domingo, 14 de abril de 2013

Não se consegue ler em ciclovias


A minha piolha pediu-me para a levar a andar de bicicleta. Como gostamos muito de ler, pus dois livros - um para cada uma - debaixo do braço e siga!
Resultado: gente, demasiada gente, putos malcriados, mães, pais e avós aos gritos, bebés e cães de todos os tamanhos e feitios a atravessarem-se na ciclovia à maluca! Estava tudo possuído! Cada vez que arranjava um lugarito sossegado e fazia um cigarro para começar a leitura, vinham não sei quantos marmanjos e sentavam-se ao meu lado. Perdi a conta às vezes que mudei de lugar. E às vezes que tive que perseguir a Laura para que não atropelasse ninguém com a sua bicicleta. Bicicleta esta que a data altura (não sei como) se virou por completo, parecia que ia subir aos céus, e a miúda fez um mortal. Raspou o rabiosque, a mão e uma perna. Nem uma lágrima. Olhou para mim como que a tentar perceber o que lhe tinha acontecido, levantei-a do chão, sacudi-lhe a roupa, dei-lhe um beijinho e acabámos por vir para casa comer gelados e apanhar os últimos raios de sol no quintal maravilha.
De repente apareceu um gato todo assanhado a perseguir a Magali. Eu gritei-lhe, o gajo bufou-me e veio na minha direcção. Ora, o que tinha eu mais perto de mim? A abençoada bicicleta. Dei-lhe um pontapé, ela voou na direcção do gato do demónio que apanhou alto susto e fugiu para o quintal do lado.
Fim.

2 comentários: