acho que o que se passa vai muito para além do que aparenta passar-se.
creio que se impõe uma reflexão importante sobre a forma como um governo
de um país nunca será apenas isso mesmo, um governo. as implicações que
este governo já teve no nosso quotidiano são absolutamente destruidoras
e invasivas. mesmo que haja muita gente que não vê. está a destruir
mentalidades como um cancro que avança devagar. o primeiro sintoma,
absolutamente esclarecedor, é a indiferença. tornar-nos apáticos e
ignorantes é a verdadeira forma de demonstrar o modo como a ignorância
deles nos pode realmente afectar. felizmente são inúmeras as excepções.
hoje foi o dia em que foi aprovado um referendo sobre a co-adopção por casais do mesmo sexo.
um referendo
por se considerar que é assunto público e que deverá ser dado a todos o
direito e vá, o dever, de decidir se no país onde todos co-habitamos uma
criança deverá ser adoptada por pessoas que são do mesmo sexo. duas
mulheres ou dois homens. e nós, povo em tudo soberano e na sua maioria
heterossexual (graças a deus), poderemos então decidir se a vida dos
outros nos incomoda. se eles têm amor suficiente para educar uma
criança, se ela será feliz. se tivermos juízo talvez votemos não,
porque, caramba, a criança até pode sofrer traumas durante a sua
infância por ter na escola crianças que gozam porque o menino tem duas
mães, ou dois pais. quanto a isto tenho tanto a dizer mas vou cingir-me a
apenas um comentário. a falta de tolerância e a ignorância são os
verdadeiros traumas difíceis de cuidar. não podemos defender os nossos
miúdos da tolerância. não podemos defendê-los do direito de terem a
família deles (porque se nos deixarmos de hipocrisias de merda
percebemos que essas famílias existem mesmo que a lei não as reconheça)
reconhecida legalmente porque isso traz um infinito número de vantagens
que nem preciso enumerar aqui.
é isto que este governo nos está a fazer. este foi o dia em que o
governo nos fez acreditar que é democrático decidirmos sobre o amor,
sobre a família dos outros, sobre o conforto e segurança dos outros,
sobre a legitimidade que os outros têm em educar os seus, em decidir em
família o que é melhor, mais correcto, mais justo, transformando aquelas
crianças em crianças menores e mais infelizes porque têm duas mães ou
dois pais. não só não nos compete esta decisão como não nos compete
nunca dizer a uma criança que a família dela não é válida baseando-nos
apenas no género dos progenitores. porque é essa a mensagem que este
"acto democrático" está a passar, que eu decido sobre a validade de uma
família tendo apenas o género como bitola.
este governo já nos tinha tentado mostrar que o que é bom é ter
trabalhinho, se for pago a horas então fomos bafejados pela sorte. já
nos tinha convencido que não há cá merdas de quereremos ir ao hospital
de "graça", ou à escola de "graça", que não há cá palhaços. que os
desempregados não querem trabalhar e querem sugar-nos os nossos impostos
em forma de subsídios, os reformados idem, os funcionários públicos
igual. agora tentam convencer-nos que temos o direito e vá, o dever, de
decidir se os casais homossexuais têm o direito de ter uma família como
nós, os que estamos certos por termos feito a escolha certa de
prevaricarmos com pessoas do género oposto.
filhos da puta
filhos da puta!!!
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