quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Maldita-pessoa-armada-em-psicólogo-da-treta...

... que me roubou a minha Sophia semanas a fio. Eu quero é amigas a almoçar comigo. Que isto fique claro.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Justiça divina

Pois é. Já me doía o corpinho todo do lado esquerdo por dançar o dirty dancing com espalho. Ontem ia eu com a minha cabecinha no ar e algo me chamou à terra a tempo de salvar uma senhora de ficar em baixo de um eléctrico. Foi bonito. Pois não tinham passado 3minutos e espalho-me sem dó nem piedade, ao comprido, desta vez sobre o lado direito. Haja algum equilíbrio. Resultado: vidas salvas - 1 ; braços que não mexem - 2 ; joelhos desfeitos - 2. Aqui não há equilíbrio nenhum. Nem justiça divina.

Como envelhecer 10 anos em 5 minutos...

É tão fácil... e pode acontecer a qualquer um de nós!
Chegámos a casa e a Laura pediu-me para ir brincar em casa do Zé e do Hugo - isto de eles serem uns bacanos e terem o JimJAm é uma desvantagem sobre qualquer mãe.
Disse-lhe que não achava boa ideia, ainda ontem lá tinha estado, eles têm direito a estar um bocadinho sossegados e nós podíamos brincar juntas, porque o jantar era só aquecer. Ok. Então posso comer um sugo? Podes, depois do jantar. E smarties? Já não há smarties na caixa da Sandra? Não, já não há... Amanhã lembras-me e eu compro!
Vamos brincar? Simmmmm! Vamos fazer um piquenique! Sim, vamos, boa ideia, Laura! Estendemos cobertores no chão da sala, o Chéché ia piquenicar connosco, a plasticina servia de ingredientes para fazermos a comidinha, dentro da caixinha que a Sandra ofereceu, já sem smarties.
De repente, a brincadeira já não era bem um piquenique. Agora já era dar banho à Essi e à Magali. A Magali adorou a ideia, a Essi nem tanto e começou a fazer fintas à Laura corredor fora, até à zona dos quartos.
Enquanto eu apanhava plasticina do chão, chamo a Laura e nada... Laura?! Essi?! Oh Laura?! Oh Essi?! Magali, onde andam as meninas? Por momentos pensei que estivessem a brincar às escondidas comigo, sem me avisarem (como naquela vez no C&A, em que achava que tinha perdido a minha filha no Colombo, mas afinal estávamos era a brincar às escondidas - quando ouvi um "cucu" atras de mim, abracei-a e trouxe-a para casa ao colo, bem apertadinha no meu peito, para ter a certeza de que não a perdia novamente, com ela a espernear porque com 1 ano andar sozinha é que é fixe).
Procurei por todo o lado. Debaixo das camas, atras das portas, dentro dos armários e roupeiros. Dentro da banheira. No quintal. Dentro da casinha de brincar.
No meio desta azáfama, aparece-me a Essi vinda do quintal. Essi, viste a Laura? Essi, Magali onde está o bebé? Digam-me! Onde está o bebé? A Magali abanava o rabinho, porque acha piada a tudo - menos a fazer dieta, e a Essi encolhia-se toda, porque a dona estava-se a começar a passar da cabeça!
Passou-me de tudo pela cabeça. Que tinha sido raptado por ETs. Que, como eu sempre tinha dito, é um anjo na terra e voou. Que era uma criança com super poderes, tornou-se invisivel e é por isso que não a encontro. Fugiu de casa, porque como mãe descontraída que sou, é raro fechar a porta da rua à chave. Também me passou pela cabeça ligar ao Rui. Ou à polícia. Ou aos dois ao mesmo tempo, já que tenho dois telemóveis. Estou sim?! É só para dizer que perdi a minha filha dentro da minha própria casa!!!!!!!!!!!
Estava louca! Doida! Fui outra vez às escadas de incêndio gritar pelo nome dela. A Essi cada vez mais assustada e a Magali contentíssima!
E, como que por magia, oiço a vozinha dela. A Laura esteve este tempo todo (uns 3 ou 4 minutos) na casa ao lado. Na casa dos vizinhos surdos que não ouvem uma mãe desesperada a gritar pelo seu rebento! Entrei de rompante, agarrei no braço da Laura, dei-lhe 3 berros e uma palmada no rabo. Arrastei-a até casa. Ela chorou, eu expliquei-lhe que me tinha pregado um dos maiores sustos da minha vida! Está proibida de sair de casa à procura de smarties sem me avisar!!
Abraçámo-nos com toda a força do mundo e ali ficámos no mimo. Também não gostavas que eu desaparecesse, pois não? Desculpa, mamã. Não volto a fazer! Posso ir a casa do Hugo? Podes, sim!
Depois fui aquecer a sopa. E fiquei a pensar que ganda cagaço que eu apanhei. Amanhã compro os smarties, sem falta!
O Rui chegou já estava a piolha a ir para o óó. Aninhei-me a ele e contei-lhe a história. Rimo-nos. Mas acreditem que envelheci 10 anos em 5 minutos!





quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A QUEM DE DIREITO

Ano bom, ano mau, dias melhores e dias piores.
Antes de me atirar aqui à minha mais recente empreitada, venho propor uma passagem de ano de lolitas.
Tal evento pretende, assim, suprir todas as falhas que temos, algumas, encontrado neste novo ano e também reiterar outras coisas boas que, apesar de tudo, algumas lolitas dizem estar a viver.

(pequeno aparte: a minha distensão é já só uma distensãozinha, e embora o autoagrafamento da minha pessoa a um livro tenha tentado debelar a minha fé inequívoca neste ano que arranca, drenei a ferida infecta que ameaçava o meu indicador com a aniquilação total e expurguei, assim, o mal que se instalava na minha alma crente e jovial. Mas ainda dói um bocadinho...)


(2º pequeno aparte: li A VELHICE DO PADRE ETERNO ontem em 3h e fiquei com o vocabulário assim. Não posso fazer nada, desculpem. Hoje vou ler ensaios e o GUARDADOR DE REBANHOS  de trás para a frente. Amanhã sairá outra coisa, mais metafísica, sei lá. Não quero pensar, que a dor de pensar na árvore e na ceifeira que não existem lembram-me o nada de um girassol.)

Como alguém tem de pôr ordem nisto (neste ano, porque está muito desigual. Ainda não tive nenhum jantar onde aprendesse mais que em 3 meses, é injusto), aqui vai o meu


PROJECTO DE PASSAGEM DE ANO FANTÁSTICA E FENOMENAL DAQUELAS QU'A GENTE NUNCA MAIS ESQUECE. PÁ. :

a) - no previamente acordado dia 22 de Janeiro, as Lolitas reunir-se-ão no palácio da Rosa pelas 16H. Levaram consigo comida, bebida e retalhos.

 b) - diz que vai estar sol. E diz que a Eurídice não pode ficar muito tempo porque as sevícias da vida de estudante assim lho impõem, pelo que é começar logo a a costurar e a refrescar a garganta (o calor que tem feito, ui!)

 c) - antes do pôr-do-sol, as lolitas juntar-se-ão (na rua ou na varanda da Rosa) para celebrar a passagem do ano, com alegria, retalhos e luz! Porque a gente quer é sol e dias grandes para fazer muitas coisas

 d) - a passagem do ano lolita deve ser feita comme il faut, ou seja, com a observação das seguintes superstições:
         1) agarradinhas à manta (todas ao mesmo tempo)
         2) com luz do dia
         3) com alegria (vulgo: caiprinha/cerveja/água com açúcar)

E tenho a certeza de que assim, sim, ficaremos todas na paz das lolitas e em paz com o mundo e nada nos poderá fazer mal, porque passámos de ano ao sol e alegres. E 2011 é quando uma lolita quiser. E se não resultar, passamos já para 2012 daqui a uma semana, não custa nada. Diz que é bissexto e eu acho que é aziago, mas é só dizer!

o bom 2011

cheguei eu aqui cheia de boas intenções com uma vontade louca de contar às minhas lolitas como tenho estado a ter um ano fora de normal de bom e a Sophia premeia-nos com o texto que afirma exactamente o contrário... Sei que o ano tem tido dificuldades mas aquilo que eu tenho visto é altos e baixos nas lolitas, mas até muita amizade e bons planos. Lolitas que finalmente têm trabalho, outras que renovaram os contratos que já tinham, o aniversário da verinha mágica que juntou as lolitas numa noite de boa disposição e felicidade. E acho as lolitas todas mais carinhosas, mais amigas, mais próximas, mais calmas, mais felizes. Claro que a Eurídice tem uma distenção muscular e a Sophia um trabalho menos bom, é claro que há noites que nem consigo adormecer com as barbaridades que vejo no meu trabalho, a Vera tem problemas com a escola da Laurinha, etc, etc, etc, mas será isso um ano mau? Será que estas coisas fazem este um ano mau? A mim custa-me muito a acreditar nisso porque nos vejo a todas, sem excepção, mais felizes. Será tudo ponto de vista, acredito.
Tenho tido uns dias cheios de emoções felizes, cursos que me fazem sair de lá com o coração aos pulos, um jantar ontem com pessoas que não conhecia, que se estendeu noite fora onde aprendi mais do que em 3 meses de vida, o fim de semana cheio de amigos do coração, o bailado da Leonor no domingo e a família junta como nunca. Ontem nem conseguia adormecer com esta vontade louca de vos contar, a vocês lolitas (e a quem quiser ler isto) o jantar fantástico que tinha tido e as pessoas boas que conheci. E tive vontade de vos perguntar, ontem, já a meio da noite de insónias: viver é bom para caraças não é?

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

o meu pai disse-me...

... que Deus existe. Mas que está sentado à esquerda de Bin Laden e que, portanto, possivelmente nunca o vamos encontrar. Disse-lhe que também sempre achei isso. Mas também lhe disse que, se o encontrarmos, temos umas contas para acertar. E com o Bin Laden também, mas menos.

O fim do mundo dentro de um ano menos 14 dias

As avós das lolitas disseram que cada dia do início do ano mostrava como ia estar a meteorologia para o ano todo: assim dia 1 de Janeiro equivalia a todo o mês de Janeiro, o dia 2 de Janeiro equivalia ao mês de Fevereiro, e assim até ao dia 12 de Janeiro. Ontem, dia 13 de Janeiro, esteve um nevoeiro fora do normal e um frio de rachar. Ora não havendo mês 13 só pode equivaler ao ano de 2012 e face ao exposto creio que é mesmo o fim do mundo.

Os maias tinham razão. E não são os do Eça de Queirós. São os outros.

Não há nada mais deprimente do que comprar o nosso próprio bolo de aniversário

mas a falta de tempo para fazer um personalizado, assim o obrigou.
Com tanto mimo e atenção que recebemos no nosso dia de anos, a entidade patronal devia ser obrigada a dar-nos o dia... é que as 24 horas não chegam para responder aos nossos amigos todos.
E cá estou com 30 anos... gosto do número. é redondinho e sabe bem dizer "trrrriiinnnntaaaaa". não dói. nunca me doeu fazer anos. nunca me sinto mais velha. continuo sem cabelos brancos e os papos nos olhos são justificados como sendo "hereditários".
Por isso, chegada aos trrrriiinnnntaaaaa passei uma boa parte da noite a retrospectivar (esta também sabe bem dizer. tentem lá: re-tros-pec-ti-var hehehehehe).
Lembro-me de ir no diane com o nela, a minha mãe e os meus irmãos em direcção à Guerra Junqueiro, e numa curva a porta abriu-se (na altura ninguém usava cintos de segurança). Devia ter uns 3 ou 4 anos e lembro-me do pânico que aquilo gerou - a minha mãe aos gritos e o nela a esticar o braço para fechar a porta enquanto tentava que o carro não capotasse. Recordo-me perfeitamente de pensar "eh pá, olha a estrada! E pela 1ª vez tive a sensação de que era amada - eles gostam mesmo de mim. não querem que eu caia para o alcatrão!".
Lembro-me do primeiro de escola. De ser o Sérgio a levar-me. Do primeiro livro que li - o papuça e o dentuça - com a minha tia Alada a ajudar-me. Lembro-me de brincar com a minha prima Sara na Malveira, às cozinheiras. Partíamos as bolachas catraias (lembram-se? aquelas que tinham os signos) e serviam de refeição para nós e para as bonecas. O Sérgio e o Gonçalo costumavam raptar o meu bebé chorão e isso dava direito a distribuir chapadas. Cresci na escola de línguas da Alada. Conheci gente de todo o mundo e aprendi a escrever em inglês antes de o saber fazer em português. Tentei aprender a tabuada a cantar (diziam que era assim que se decorava) mas eu achava uma chatice porque além de me babar toda a letra era muita parva! Lembro-me das tardes passadas na praia das maçãs e das férias em santo andré (aprendi que quando se comem bananas, não se deve ir andar de baloiço, porque há uma certa tendência a ficarmos mal dispostos). Era doida por pinipons e num aniversário recebi a casa da cidade. O meus irmãos construiam altas batalhas, numa mesa enormeeeeee, com soldadinhos de guerra e ninguém (eu) podia respirar para eles não cairem todos tipo dominó.
Lembro-me dos suspensórios dos 7 anões que a teresa e o meu pai me deram. Lembro-me dos bitoques no café da esquina ao pé das amoreiras.
Lembro-me dos natais em Évora. Lembro-me do Sérgio levar um ralhete por nos andar a perseguir com uma nossa senhora de fátima fluorescente (e eu e o gonças perdidos de riso).
Lembro-me de conhecer o Fred na primária. E de jogar tragabolas. E pulgas na cama. E ao peixinho. E à bisca.
Depois cresci. Era uma excelente aluna. Fui para o 5º ano e conheci a Joana. Passámos dias inteiros juntas. E noites inteiras a falar e a ler livros aos quadradinhos. Que cumplicidade, não era (é) Joaninha?
E depois continuo... antes que seja despedida por lolitar em vez de trabalhar!

Que venham mais trrrriiinnnntaaaaa!!!!!!!!!!!!



quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A NOSSA VERINHA MÁGICA FAZ ANOS

E ela é a melhor magia do mundo!
Parabéns!

UMA AVENTURA NAS URGÊNCIAS DO S. JOSÉ (a true story) - parte II


Claro que vale a pena. Tudo vale a pena, quando a dor não é pequena. MAS ESTA É A 2ª PARTE. VIDE POST ABAIXO PRIMEIRO, s'il vous plaît.
(...)

Volto para casa, a coisa continua a doer mas os analgésicos e o sono natural da 2ª feira tratam do resto. Telefono a dizer que não estou em condições de trabalhar, que amanhã estarei melhor, "mil desculpas, telefona se houver algum problema".

3ª feira, dia 11 de Janeiro, acordo no mesmo estado que no dia anterior mas meto logo dois analgésicos no bucho. O dia passa-se dentro do possível mas, numa consulta de rotina, o senhor doutor olha para mim, coxa e cambaleante, desprovida da minha natural graciosidade, e diz-me para eu ir às urgências, que aquele tronco não era o meu tronco. A medo, pergunto "às urgências? tem a certeza? será mesmo necessário?" A gente ouve histórias, adivinha como será mesmo sem ter lá estado. Haveria necessidade. "Faça-me esse favor e vá ver isso!"

E a Eurídice, a doce e ingénua Eurídice (sim, sou uma donzela neste episódio) lá se desloca às fatídicas urgências, onde começa a nossa história (para a próxima opto pelo estilo "in media res", para vos poupar a amarguras prosaicas. Para a próxima, será épico").

Elenco cronológico dos acontecimentos da passagem da noite de 12 para a manhã de 13 (agora na 1ª pessoa):

20h15 - admissão nas urgências. Pagamento da taxa moderadora.
20h20 - é-me atribuída a pulseirinha verde (na imagem) - significado da pulseirinha verde: não está a esvair-se em sangue, não traz um braço na mão nem tem a cara no sítio do rabo...não é urgente mas vamos deixá-la pensar que sim.
20h30 - penso "até agora, não percebo o porquê de tanto debate e queixa. Entrei agora mesmo e já sabem que sou verde. E que tenho a oxigenação a 100%. Muito eficiente, sim senhores."
20h40 - telefono à mãe ("Não, mãe, não preciso que venhas de cascos de diabo mais velho, com o pai, até aqui, para me fazeres companhia. Isto há-de ser rápido, eu já sou crescida, sei tomar conta de mim e toruxe chocolate comigo. Vamos falando")
21h - "ainda não chamaram ninguém, que estranho..."
21h20 - "olha, tão a chamar alguém!"
21h55 - "não, mãe, não preciso que venhas aqui ter, a sério. 'Tou óptima. Deixa-te estar. Sim, já comi. Não, não tenho frio."
22h30 - "olha, chamaram outra pessoa"
23h - "olha! Revistas!"
23h10 - "olha, o miguel esteves cardoso consumia cocaína desde os 14 anos. Grande estróina. E esta está grávida. Chiça, toda a gente a parir, hoje em dia. Ah, espera, esta revista é de 2008..."
23h55 - estou nervosa. dói-me tudo, já não tenho posição. Dirijo-me ao balcão de entrada e pergunto quanto tempo falta para ser a minha vez, porque não me estou a sentir muito bem, as dores pioraram, estou a tremer. ""Depende das horas a que entrou, menina. O senhor que foi agora para a consulta chegou cá às 17h. A que horas entrou a menina"
23h56 - suores frios, visão turva, quebra de tensão
23h57 - "oiça, eu preciso de ver alguém, diga-me com quem é que tenho de falar para saber se é melhor ir para casa, se devo ficar." "Pois, não sei, menina. Eu acho que tem de esperar a sua vez. Daqui a 3 horas é capaz de ser atendida."
00h10 - convencida de que está um único médico "lá dentro" a atender dezenas de pessoas moribundas, entro na "área reservada" para pedir ajuda àquela alma torturada.
00h15 - encosto-me à parede a chorar de desespero e dores enquanto por mim passam umas dezenas de médicos, uns ao telefone com a namorada, outros a contar a bebedeira do amigo à enfermeira, outros que passavam de 5 em 5 minutos ora com bata ora sem bata, outros ainda que, a avaliar pela passada, pareciam estar no parque a desfrutar do fresquinho da madrugada.
00h40 - ainda a chorar, uma recepcionista pergunta-,me se estou ali sozinha, diz-me que não se deve estar sozinho nas urgências e arranja-me uma enfermeira.
01h10 - espero de pé que a enfermeira apareça. Pergunta-me "nunca teve dores, é? Nunca lhe doeu nada na vida" Voltei ao infantário, só faltava a taça de alface.
01h30 - estou a ser vista por uma médica que me toca com relutância e repugnância na costela afectada. Escreve no computador durante 15 minutos, dá-me um papel para fazer raio-x e análises. Pergunto-lhe "tem ideia do que possa ser?" "Pode ser muita coisa. Pode não ser nada. Eu não sei. Não sei."
01h45 - "espere aqui na salinha um bocadinho que já a chamo com os resultados.
01h47 - chegam os pais, à revelia. A mãe traz bolachinhas e mimo.
01h59 - gozamos com a médica que nada sabe. gozamos com o médico que não consegue dizer os nomes de ninguém no intercomunicador, pelo que ninguém se levanta quando é ele a chamar.
02h30 - deve estar quase. Era "um bocadinho"
03h25 - deve estar mesmo quase. "Já passaram duas horas, caramba"
03h30 - "Eurídice Gomes, balcão dos verdes" Lá vou eu. A menina diz que as análises não acusam nada e o raio-x também não. No entanto, como as dores são muitas, sugere-lhe o meu tronco defeituoso e desequilibrado e as dores de que padeço ao mais ligeiro toque que posso ter a costela partida. "Tem de ir para ortopedia"
03h40 - Bato à porta da ortopedia. Lá de dentro, um sujeito que admito poder ter tirado o curso o curso de medicina mas que não teve mãe para lhe ensinar maneiras pergunta-me "O que é que está aqui a fazer?" "Estava aqui no bairro e lembrei-me passar por aqui para ver se precisava que alguém lhe pontapeasse a masculinidade e ensinar boas maneiras", não respondi eu. Mandou-me esperar, que já me chamava. Saiu da cadeira onde estava estirado a olhar para o computador e dirigiu-se a outra sala para atender um paciente com um braço partido que o esperava.
03h50 - volta à sala, manda-me entrar e pergunta-me o que tenho. Explico. Pergunta-me se a médica que me mandou ali era novinha. Tinha de ser, porque costelas é ossos mas não é ortopedia, é cirurgia. Chama uma enfermeira para me levar à cirurgia, não sem antes percorrermos todos os gabinetes em busca da bruxa má que lhe perturbou a noite e lhe enviou uma costela que não era da competência dele.
03h59 -  cirurgia. "Oiça, não tem nada nas análises, o raio-x não tem nada. Dá-se bem com Nolotil? Óptimo, tome estes enquanto lhe doer" "Quanto tempo vai ser isso?" "No mínimo, se ficar quietinha, um mês. AS melhoras"
04h05 - tenho alta do serviço de urgências de São José, com uma receita de analgésicos na mão, dores intensas no músculo intercostal (agora sim, sei que é uma distensão muscular) e uma história para contar.

Foi no São José, podia ter sido no S. Francisco Xavier. Também já lá estive em pequena, quando soprei para dentro de um cinzeiro e fiquei cega de um olho durante uma semana, quando desloquei o pulso ao cair de um escorrega (era para a frente, não para o lado que se deslizava) e quando engoli uma espinha, que parecia o osso de um dinossauro. Por estas 3 visitas anteriores, achei que a experiência tinha de falar mais alto e impedir-me de lá voltar. Para a próxima, experimento o Santa Maria. Oiço dizer que ao menos tem acção, com estropiados, berros, rixas, braços em gelo na mão do cunhado...

UMA AVENTURA NAS URGÊNCIAS DO S. JOSÉ (a true story)


Com dores excruciantes no lado direito do tórax, Eurídice dá entrada no serviço de urgências do Hospital de S. José às 20h15 do dia 12 de Janeiro de 2011. Tem alta desse mesmo serviço às 4h da manhã do dia 13 de Janeiro. Esta é a história das incríveis 8 horas que passaram entre entrar com dores e sair com mais dores ainda.

Acordei tarde no Sábado, dia 8 de Janeiro. Ao levantar-me, reparo como sou sossegadita a dormir, uma paz de alma, que até dá gosto na altura de fazer a cama. Uma tosse "cafum-cafum", nas palavras da mãe, "tens de ir ver isso" nas palavras do pai, que começava a desaparecer com a ajuda de um xarope, acorda em mim depois do banho e sinto uma pontada no lado direito. "Mau", pensei. "Isto doeu um bocado, pá".
Ignoro, mais ou menos, dentro do possível. Hipocondríaca assumida há uns anitos, desconfio hoje que seja impossível desenvolver 5 ou 6 cancros diferentes no espaço de 3 semanas.

Adiante

Dor aguda no lado direito, mesmo por baixo, por cima, ao lado, na metafísica da minha última costela. Em alegre convívio com os progenitores, horas mais tardes, fico pálida e rezingona (um dia normal até agora) e sem energia ("mas eu acordei às 12h30. Mau! Sem energia? Com tosse cafum-cafum? Pálida? E hoje sangrei das gengivas! Aliás, há uma semana que sangro das gengivas? Aliás, há anos infindos que sangro das gengivas! Meus Deus, posso estar com leucemia!"  - welcome to my brain). A mãe acha estranha tanta prostração, pergunta-me se estou bem. Não quero alarmá-la com o facto de estar à beira da morte e resmungo qualquer coisa. Volto para casa. Como qualquer coisa (não me lembro o que seria, mas vou apostar em queijo fatiado, marca branca, que anda em altas no meu frigorífico há uns meses), sinto-me melhor, mas a dor continua e agora também dói quando espirro.

E assim entramos no dia 9 de Janeiro. A dor agrava-se, dói-me levantar-me, dói-me deitar-me, dói-me estar curvada, dói-me estar direita, dói-me tocar na maldita costela. Por esta altura tenho leucemia e cancro do pulmão, claro, porque o pulmão acaba ali, naquela pontinha que me dói. E porque estou muito enfastiada com a situação.

Dia 10 acordo para ir trabalhar e quando entro no carro percebo que a coisa de me demorar 35 minutos a vestir-me era apenas um prelúdio para as dores lancinantes que iria sentir a meter a 2ª enquanto ponho o cinto... Dou meia volta e vou ao médico de serviço permanente que me diz que pode ser uma de 3 coisas:
- distensão muscular
- zona (ó meu deus, é mesmo leucemia!)
- pneumotórax (eu sabia! é cancro do pulmão! ó meu deus, vou morrer e nunca cheguei a ter um iPad)

Raio-x e 1h depois, ficamos reduzidos a Zona - mas só se aparecerem borbulhinhas onde dói até 5ª feira - e distensão muscular. Toma lá analgésicos, vai para casa e sonha com borbulhas gigantes cheias de pus e sangue a escorrerem tronco abaixo enquanto tudo o que fica de ti são dois bracinhos e uma cabeça com o cabelo oleoso porque hoje nem conseguiste lavar o cabelo como deve ser.

fim da primeira parte

note-se que ainda não chegámos às urgências. Será de continuar?

