quarta-feira, 28 de maio de 2014

o mercado da ribeira e o outro

a Time Out ocupou o mercado da ribeira. metade do mercado da ribeira para ser exacta. diz-se que se quer "reabilitar" os mercados de lisboa, já se tinha feito o mesmo com o mercado de campo de ourique, ao qual ainda não fui. na verdade não tinha grande interesse em ir também a este mas a verdade é que trabalho colada a ele (o interminável som das obras, tão agradável face ao som dos restaurantes), vivo aqui perto e é aqui que saio à noite e ontem fui lá fotografar e filmar aquilo, para vos mostrar. viver sempre aqui faz com que conheça na perfeição o cais do sodré, a praça de são luís, a praça de são paulo, os restaurantes que convivem com a rua cor de rosa, as prostitutas que convivem com os designers. o cais do sodré vive por camadas, é a sua característica mais fascinante. nenhuma nova camada (e tem havido tantas) se sobrepõe a outra que já lá estava, convivem.
este amor ao bairro não me permite encontrar justificação no "novo" mercado da ribeira. isto porque o mercado é ainda um sítio onde se encontram pessoas amigas, que nos escolhem a melhor fruta ou nos guardam beldroegas quando chegam, que nos guardam o pão, onde dizem em segredo que peixe é mais fresco. onde nos cortam a rama do alho francês para não pagarmos uma parte do legume que não usamos para cozinhar. e o que a Time Out fez não foi reabilitar este belo mercado, foi criar o que só se pode descrever como um topo de centro comercial, com comida cara, mesas corridas, filas, cheiro a fritos e um barulho ensurdecedor (como se pode ver/ouvir no vídeo em baixo). claro que as pessoas gostam, vão, enchem as filas porque finalmente, grande sorte, podem comer um hamburguer honorato e um santini quase sem mexer os pezinhos.
estamos a transformar esta cidade numa cidade tipo, estilizada, sem variações. não fossem as nossas amigas do mercado resistentes e nem teríamos camadas. o que foi reabilitado foi o espírito empresarial e o lucro de empresas internacionais. ao circularmos por aqui vemos um comércio tradicional afectado, sem que para ele se fale de reabilitação. em troco de nada, zero qualidade, zero beleza, e, claro, zero espírito crítico de alguns consumidores. só lucro e um topo de centro comercial feito para encher olhos pouco exigentes e esvaziar os bolsos dos desatentos.
por todo o mercado da ribeira as nossas pessoas reviram os olhos. não estão satisfeitas com o que lhes aconteceu, à casa delas. e lisboa também não deveria estar. e nós também não. por mim continuarei a beber o meu café no Tati e a comer as favas do Cid. e a comprar as frutas e os legumes feios do meu mercado da ribeira.






terça-feira, 27 de maio de 2014

Yé, yé, yé! Esta marcha é que é!

Lolitas, está a chegar aquela altura do ano em que cheira a sardinhas, mangericos, caracóis e imperiais fresquinhas por toda a cidade!

Este é só o primeiro lembrete!

domingo, 11 de maio de 2014

De coração cheio


Acordámos com despertador, comemos, eu bebi café, arranjámo-nos e saímos porta fora. Último ensaio antes do espectáculo final.
Fui apanhar sol para a esplanada para fazer tempo. Apanhei-a 1 hora depois, com aquele sorriso gigante. Levei-a a almoçar ao chinês, para evitar os nervosos miudinhos que antecedem a subida a um palco. Contei-lhe histórias boas de quando a Sandra era nossa professora de teatro. Comemos dois pratos, só pagámos um. O senhor que nos atendeu disse que "menina muito educada não paga". Fomos comprar flores. Pagámos duas, trouxemos cinco - a florista derreteu-se com a tagarelice da Laura e desejou-lhe muito sucesso para o espectáculo e para a vida. Prometemos voltar e passar a comprar flores ali todas as semanas.
Fui deixá-la ao teatro. Pelo caminho confessou-me que não tinha medo, não via a hora de pisar aquele palco, mas que não queria falhar, que não queria desiludir ninguém. Laura, trabalhaste tanto para este dia. Estamos tão orgulhosos de ti. Diverte-te. Acima de tudo, diverte-te naquele palco. Amo-te. Ela abraçou-se a mim de lágrimas nos olhos, "assim fazes-me chorar, mãe", deu-me um beijo e entrou com uma segurança que eu não esperava. Fiquei a vê-la. Olhou para trás, sorriu e piscou-me o olho.
Quase duas horas mais tarde entrámos na sala. Ouvi-a chamar por mim. Estava na plateia aos pulinhos, feliz, a dizer-nos adeus.
Foi altura de subir ao palco. Ao som de um coro maravilhoso, vi-a dançar palco fora. Concentrada porque não queria falhar. Caiu uma vez, levantou-se e continuou como se nada fosse. Ajudou as mais pequeninas que se perdiam nas piruetas. Brilhou a dançar com as mais velhas. Sorriu cada vez que o seu olhar se cruzava com as parceiras de dança.Vi-a maior, vi-a realizada, vi-a sem vergonhas, sem medos e a sentir-se especial.
Eu, e uma Vera não chora, aproveitei o escuro da sala para deixar cair umas lagrimitas. Porque vê-la realizada e gigante de tanta felicidade com o que conquistou é o melhor que me pode acontecer.
Aproveito para agradecer ao professor dela, que aceitou ter apenas uma aluna na aula. Que criou laços de confiança e amizade, que acreditou nela e que com ela coreografou o espectáculo.

