sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Uma pieguice pegada


Hoje estou piegas... Porque não segui o conselho para emigrar, porque nem dinheiro para apanhar o barco para Cacilhas tinha. Porque tenho amigos desempregados, assustados, apavorados e desiludidos e isso faz-me doer o coração. Porque há gente que vem para a praça pública dizer as maiores barbaridades sobre o SNS ("morre que és despesa") e não leva dois estalos na fuça. E mais um pontapé no rabo. Ou dois. Ou três. E porque não é demitido. E obrigado a emigrar para a Antártida. E ser comido por bichos que lá habitem.
Ando piegas porque andamos a adiar as nossas vidas. Ando piegas porque queria ter uma catrefada de filhos e não os posso ter porque não os iria conseguir sustentar. Nem vendendo a minha querida estante do IKEA, que custou 129 euros e nos levou meses e meses a fio de planeamento e tentativa de poupanças. Já nem tenho vontade de lhe limpar o pó. Foi o nosso luxo. Arrumarmos os livros, os vinis e as recordações dos nossos amigos que viajam e nos trazem lembrancinhas, numa estante. Que está agora cheia de pó. Há quem queira carros e casas e ipod e ipads (nunca percebi a diferença, um escreve-se com "o", outro com "a" - que falta de imaginação!!), eu cá queria uma estante e filhos. Já tenho uma estante e uma filha. As duas magníficas. Agora a filha também quer um mano ou uma mana. Terá que se contentar com a estante, enquanto este governo não cai.
Estou piegas porque me doem os dentes e não tenho dinheiro para ir ao dentista. E é precisamente o dente que a dentista (ai odeio-a) insistia ser deficiente porque só tinha 2 canais, e os dentes supostamente tem 3. Ou seja, não foi desvitalizado, como ela insiste que foi, porque me dói!!! E também não tenho dinheiro para a processar. Lá ando a paracetamol, que o benuron tem a caixa mais bonitinha, mas é mais caro.
Já vos disse que hoje estou piegas? Então o bunny steps não vem dizer que "Se isto vai tudo correr bem ou tudo correr mal depende da nossa vontade colectiva". Mas o homem para além de estúpido, aldrabão, mentiroso, ainda anda a gozar com as pessoas? Tem com certeza algum atraso mental e precisa de ser internado. É um perigo para a sociedade.
E para não ter que dar com a minha estante nos cornos destes putos, nascidos em berço de ouro armados em políticos, mas sem qualquer noção da realidade, fico piegas...


fim de semana com o coração

este fim de semana não vou estar cá em lisboa e por isso não vou à manifestação amanhã. com alguma / muita pena minha mas este fim de semana escolhi o coração. não vou dizer como quase instintivamente ia dizendo "egoisticamente" porque não é egoísmo. o meu coração precisa de mim. de silêncio. das amigas que eu amo e que vão passar o fim de semana comigo. preciso mesmo delas. de acordar com elas. de falar horas com elas. de andar em silêncio com elas. de me afastar dois dias para respirar um bocado. as notícias más repetem-se, os amigos estão desempregados, tristes, eu guardo as minhas amarguras e tristezas e cansaços como num cofre para tentar ter uma vida normal. estou cansada minhas lolitas. e não quero perder anos de vida. quero voltar a mim.
por isso manifestem-se por mim que eu descansao por vocês também. e para voltar a vocês mais bonita, mais pronta, com mais braços. guardo a revolta e não a esqueço. tenho as vergonhas todas que se passam dentro da cabeça o dia inteiro. por mim, vou fazer esta pausa. sentar-me com elas à beira da estrada a rir das histórias mais parvas. à chuva a pensar "porque raio escolhemos nós este fim de semana para isto?". preciso sentir outras coisas. por isso este fim de semana escolho o coração. até já.


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Quero a minha vida de volta! E a tua!


