Hoje dei por mim a refletir sobre o tempo, essa noção meio abstrata mas que nos tolda a nossa forma de estar. Cada vez temos menos tempo para fazermos o que queremos ou para estarmos com quem gostamos e com quem queremos. Isso é um facto e acho que transversal a todos nós! Neste momento em que tenho uma pausa de 10 minutos em que podia estar a fumar um cigarro, mas estou a escrever neste blog. E este é também um pensamento, que pelo menos em mim é recorrente, se estou a fazer uma coisa, também podia estar a fazer outra. Mas a verdade é que vivendo assim, não estou a fazer uma, nem outra. Ao mesmo tempo passam-me coisas pela cabeça preocupações com pessoas com quem gostava de estar: perguntar à V se o problema dela agora secou que o tempo está melhor, perguntar pelos canos da S e desafiá-la para um café no intervalo dos meus compromissos, planear uma fuga com o F, saber da M e engendrar uma maneira de pôr o P a gostar da princesa-ervilha, estar com a L e saber dela, falar com a S e rirmo-nos e inventar coisas para rir, nos intevalos de falar de coisas sérias...
O tempo é finito (e isto é outro facto!): uma hora tem 60 segundos, um dia 24 horas e uma semana apenas 7 dias. E nós só temos a capacidade de fazer uma coisa como deve ser, de estarmos presentes num só momento.
Esta conversa surgiu com uma amiga, a B, a propósito dos telemóveis. Já ninguém acredita que uma pessoa possa ter o telemóvel desligado ou que por algum motivo não possa atender. Parece que tudo o que esse pequeno aparelho nos reporte é importante. E é? É mesmo? Quantas chamadas, mensagens, toques (que já raramente se usam), emails, são realmente importantes e precisam que nós interrompamos tudo aquilo que estamos a fazer para lhe dedicar atenção? No entanto, é frequente que se largue tudo porque aquele "bichinho manipulador" apitou por algum motivo. E nesses momentos saímos de onde estamos, sem realmente dar atenção à pessoa que temos à nossa frente. Será porque o que está à nossa frente não é merecedor da nossa atenção? O filme que está a dar no cinema e cujo bilhete está agora mais caro do que nunca, roçando quase um valor pornográfico? (Então porque é que não se esperou que saísse na internet para o ver?!) Aquela conversa com uma amiga em que se falam de coisas importantes e de coisas que se passam cá dentro e que por vezes precisam de espaço e tempo para se revelarem? (Então porque é que se foi beber café com essa amiga e não ficámos em casa ou no café a fazer o que realmente importa?!).
Parece que perdemos a capacidade de estar num só lugar ao mesmo tempo e parar... Gosto de pensar que sou diferente ou que estou diferente. Peço desculpas a todas as pessoas que tinha à minha frente e com quem estava a ter um momento significativo da minha vida para desviar a minha atenção para o tal "bicho manipulador". Já mo fizeram a mim e sei o que custa...