segunda-feira, 25 de julho de 2016

Maminhas!

Estou tão orgulhosa de todas aquelas mães na Argentina!

A Eva tem sido amamentada desde que nasceu. Desde o primeiro segundo. Já a amamentei no meio da rua, enquanto corria para a escola da mana mais velha. Amamentei-a na escola da mana mais velha. No autocarro, no metro. Em praticamente todas as lojas e supermercados onde entrei desde fevereiro. Num concerto de rock. Num espetáculo de dança. Na praia. À beira de piscinas, com os pés de molho. No parque infantil. Em esplanadas. Em todos os restaurantes onde comi. Numa despedida de solteira (querida Eurídice!!). No parque de estacionamento. Enquanto corrigia os trabalhos de casa da Laura ou enquanto estendia a roupa. Até durante uma depilação às virilhas (sim, é verdade!!).

É o meu corpo, as minhas mamas, a minha bebé, a minha decisão! Deal with it!


quinta-feira, 28 de maio de 2015

Os nossos filhos são muito mais que uma nota num exame!

Hoje entreguei a minha filha na escola para fazer o teste intermédio de português do 2º ano de escolaridade.

Não há problema nenhum, porque não há alunos com menos 1 mês e meio de aulas.

Não há problema nenhum, porque toda a gente sabe que as crianças são todas iguais e aprendem todas da mesma maneira.

Não há problema nenhum, porque estamos a tratar estes alunos, como se fossem pequenos adultos, treinando-os como animais de circo para os exames do 4º ano, depois do 6º, do 9º e por aí fora.

Não há problema nenhum em trabalhar 1 ano inteiro tendo como único objectivo o bom rendimento nos exames.

Não há problema nenhum se o que queremos são crianças sem sentido crítico e que não pensem muito.

Hoje levei a minha filha à escola e disse-lhe o que lhe digo todos os dias "Amo-te muito, toma atenção e acima de tudo, diverte-te!". E as notas que se fodam!




segunda-feira, 23 de março de 2015

família


Irmão, Irmãos

Cada irmão é diferente.
Sozinho acoplado a outros sozinhos.
A linguagem sobe escadas, do mais moço,
ao mais velho e seu castelo de importância.
A linguagem desce escadas, do mais velho
ao mísero caçula.

São seis ou são seiscentas
distâncias que se cruzam, se dilatam
no gesto, no calar, no pensamento?
Que léguas de um a outro irmão.
Entretanto, o campo aberto,
os mesmos copos,
o mesmo vinhático das camas iguais.
A casa é a mesma. Igual,
vista por olhos diferentes?
São estranhos próximos, atentos
à área de domínio, indevassáveis.
Guardar o seu segredo, sua alma,
seus objectos de toalete. Ninguém ouse
indevida cópia de outra vida.
Ser irmão é ser o quê? Uma presença
a decifrar mais tarde, com saudade?
Com saudade de quê? De uma pueril
vontade de ser irmão futuro, antigo e sempre?

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

a árvore genealógica das lolitas

ontem ao explicar ao meu miúdo quem era a Sandra com quem estaria hoje e a Laura que ia buscar à escola para a semana fiz a árvore genealógica das lolitas. vou tentar reproduzir:

"a sandra foi a minha primeira professora de teatro, aos 12 anos, grupo onde andou a vera e o rui, primo da sandra, pais da laura. a sandra é mãe do tiago primo da laura e quase irmã do joão, namorado da sophia, prima direita do joão (que ele conhece) que namorou na adolescência com a joana, namorada agora do francisco que é meu colega de faculdade e também colega da eurídice."

acho que ele não consegue reproduzir isto agora. e eu estava a dormir quando ele me ligou e falámos nisto. como lhe disse, há árvores genealógicas que dizemos mesmo a dormir. a família tem destas coisas.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Prometi-te, Laura

Que ias ser feliz na escola.