Ainda há quem ache que levar criancinhas a manifestações é um atendado contra a sua inocência e é cortar-lhes o poder que têm para sonhar.
Ora, eu penso exactamente o contrário e esta frase do Karl Mannheim é uma resposta perfeita ""O que se faz agora com as crianças é o que elas farão depois com a sociedade."
Que espécie de mãe seria eu se não explicasse o que se passa no mundo à minha filha? Explico-lhe que deve poupar água e luz, mas não lhe explico que a mãe e o pai não lhe podem dar um irmão, por muito que queiram, porque não teriam dinheiro para lhe pagae uma creche nem as vacinas contra a meningite? Explico-lhe que devemos respeitar os animais, mas não lhe explico que há gente a passar fome? Explico-lhe que devemos ser solidários e amigos do próximo, explico-lhe porque acho que devo ir às manifestações a que vou e deixo-a opinar e decidir por ela.
Pode ser perigoso. Pois muito bem, também no caminho para a escola passam ratazanas aos nossos pés e corremos o risco de sermos mordidas e apanharmos raiva. Também há carros que fazem ralis logo de manhã e não páram nos sinais vermelhos. Mas o que ela traz no coração com o que aprendeu na escola, vale a pena correr todos estes riscos. Sei bem ir a uma manifestação. Ensinaram-me bem. Conheço os sinais de alarme e sei que não vou sozinha. Levo comigo uma criança. Criança essa que se sente segura comigo e nunca teve algum tipo de medo em qualquer dos ajuntamentos a que foi.

Apesar de o sectarismo da CGTP me pôr doente, esta não é altura para amarguras. É altura de resistência, de luta e de união. Ainda para mais, o Arménio já veio dizer que esta manifestação é de todos nós.
É altura de exigirmos os nossos direitos de volta, a nossa dignidade, dos nossos filhos, dos nossos pais, de todos nós. Sábado lá estaremos!
É altura de exigir que os culpados por esta "crise" (sim, entre aspas, porque crise é só para alguns), sejam julgados pela miséria que estão a criar, pelo desemprego, pela fome. São ladrões, são fascistas, são mentirosos e merecem ser punidos por isso. E porque tenho que dar respostas à minha filha quando esta me pergunta "Se o Passos Coelho rouba as pessoas porque é que não o põem de castigo?".

Tudo o resto que tenho para dizer está aqui http://lolitar.blogspot.pt/2012/09/15-de-setembro-queremos-as-nossas-vidas.html e aqui http://lolitar.blogspot.pt/2012/04/e-o-25-de-abril-aqui-tao-perto-e-tao.html.

Depois de ver polícias a identificarem um estudante, dentro da sua própria escola por se manifestar contra o bunny steps; ver um jornalista que filmou a situação ser agredido por um segurança; mais aturar um anormal qualquer de uma comissãozeca de ética (?????) dizer barbaridades, estou arrumadíssima.
Tenho que guardar o meu fôlego e o latim para sábado!
Acordai!

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Laura vegetariana

Pergunta-me ela, olhando de esguelha para o prato:
- Oh mãe, o frango é peixe?
Limitei-me a dizer que não, já com medo do que vinha por aí.
- Não???!! Então é o quê?
- Bem... hum... é carne...
- Oh mãe, carne? Estás a dizer-me que o frango é um bicho???!!!
- Pois... é isso...
Responde-me ela com o ar mais desconfiado do mundo:
- Mas diz-me lá conheces algum bicho chamado frango? A sério! Diz lá!
- Pois, chamado frango realmente não conheço.
- Então pronto.
- Então pronto.

Uffa!!!! Ainda bem que só conheço Essis, Magalis, Pigs, Plumas, Molys, Snoopys, Pantufas, Minús e nenhum se chama frango!!!



Coisas que sei que não devia fazer


mas faço na mesma...

- Fumar - sempre que tenho que correr para apanhar o autocarro ou quando se aproxima um check-up qualquer médico, lembro-me disto;

- Perguntar ao segurança do Lidl se me quer carregar as compras, já que não pára de me seguir - o senhor está a cumprir ordens e não tem culpa de ter um trabalho que o faz andar a perseguir quem vai comprar o jantar;

- Aceitar a sugestão da Laura e saltar em cima de folhas caídas das árvores, sem antes verificar o terreno - calham-se sempre a mim, que nem galochas tenho, o raio das poças de água fria e suja de terra;

- Desligar o despertador e deixar-me ficar só mais cinco minutos - não aprendo! e depois é uma correria de manhã;

- Vestir collants no inverno, só para não dizerem que ando sempre de calças de ganga - passo o dia a coçar-me e a puxar o raio dos collants para cima;

- Não levar chapéu de chuva, mesmo quando sei que vai chover - tenho a mania que nunca me molho, o que é um autêntico mito;

- Pentear as bonecas da Laura com a minha própria escova - depois ando cheia de cabelos loiros e tão brilhantes que ofuscam qualquer pessoa, presos ao meu cabelo;

- Ignorar as polaroids que se vão descolando e caíndo no chão, só porque tenho preguiça de me baixar - qualquer dia o R. faz o mesmo e passamos a ter soalho de fotografias, em vez de madeiras;

- Negar-me a pagar para ter televisão em casa - tenho saudades de vegetar no sofá a ver séries estúpidas;

- Lavar o cabelo todos os dias - qualquer dia fico careca;

- Deixar de tocar trombone quando espirro - a Essi fica com medo de mim;

- Atirar tudo o que é papelada para dentro da mala - quero tirar o passe e sai-me a conta da electricidade;

- Comer bitoques em frente à Magali - a cadela um dia destes passa-se e ataca-me;

- Achar que as pessoas sentem que estou perto só porque penso nelas - outro mito: a telepatia;

- Stressar-me com a falta de tempo - o tempo não pára lá porque eu ando tipo barata-tonta a correr de um lado para o outro.


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

1º dia de escola

E um sorriso do tamanho do mundo. Meu e dela. Também fui trabalhar de sorriso nos lábios, peito cheio de mãe orgulhosa. E cheia de saudades daquele cheiro a moranguinho silvestre e daqueles abraços que provocam meteoritos no espaço!


Nós em viagem

no nosso ninhomóvel e começa a choviscar.
- Oh pai, liga essa coisa!
- Que coisa?
- O pára-balizas!
Nós - hahahahahhahahah!!!!!!!!!!

sábado, 22 de setembro de 2012

Será que sou uma tagarela?

Ou terei sangue de papagaio? É que nem os posts todos juntos das outras lolitas me ganham... Ou bato um record qualquer do guiness porque palro comó caraças ou as restantes lolitas que se ponham a dar aos dedos!

É que nem a desculpa da falta de temas pode ser para aqui chamado, que @s noss@s leitor@s são uns/umas querid@s e dão sempre uma ajudinha!

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Hoje perdi uma pessoa muito especial

Perdi a minha avó emprestada. Mãe do meu pai emprestado. Uma das pessoas do meu coração. Da família do coração. Estava tudo pensado para apanhar ir visitá-la amanhã com a Laura. Tudo programado. Recebi a notícia e fiquei feita barata-tonta. Toma as chaves do carro, ai não quero, afinal quero, pensando melhor não quero, vou para onde mesmo, fazer o quê mesmo, dizer o quê, tenho lenços suficientes na mala, a camisola não está passada a ferro não posso ir assim...
Ficaram coisas por dizer. Miminhos por dar. Sorrisos por trocar. Os "já tinha 90 anos" que tanto ouvi hoje em nada me tiram a tristeza. Não me secam as lágrimas. Nem me tiram este nó da garganta.
Ficam as saudades. Fica a lembrança de um arroz de pato a fingir que a Laura cozinhava nos pequenos pratos de prata e obrigava a S. a comer. As tendas feitas de lençóis 100% algodão. Os primeiros passinhos naquela sala gigante. Ficam na memória as noitadas de king e o esparregado para me saciar, grávida da Laura. Fica a quadratura do círculo e os elogios ao meu crochet. As histórias sobre Paris e Versailles nunca mais serão as mesmas. Nem a mousse de chocolate terá o mesmo sabor.
Fica o sentimento de perda e o sentimento do que quis dizer e não disse.
Porque dói. Quando se ama, dói. Sejam noventa anos, cem ou mil.
Ainda ali fiquei umas boas horas a observá-la, na esperança de algum sopro lhe sair pela boca. Podia ser uma partidinha, só. Como acontece nos filmes. Nunca tinha ficado assim tanto tempo. Primeiro, passei timidamente e olhei de esguelha. Depois ganhei coragem e olhei. Vi e tornei a olhar. E ali fiquei, como que hipnotizada, em silêncio, a desejar que ninguém me dirigisse a palavra.
Fica a angústia de acordar a meio da noite e não estar lá ninguém.
Nunca tive jeito para perder pessoas. E acho que é um jeito que nunca vou conseguir aprender...


