço.

5 - as lolitas juntam-se para fazer mantas de retalhos. Não há nada mais fixe que fazer mantas de retalhos, palavra. Se alguém disser o contrário, não é lolita, logo, não conta.

6 -  Ser lolita é ter a língua afiada, os pés gelados e competências de todos os tamanhos e feitios.

7 - Uma lolita sabe que a única maneira de fazer frente à vida é sendo lolita. Aconteça o que acontecer, do trágico ao cómico, basta ter acesso à Internet e um servidor em condições para lolitar à vontade. E a vida é muito melhor depois de se lolitar um bocadinho.