Que lá ias passar 5 dias por semana e que isso ia ser maravilhoso. Que virias para casa toda contente porque aprendeste coisas novas. Que não irias ter medo do teu professor. Nem de errar. Que ias ter um professor que jamais bateria na mão do teu amigo. Que jamais gritaria contigo por estares no mundo da lua.

Prometi-te que ias ter um professor amigo.

E este ano tens um que te dá colo quando choras porque tens uma otite e não podes fazer a aula de natação.

Que não te castiga porque isso "não é possível". Porque não é possível repreender uma menina tão amiga dos seus amigos, que nunca faz nada com maldade. Chama-te antes com calma para regressares à terra.

Que te elogia e te diz a quantidade de coisas em que acertaste e não as que erraste.

Que te trata por Laurinha.

Que te deixa falar e te ouve com atenção.

Que não te passa trabalhos de casa. Envia trabalhos para casa. Divertidos. Úteis. Para fazermos em conjunto.

Vens aos saltinhos para casa e com tanta coisa para nos ensinar.


Esta é a escola que quero para ti. Este ano conseguimos. E um dia, mais tarde quando cresceres mais um bocadinho, vou-te poder explicar porque é que te sentes tão grande e tão feliz este ano.Um dia vou-te poder dizer que és uma super criança, porque nunca desististe e, apesar do medo, nunca te calaste.

sábado, 23 de agosto de 2014

7 anos

- Um dia destes forma o "movimento dos indignados dos picos nas janelas para os pombos não poisarem".
- Quando apanha os textos que escrevo sobre ela, fica de lágrimas nos olhos.
- Tem um coração de ouro, caraças, se tem!
- Adora a sacana da Violetta.
- Tem terror de caranguejos. Viu uns meninos a apedrejarem uns quantos (devem ser amigos do Bandini). Foi até lá, apanhou os bichos e guardou-os no balde para que não lhes acontecesse nada de mal. Acabaram por morrer, mas ela sabe que tentou.
- Não resiste a dar colinho aos bebés que se cruzam com ela.
- Acha que a ponte 25 de Abril se chama 25 de Abril sempre!
- Respeita o mar como eu nunca vi. Delicia-se com o mar, dá abraços e beijinhos na espuma das ondas e guarda centenas de conchinhas e pedrinhas, religiosamente.
- Faz "blagh" sempre que ouve na rádio o nome do Bunny Steps.
- Dá abraços daqueles "aquele abraço".
- Tem o tempo de concentração de uma formiga, excepto se estiver a dançar ou a ouvir histórias.
- Ainda diz que "piroso é bom".
- Pediu-me para em vez de lhe desejar "sonhos cor de rosa", lhe desejar "sonhos da cor do arco-íris" para todas as cores poderem fazer parte dos seus sonhos.
- Não consegue mentir. Não o sabe fazer, nem sequer tenta.
- É refilona.
- Não se cala. Nunca!
- É mega popular na escola, porque tem sempre uma palavra amiga para dizer.
- Quer ir a Londres, Paris e Nova Iorque. E à Serra da Estrela.
- É doida por sapatos, mas à primeira oportunidade, descalça-se.
- Aprendeu a andar de bicicleta e patins em linha.
- Guarda as angústias e as frustrações dias a fio e acaba num pranto por uma coisinha de nada (basta um rabo de cavalo que teima em ter cabelos desalinhados ou tropeçar num buraco na rua e saltar-lhe o chinelo).
- Faz amigos por todos os sítios onde passa.
- Decididamente, não gosta de sopa. Nem de leite. Nem de migas.
- Tem memória de elefante.
- Pede para ouvir rock do bom.
- Dorme até tarde.
- É o nosso tesouro.






quinta-feira, 24 de julho de 2014

Lista kitsch da Pinipon (em permanente actualização)

1. Filme "O Amor Acontece" - Acho que adoro todo o filme (todo!) mas tenho momentos especiais em que me sinto num estado entre o comovido e o envergonhado por estar assim:

 A cena dos cartazes:

A cena do aeroporto:

Esta relação toda:



2. Livro "Persuasão" - Li-o quando estava no auge da minha fase romântica, lembro-me de sentir borboletas na barriga e ler muito devagar para que o livro não acabasse. Acho que não tenho coragem de o ler novamente para não ficar desiludida...
"I must go, uncertain of my fate; but I shall return hither, or follow your party, as soon as possible. A word, a look, will be enough to decide whether I enter your father's house this evening or never."