terça-feira, 18 de setembro de 2012

Fronteiras (obrigada oh sandrinha!!)

Há vários tipos de fronteiras. Há as fronteiras geográficas e eu sou péssima a geografia. Mas assim mesmo péssima. De tal modo que nunca escolho o azul no trivial. Eu percebo que seja uma maneira de organizar os continentes, países, cidades, juntas... mas eu gosto de me ver como cidadã do mundo. Sem fronteiras.
E adoro jogar trivial. Fico-me é pelo cor de rosa e pelo castanho e faço figas para que não me saia uma pergunta sobre golf ou sobre o mundial de futebol no cor de laranja. Só sei que o o do México que foi em 86 - México 86 lá lá lá lá!
Gosto de jogar twister, mas com a rosa que inventa órgãos até ficar nas posições mais estrambólicas que possam imaginar.
Ainda cheguei a ter as pulgas da cama - devem existir pulgas na cama de gente de todo o mundo - mas a raça das pulgas saltavam do tabuleiro e ninguém as apanhava. Nunca tive foi a operação...
E o jogo dos países. Ai o jogo dos países. Adoro jogar aos países, apesar das linhas que vão ficando cada vez mais tortas, à medida que se vai avançando nas letras. Mas lá está, falta-me sempre algum país ou cidade para gritar "stoooooooop".
Não posso deixar de referir o jogo dos coelhinhos na wii. Eles também passeiam pelos continentes - deve poder contar como uma aula de geografia.
Os jogos de cartas também devem ser jogos do mundo... a sueca, a espadinha, o king, o poker...
E que saudades tenho eu dos matraquilhos! E de noites de jogos!
Jogar jogos é linguagem universal! Sem fronteiras!


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

15 de Setembro! Queremos as nossas vidas!!!


Porque já chega! Porque não posso tolerar mais isto!
Eu quero pagar impostos para ter um sistema de saúde decente, para que a minha filha possa ter uma educação decente, para pagar subsídios de desemprego, RSIs, abonos, reformas, para fomentar a cultura e não para alimentar governos atrás de governos corruptos, autoritários, sem qualquer noção da realidade.
Ninguém come submarinos ao pequeno almoço, mas este governo faz questão de nos comer as refeições todas. Desde quando se gera alguma coisa de bom com taxas de desemprego assustadoras, com a cultura barrada, com uma data de putos mimados a viverem acima das nossas possibilidades e a injectarem o nosso dinheiro na banca? A torturaram quem está doente, ao diminuírem o valor das baixas médicas. A gozarem com os professores e com as nossas crianças, com multas para alunos faltosos e com a miséria que vivemos, distribuindo pequenos almoços pelas cantinas - em vez de dignificarem de uma vez por todas a profissão, em vez de averiguarem a razão das faltas e de darem condições às famílias para que comam em casa, à mesa. A vergonha dos empréstimos para compra de casa. Ora uma pessoa perde a casa porque não a consegue pagar e ainda fica uma vida inteira a pagá-la??? Tirar subsídios a reformados??? Mas esta gente não está boa da cabeça. A quem trabalhou uma vida inteiraaaaa!!!