Sinto um orgulho infinito por ser mãe desta menina que me ensinou a dançar no meio da rua ao som do vento que bate nas árvores.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

O que é o almoço?

Joana, tens almoço? Não, Vera, não tenho. Depois vamos ao mc donalds ou assim. Ou ao sushi. Ai é tão caro. Precisamos daqueles cupões de desconto. Nunca mais saíram. Que chatice. Se calhar vamos mas é ao supermercado e compramos daqueles hamburguers que se aquecem no microondas. Tanto me faz, só não quero é cozinhar. Tudo bem, fazemos assim e assado e vais ver que fica bom. Fazemos não, fazes tu. Sim, faço eu.
E pimbas, a Joana faz-me uma saladinha daquelas muito saudáveis e tira-me as grainhas do tomate por causa do meu não dente.
Amigas assim são uma benção... nunca ninguém me tinha tirado as grainhas do tomate...
Agora é fazer figas para não ter fome daqui a 15 minutos!


quarta-feira, 7 de maio de 2014

tudo a assinar! não dá para fechar mais os olhos!


Reports of 234 kidnapped Nigerian schoolgirls have made headlines worldwide, and now a new twist has emerged — the kidnapped girls are reportedly being sold into modern slavery for as little as $121.
But there is a solution.
Experts believe that if the Nigerian Government acts immediately and uses every resource at its disposal, it can locate the girls and return them to their families.
However for this to happen they need to know that the world is watching — and waiting.Help save the 234 schoolgirls from Forced Child Marriage — tell Nigerian President Jonathan to:
  1. Act immediately on intelligence received from credible local sources;
  2. Work with neighbouring countries Cameroon and Chad as well as other nations offering assistance to mount an effective search for the girls; and
  3. Improve the protection of schools in north-eastern Nigeria so children can receive an education without risk of kidnapping, forced marriage or other abuses.
Each day the schoolgirls are held captive, the risk of them falling victim to Forced Child Marriage increases. By sending a strong, united message to Nigeria’s President today, we can help ensure his Government spares no effort until the girls are rescued and back with their families.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Sem roooodinhas!!!

Bem sei que tenho um temperamento difícil e implico com as coisas mais parvas... uma das minhas irritações são as ciclovias.

Primeiro, porque o meu desporto favorito é arrastar-me até à esplanada mais próxima e beber um café, enquanto fumo um cigarro.
Segundo, porque as ciclovias invadiram as ruas e os jardins, de tal maneira desgovernada que é raro o dia em que eu ou as cadelas não temos que nos desviar em saltos (quase mortais) para não sermos atropeladas.
Terceiro, implico com aqueles capacetes manhosos que me fazem lembrar um pelicano poisado em cima da cabeça de alguém.
Quarto, não é tão mais fixe andar de bicicleta no campo que na cidade, a levar com os tubos de escape dos carros?

Entretanto, no fim de semana passado, o R. decidiu tirar as rodinhas à bicicleta da Laura. E lá fomos nós, ciclovia fora. A miúda espalhava-se, chorava, levava um beijinho, levantava-se, caía outra vez, chorava mais um bocadinho, levava mais uns miminhos e foi assim durante laaargos minutos. Até que de repente pedalou umas quantas vezes antes de cair. Era vê-la no chão, com o choro a meio, a bicicleta em cima dela e nós aos gritos yeahhhh boaaaa vivaaaaa!

Isto tudo para vir aqui engolir tudo o que disse sobre os utilizadores das ciclovias. É que no meio desta iniciação à bicla sem rodinhas, foram vários os incentivos dados à nossa filha por autênticos desconhecidos (os tais com o pelicano na cabeça, mais os que só estavam sentados no banco de jardim a apanhar sol) - Vai, tu consegues!! Força!! Ai, é tão gira esta fase! - e perdi a conta à quantidade de gente que estremecia e que iam na direcção dela com os braços estendidos cada vez que ela caía.

Por isso, resta-me resumir, que há pessoas sensíveis, solidárias e fofinhas nas ciclovias.

De resto, só nos falta afinar os comandos. Enquanto eu grito "TRAAAAAAVAAAAAAAAAAA", o pai grita "PEDALAAAAAAAAA, NÃO PÁRES!!!". E tenho que inventar outra irritaçãozinha de estimação que esta deixou de ter argumentos...


Look up


Mesmo correndo o risco de este vídeo já se ter tornado viral e de eu ter sido a última a ver...
Mesmo assim achei que valia a pena.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Parabéns, Joana!

Amiga de todas as horas, confidente, que atura os maus humores matinais e ouve os meus desabafos e os meus medos. Uma lutadora. Uma tia fofinha.

Gosto de ti daqui até à lua e mais além.Que bom ter-te na minha vida!

Muitos parabéns, minha querida!