3. Música "Toxic" - Epá nem sei o que vos diga... Gosto do falsete!



Kitsch ou Camp?!

Estava aqui em algumas pesquisas e deparei-me com uma descoberta que pode interessar a quem anda neste mundo a lolitar. A Susan Sontag tem um texto em que explica maravilhosamente o que é isto do "camp".
 No fundo, ser camp é ver tudo entre "aspas": uma cadeira passa a ser uma "cadeira", não é uma mulher mas uma "mulher". Tudo tem a ver com uma sensibilidade exagero, com a teatralização, com o excesso mais do que tem a ver com o conteúdo! É o amor pelo que é artificial e exagerado!! (Acho que se revela bem esta atitude no meu "post" pelo uso abusivo de pontos de exclamação, ou não?!)

Resumindo ser "camp" é ser "kitsch" autoconsciente!

E porquê isto?!

Porque acho que seria muito fixe cada lolita fazer a sua lista kitsch e assim assumir-se como camp?




PS: Da próxima vez que formos acampar já temos nome para esse grande evento, não?

sábado, 14 de junho de 2014

Summertime

A menina que devia ter nascido estrelinha do mar. Que agradece ao mar cada vez que as ondas nos devolvem a bola. Que abraça a água e lambe o sal. Que é feliz com o sol, os mergulhos, os búzios, as conchas, o cabelo desgrenhado e o corpo cheio de areia. As danças à beira mar e as piruetas.
Os dias maiores. Os sorrisos gigantes.
A ligação que esta meia leca tem com o mundo é qualquer coisa de extraordinário. Ela consegue fazer de cada dia, o melhor dia de sempre.
 
Boas férias, miúda gira!

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Parabéns Sandra!


Teatro, piqueniques, abraços, montagem de filmes, viagens, pôr do sol, chouriços assados, andas, conversas das boas, mimos, praia, bolas de berlim com creme, chá de gengibre, prendas de natal, boleias, crianças, cães, muita dança, kangoos, muitos avantes, piscos, a nossa grande amiga.

Muitos parabéns, Sandrinha.


quarta-feira, 28 de maio de 2014

o mercado da ribeira e o outro

a Time Out ocupou o mercado da ribeira. metade do mercado da ribeira para ser exacta. diz-se que se quer "reabilitar" os mercados de lisboa, já se tinha feito o mesmo com o mercado de campo de ourique, ao qual ainda não fui. na verdade não tinha grande interesse em ir também a este mas a verdade é que trabalho colada a ele (o interminável som das obras, tão agradável face ao som dos restaurantes), vivo aqui perto e é aqui que saio à noite e ontem fui lá fotografar e filmar aquilo, para vos mostrar. viver sempre aqui faz com que conheça na perfeição o cais do sodré, a praça de são luís, a praça de são paulo, os restaurantes que convivem com a rua cor de rosa, as prostitutas que convivem com os designers. o cais do sodré vive por camadas, é a sua característica mais fascinante. nenhuma nova camada (e tem havido tantas) se sobrepõe a outra que já lá estava, convivem.
este amor ao bairro não me permite encontrar justificação no "novo" mercado da ribeira. isto porque o mercado é ainda um sítio onde se encontram pessoas amigas, que nos escolhem a melhor fruta ou nos guardam beldroegas quando chegam, que nos guardam o pão, onde dizem em segredo que peixe é mais fresco. onde nos cortam a rama do alho francês para não pagarmos uma parte do legume que não usamos para cozinhar. e o que a Time Out fez não foi reabilitar este belo mercado, foi criar o que só se pode descrever como um topo de centro comercial, com comida cara, mesas corridas, filas, cheiro a fritos e um barulho ensurdecedor (como se pode ver/ouvir no vídeo em baixo). claro que as pessoas gostam, vão, enchem as filas porque finalmente, grande sorte, podem comer um hamburguer honorato e um santini quase sem mexer os pezinhos.
estamos a transformar esta cidade numa cidade tipo, estilizada, sem variações. não fossem as nossas amigas do mercado resistentes e nem teríamos camadas. o que foi reabilitado foi o espírito empresarial e o lucro de empresas internacionais. ao circularmos por aqui vemos um comércio tradicional afectado, sem que para ele se fale de reabilitação. em troco de nada, zero qualidade, zero beleza, e, claro, zero espírito crítico de alguns consumidores. só lucro e um topo de centro comercial feito para encher olhos pouco exigentes e esvaziar os bolsos dos desatentos.
por todo o mercado da ribeira as nossas pessoas reviram os olhos. não estão satisfeitas com o que lhes aconteceu, à casa delas. e lisboa também não deveria estar. e nós também não. por mim continuarei a beber o meu café no Tati e a comer as favas do Cid. e a comprar as frutas e os legumes feios do meu mercado da ribeira.