Quantos sonhos, quantas vidas já vi serem destruídos a troco de uma troika mágica que nos vai salvar. Mas salvar do quê? A quem? Ao povo não é de certeza! Vão salvar quem teve que abandonar tudo e já emigrou? Vão salvar quem já desistiu de ter filhos, porque neste país é quase crime ter filhos! Vão salvar quem investiu tudo nos estudos e acabou no desemprego? Vão salvar os jovens que nem dinheiro para estudar têm? E se ser piegas é viver isto, então eu sou piegas. É que sou mesmo muito piegas! E este governo é sádico e parece uma anedota. Ou um filme de terror.

Não têm vergonha na cara? É que eu tenho vergonha de viver uma vida assim, com medo. Com medo que o dinheiro não chegue (e caraças, nunca chega!!!) ao fim do mês, medo que a L. adoeça e tenha que pedir baixa, medo de ligar o aquecedor no inverno, não vá a conta disparar, medo de lhe prometer uma ida ao jardim zoológico, não vá a nossa cadela precisar de mais algum tratamento. Tenho vergonha não é de ter não ter dinheiro! Tenho vergonha de estar a ser roubada descaradamente! Tenho vergonha de imaginar que alguém elegeu estes animais para nos desgovernar.

Já aqui escrevi e volto a escrever: ou estão comigo ou estão contra mim.
Porque estarem comigo é desejarem (e exigirem) aquilo a que têm direito. Não é ficarem de rabo sentado no sofá nem ir apanhar sol para a praia porque até está calor. Não é atacarem quem recebe o RSI, porque meus caros, obviamente que nenhum país fica na falência por causa disso. Não é tentarem denegrir a imagem de quem se manifesta, como tenho assistido (horrorizada) em redes sociais, como "gente que não quer trabalhar", ou que só "gosta de festarolas", porque quem se manifesta são Pessoas. Como eu e tu. Pessoas! Mais ou menos preguiçosos, mais ou menos piegas, mais ou menos felizes, são Pessoas que estão a ser saqueadas e que estão muito, mesmo muito indignadas!

A vida que prometo à minha filha, todos os sonhos cor de rosa que lhe prometo, não vão ser estes porcos fascistas e oportunistas que lhos vão tirar!
Apesar dos cinco aninhos, ela não é cega. E sabe que tem coleguinhas a passar fome.Faz algum sentido darmos-lhe lições sobre amor, sobre solidariedade, sobre paz, sobre a liberdade para recuarmos décadas e mais décadas de direitos que conquistámos???!!!
E se vocês consentem, caladinhos e contentes com a vossa vidinha de merda, indiferentes ao que se passa à vossa volta, então são também porcos fascistas, que não vêm a miséria que se está a gerar e terei que usar uma expressão da Ângela Crespo "Vão-se foder!!!"!

Que raio de mulher, de mãe, de companheira, de lolita, de amiga, de irmã seria eu se não fosse para a rua dia 15 de Setembro exigir que os (des)governantes que nos tentam tirar tudo de modo selvático, sejam responsabilizados criminalmente.

Para não me alongar mais, só me resta agradecer a quem sai à rua e grita até que a voz lhe doa, para depois continuar a gritar! O meu agradecimento por me fazerem acreditar que o povo unido jamais será vencido. Sei que junt@s conseguiremos uma sociedade justa e equilibrada.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

sobre o 15 de Setembro

dia 15 de Setembro vamos todos para a rua. já não há mais desculpas. é um sábado, ao final do dia. primeira razão para que não haja desculpas de pessoas que não podem / não querem faltar ao trabalho por mais uma greve com sentido supostamente questionável. agora não, agora temos todos de sair à rua. não interessa se somos de esquerda ou de direita. se costumamos ou não costumamos ir a manifestações. aliás nem interessa se votamos neste governo ou se nos dia das eleições não fomos votar. apesar de apelar sempre e incondicionalmente ao voto, mesmo que não votemos em ninguém, acredito que a abstenção é também um sinal de descontentamento. que não leva a lado nenhum, é certo, mas uma marca de desânimo.

