domingo, 25 de agosto de 2013

Cuidado Casimiro


Acho que todos devíamos estar atentos!
Ao que consta a Cinemateca corre o risco de não abrir portas...
Querem-nos estúpidos e acéfalos. E a melhor forma que têm de o fazer é cortar-nos a Cultura!

E nós?!
Vamos deixar?!
Quem quiser aqui está a petição!

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Autch!

- a Magali teve outro ataque epiléptico e é sempre horrível assistir a uma coisa destas. Doeu-me de tal maneira que chorei.

- bati com o dedo pequenino do pé na esquina do carrinho de chá que está no corredor e quando ainda estava a recuperar o fôlego, bati com o cotovelo na parede. Doeu-me tanto que deixei de respirar.

- a minha filha viu um gato morto e fez a cara mais trágica do mundo quando lhe disse que não o podíamos salvar. Chorou com uma tal tristeza, incompreensão e desespero que fez parar o trânsito nas avenidas novas. Doeu-me de tal maneira que nem tenho palavras.

- a hortelã e o manjericão não gostaram da onda de calor e secaram. Ainda não tive coragem para me desfazer dos ramos secos.

- fui ao dentista sem me doer nada e saí de lá cheia de dores. De tal maneira que andei a sopas e a iogurtes líquidos.

- O H. arranjou um banjo e os músicos do 1º andar (minha casa incluída) andam doidos com aquilo... aquele som entra-me pelos ouvidos como se me espetassem agulhas e tenho a sensação de que a minha cabeça vai explodir a qualquer momento. Quando me dói tomo um benuron.

- A minha mãe fez anos e não lhe dei flores. Vai-me doer sempre.

- Disse à Laura: filha, preciso de falar contigo sobre os teus anos. Ela interrompe-me: "Mãe, eu percebo, a sério. Não precisas de me dar uma prenda, mas posso ter cá os amigos para brincar?". Doeu-me de tal maneira que acho que morri um bocado. Porque queria vê-la com os olhos de bambi, com as palmas daquelas mãozinhas de boneca juntas, a pedir "gostava tanto, mas tanto, de ter. Posso mãe, posso? Por favor, vá lá, vá lá, por favor", com um sorriso meiguinho que me põe zonza de tão fofo que é. Só lhe queria falar sobre o bolo e sobre as brincadeiras.Porque é óbvio que vai ter as prendas que nós lhe podermos dar. Achava eu que a protegia da realidade miserável que vivemos neste mundo por não vermos televisão, por nunca lhe faltar nada. Mas ela tem olhos e ouvidos. Só não queria que ela deixasse de sonhar. Para a próxima prefiro uma bela birra de menina insolente, em vez desta chapada de menina crescida e consciente.

- Ainda não estou de férias.



domingo, 4 de agosto de 2013

O dia da minha mãe

Todos os anos desde que a minha mãe partiu, ia com o meu pai emprestado ao cemitério.
Comprávamos as flores mais bonitas, regateávamos o preço e riamo-nos com isso. Descíamos lentamente até ao sítio onde estava a campa. Pousávamos as flores e eu deixava-lhe uma carta. Chorávamos. Limpávamos as lágrimas e iamos almoçar a sítios lindos para festejar o aniversário dela. Com toda a certeza que ela gostaria disso.
Da primeira vez, custou-me imenso. Não conseguia controlar a tristeza e o vazio que estava a sentir. Depois, sem saber bem porquê, percebi que me sabia bem. Sentia-me mais leve, mais aliviada. Com um grande vazio, mas menos sofrido.
Então, comecei a ir mais vezes. Sozinha. Levava-lhe as flores mais bonitas e uma carta a contar como estava tudo e o quanto gostava dela. Por engano, deixei várias vezes as flores e as cartas na campa do lado. E no dia de anos dela, com o meu pai emprestado, riamo-nos quando eu lhe dizia "ai é aqui? acho sempre que é a do lado".

Mãe:

Estamos todos bem. 
O R. diz que a Laura tem o meu sorriso. Eu reconheço o teu nos lábios dela, naqueles olhos que riem, nas covinhas daquelas bochechas gigantes.
Obrigada pela alfabeto feito em cartolina, por vires a correr quando tinha os pesadelos com as girafas a entrarem pela janela do meu quarto, por estares lá sempre que estava doente, por me dizeres que tudo ia correr bem, pela lasanha com as natas de soja, pelos banhos no alguidar, por me teres oferecido o Bob, por me teres dado a conhecer a Lídia Jorge e o Vergílio Ferreira, pelo Miró e pela Vieira da Silva, por não teres medo de andar de carro comigo, pelas tardes de Inverno no Guincho, por me deixares dormir até tarde, por me deixares plantar contigo os coentros e as roseiras, por só quereres que fosse eu a pôr-te o lenço na cabeça e obrigada pela última promessa que me obrigaste a cumprir.
Desculpa por não te ter deixado partir mais cedo e desculpa, mais uma vez, por te ter forçado a comer a gelatina.
Adoro-te.
Muitos parabéns.
Volta depressa.