terça-feira, 27 de maio de 2014

Yé, yé, yé! Esta marcha é que é!

Lolitas, está a chegar aquela altura do ano em que cheira a sardinhas, mangericos, caracóis e imperiais fresquinhas por toda a cidade!

Este é só o primeiro lembrete!

domingo, 11 de maio de 2014

De coração cheio


Acordámos com despertador, comemos, eu bebi café, arranjámo-nos e saímos porta fora. Último ensaio antes do espectáculo final.
Fui apanhar sol para a esplanada para fazer tempo. Apanhei-a 1 hora depois, com aquele sorriso gigante. Levei-a a almoçar ao chinês, para evitar os nervosos miudinhos que antecedem a subida a um palco. Contei-lhe histórias boas de quando a Sandra era nossa professora de teatro. Comemos dois pratos, só pagámos um. O senhor que nos atendeu disse que "menina muito educada não paga". Fomos comprar flores. Pagámos duas, trouxemos cinco - a florista derreteu-se com a tagarelice da Laura e desejou-lhe muito sucesso para o espectáculo e para a vida. Prometemos voltar e passar a comprar flores ali todas as semanas.
Fui deixá-la ao teatro. Pelo caminho confessou-me que não tinha medo, não via a hora de pisar aquele palco, mas que não queria falhar, que não queria desiludir ninguém. Laura, trabalhaste tanto para este dia. Estamos tão orgulhosos de ti. Diverte-te. Acima de tudo, diverte-te naquele palco. Amo-te. Ela abraçou-se a mim de lágrimas nos olhos, "assim fazes-me chorar, mãe", deu-me um beijo e entrou com uma segurança que eu não esperava. Fiquei a vê-la. Olhou para trás, sorriu e piscou-me o olho.
Quase duas horas mais tarde entrámos na sala. Ouvi-a chamar por mim. Estava na plateia aos pulinhos, feliz, a dizer-nos adeus.
Foi altura de subir ao palco. Ao som de um coro maravilhoso, vi-a dançar palco fora. Concentrada porque não queria falhar. Caiu uma vez, levantou-se e continuou como se nada fosse. Ajudou as mais pequeninas que se perdiam nas piruetas. Brilhou a dançar com as mais velhas. Sorriu cada vez que o seu olhar se cruzava com as parceiras de dança.Vi-a maior, vi-a realizada, vi-a sem vergonhas, sem medos e a sentir-se especial.
Eu, e uma Vera não chora, aproveitei o escuro da sala para deixar cair umas lagrimitas. Porque vê-la realizada e gigante de tanta felicidade com o que conquistou é o melhor que me pode acontecer.
Aproveito para agradecer ao professor dela, que aceitou ter apenas uma aluna na aula. Que criou laços de confiança e amizade, que acreditou nela e que com ela coreografou o espectáculo.

Sinto um orgulho infinito por ser mãe desta menina que me ensinou a dançar no meio da rua ao som do vento que bate nas árvores.