a diferença desta manifestações para as anteriores é que o que se está a passar está infiltrado na nossa vida. daí fazer todo o sentido que esta manifestação se chame "queremos as nossas vidas". porque as pessoas andam tristes. mais tristes, desanimadas. de repente o que antes era uma mera questão política começou a entrar na nossa vida, na nossa forma de estar, nas razões que nos fazem custar acordar de manhã. aliás, minto. isto não acontece a toda a gente. acontece às "minhas pessoas", quase a todas. porque há uma classe privilegiada que não está a sofrer o mesmo que nós. porque se a mim me tiram mais 7% para uma segurança social esclerosada noto a diferença em cada um dos meus dias. se a quem ganha milhares por mês lhes for tirada a mesma percentagem o estrago é menor. portanto não me venham falar de que todos temos de sofrer os cortes. como dizia josé gil só existem três classes hoje em dia: desesperados, ameaçados e privilegiados. mas claro que não posso deixar de referir que bonito é ver que mesmo os privilegiados saem também à rua em defesa dos que não o são. porque, vou afirmar mais uma vez, isto não é só sobre nós. isto é sobre o país onde (ainda) vivemos. sobre as crianças que vêm aí. de repente, não sei se repararam, mas começámos a viver num país sub-desenvolvido. onde as crianças não têm direito a tratamento individual nas escolas onde o sistema de saúde roça o terceiro-mundismo. onde se tira dinheiro a quem não tem, onde quem tem pouco paga pelos que têm muito. onde as empresas são beneficiadas na esperança de um dia darem trabalho mas quem tem ordenados miseráveis vê o seu rendimento mensal cortado, logo o consumo diminui e a economia colapsa. onde, e a cima de tudo, quem tem dinheiro safa-se, quem não o tem trama-se. a todos os níveis, saúde, educação.


por fim gostava de referir uma última questão. tenho um bom trabalho, um contrato sem termo (se bem que hoje em dia isso não vale quase nada) e um ordenado razoável. no entanto o que esse ordenado razoável me permite é ter uma casa sozinha numas águas furtadas nos Poiais de São Bento, contas e comida, umas garrafas de vinho para se tiver visitas, comprar 2 a 4 livros por mês, 1 a 2 jantares fora por mês, telemóvel e gasolina e, às vezes, uma prenda de aniversário ou outra extravagância do género. não podemos entrar em miserabilismos. eu não me quero ter de defender com o "eu também ganho pouco" e ser acusada de ser gastadora por quem ganha o ordenado mínimo. a grande diferença entre mim e quem ganha esses ordenados vergonhosos e que eles nem independentes podem ser. e eles não são poucos. são milhares. milhares de pessoas que não podem ter uma casa própria. milhares de famílias que se mantêm unidas por questões financeiras. não quero que nesta luta interesse quanto ganho eu ou quanto ganha o vizinho do lado. interessa que vivemos uma época em que estamos a ser roubados sem precedentes. a pagar uma dívida que não é nossa. e pior, a sacrificar quem não pode ser sacrificado, quem não tem mais por onde dar, enquanto vemos quem pode a fazer tudo por proteger o seu quintal. sem perceber que isto vai, mais tarde ou mais cedo, afectar toda a gente. porque estamos a tornar-nos um país doente, um país triste, um país que se quer ir embora.