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Continuando

as resoluções que prometi continuar em Janeiro em http://lolitar.blogspot.com/2010/12/resolucoes-de-ano-novo.html

  • Deixar de esperar demasiado das pessoas, como já várias vezes me disseram, o melhor é contar à partida só comigo, para não apanhar mais desilusões
  • Arranjar um guarda-chuva giro
  • levar a magali a cortar as unhas uma vez por mês
  • deixar de me desculpar pelo que chamam "mau feitio" - é do que sou feita! quem não gosta, azar!
  • ir piquenicar mais vezes à gulbenkian
  • visitar aquelas pessoas (incluindo a minha família de évora que adoro) que digo sempre que vou visitar e que afinal acabo sempre por não ir
  • cozinhar mais, porque apesar de o detestar fazer, até parece que tenho jeitinho para a coisa
  • regressar aos anos 80/90 e desligar o telemóvel para todo o sempre (acho que só dá jeito para quando viajamos para sítios manhosos e acontece um imprevisto)
  • apanhar mais sol
  • Encontrar um móvel horroroso e velho na rua e transformá-lo num móvel lindo para a cozinha
  • ouvir mais o silêncio - é das melhores coisas que temos!

Depois continuo, sei lá... lá para Fevereiro e passo a ter resoluções o ano inteiro!


terça-feira, 4 de janeiro de 2011

As cobranças

Muito se tem falado sobre cobranças ultimante... parece que andamos a exigir demasiado às pessoas de quem gostamos... e na minha humilde opinião acabo por concordar. O amor e a amizade não são um pingo doce ou um pão de açúcar em que se cobram coisas (dou dinheiro e em troca quero produtos), nem tão pouco uma segurança social que faz cobranças coercivas (como naqueles conhecidos casos "eu já fiz tanto por ti e é assim que tu me pagas!"!!

São sentimentos naturais, espontâneos e bonitos. E querer em troca, quase obrigando ou pressionando alguém não é de todo bonito. Ou pelo menos saudável e equlibrado.

E entre amigos, pais, filhos, namorados é suposto tudo isto surgir espontaneamente, quase sem darmos por isso. Só nos apercebemos quando o nosso coraçãozinho começa a bater mais depressa e nos vem à cabeça aquela sensação "ai, gosto tanto de ti, que quase rebento!".



O amor não se cobra, dá-se!!!


As lolitas andam tontas...

ele é gripes, tectos caídos, crianças com viroses ou sangue no nariz, falta de inspiração, cadelas coxas, peixes mortos, dúvidas profissionais e falta de emprego... que mais estará mais vir?

o que nos vale é a nossa mantinha, que nos aquece os corações nestes tempos conturbados (é a rosa que tem as fotos actualizadas da manta e tem preguiça de as pôr aqui hehheheheheh)

sábado, 1 de janeiro de 2011

Vocês acreditam

que a sofia chichorro me ofereceu o livro da manta de retalhos, sem saber da existência da nossa manta de retalhos?? Isto só pode querer dizer que a sofia é uma lolita também!!!

Sete Razões Para Se Ser Lolita (ou obrigada, Lolitas!)



1 - as lolitas são miúdas giras, pá. Mesmo giras.

2 - as lolitas sabem fazer tudo e mais alguma coisa: cozinham, conversam, escrevem, lêem, contam histórias, trocam fraldas, mandam mails, têm blogues, maquilham-se, fazem lanches, jantares e festas, dão colo e ralham, fazem teatro, tiram cursos, dão cursos, eu sei lá...

3 - uma lolita não tem medo de nada. Nem de osgas. Nem de aranhas

4 - uma lolita só é lolita se há outras lolitas. Exemplo: uma lolita não tem medo de nada. Quando uma lolita têm medo de osgas, vem outra lolita que não tem medo de osgas. O medo das osgas fica, assim, anulado para todo o sempre. Também funciona com aranhas, borbulhas e cansaço.

5 - as lolitas juntam-se para fazer mantas de retalhos. Não há nada mais fixe que fazer mantas de retalhos, palavra. Se alguém disser o contrário, não é lolita, logo, não conta.

6 -  Ser lolita é ter a língua afiada, os pés gelados e competências de todos os tamanhos e feitios.

7 - Uma lolita sabe que a única maneira de fazer frente à vida é sendo lolita. Aconteça o que acontecer, do trágico ao cómico, basta ter acesso à Internet e um servidor em condições para lolitar à vontade. E a vida é muito melhor depois de se lolitar um bocadinho.