amigos, só sobramos nós. a nossa voz e a força do que somos em grupo. sábado, às 17h, encontramo-nos na Praça José Fontana. se não temos mais nada temos a nossa voz em coro.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

carta aberta à minha lolita

querida sandra,
como disse há uns posts atrás temos de ser mais pirosas umas com as outras. e por isso escrevo aqui neste blog esta carta aberta porque não só te digo a ti as coisas que quero dizer como a todas as nossas lolitas e visitantes. não vou, por isso, entrar em grandes questões pessoais, vou apenas dizer aquilo que quero que essas tais pessoas, lolitas e visitantes, saibam. o resto lês nas entrelinhas que sei que fazes isso muito bem.
ontem fui jantar a tua casa. a sensação que me dá jantar em tua casa é a sensação de estar em casa. o jantar maravilhoso como sempre ("não, que eu não sei cozinhar, aviso logo toda a gente que não sei cozinhar"), o poder estar com o teu filho giro em paz e tranquilidade, com ele sempre ao pé de nós a contar o que foi bom nas férias gigantes que ele teve e a falar de livros. há sempre um momento bonito na minha relação com as minhas crianças que é quando começo a falar com eles de livros. depois acho que há uma coisa tua que sempre me fascinou, desde o ano em que nos conhecemos em que ainda me sentava ao teu colo para ter mimo e achava que tinhas mais 10 anos do que tinhas, que é o facto de que, aconteça o que acontecer tu sabes sempre mais e tens sempre coisas para me ensinar. e digo isso a toda a gente. que tu sabes mais e melhor do que eu e que tenho sempre a aprender contigo. és a minha amiga mais velha no que isso tem de bom que às vezes também és a minha amiga mais nova e eu tomo conta de ti, já sabes.
por tudo o que falámos acho mesmo que "apesar de tudo" tens a chave para o que está certo. tens sempre. e eu preciso de contigo aprender essas coisas.
e pronto. mais nada. só que foi bom estar descalça na tua rede a apanhar o ar quase fresco da noite. a cima de tudo o que preciso para a minha vida é de paz e foi isso que tivemos ontem. e podes ler aqui o que senti no regresso a casa, ao passar pela minha casa antiga.
enfim, por agora é só isto. pode ser que tenhamos cartas em papel para dizer o resto. mas se disser que és a minha heroína tu sabes do que estou a falar e isso chega-me  :)
e só posso terminar com um "vai tudo correr bem". vais ver desaperecer tempestade a tempestade. porque tu sabes tudo bem. porque és esperta e sabes o caminho certo. porque és toda feita de coração e por isso nada pode correr mal. nem era justo.
um beijo grande sandrinha, e até já.





terça-feira, 4 de setembro de 2012

Nem sei o que sentir, quanto mais o que escrever...


Ontem foi dia de transformar em cinzas o passado. Ainda andei a passear a minha mãe por Lisboa, se bem que não me respondeu a nada do que perguntei. Nem quando lhe perguntei se preferia ir por São Sebastião ou pela Lusíada. Passou a nossa música no rádio. Caramba! - pensei eu... quais são as probabilidades de isto acontecer??!!! Quando estacionei apercebi-me do peso. Do peso que me deu cabo do braço e do peso no peito. Tentei dormir. Nada. Por culpa dos elefantes com cascos que vivem no andar de cima. Optei por me deitar no chão e ser lambida pelas minhas amigas 4 patas, até rirmos as 3 às gargalhadas. Depois fui estender roupa. Adoro o cheiro a roupa lavada.
Fui buscar a piolha à escola. Adoro ir buscá-la à escola. Perguntou-me se o meu dia tinha sido bom. Se me tinha corrido bem o trabalho e que tinha tido saudades minhas. Nem imaginas as saudades que tive tuas, Laurinha. Nem imaginas.
Fomos tirar fotos tipo-passe. O banco era areia e o chão era o mar. As fotos ficaram o máximo.
Fomos inscrevê-la na nova escola de dança. As senhoras da secretaria ficaram fãs dela - que querida, tão educadinha, tão simpática, fala tantoooo.
E para festejarmos a tarde boa que tivémos fomos comer um gelado de mão dada e ler uma história na esplanada. O sorriso e as gargalhadas dela mantém-se inalteráveis - era ainda um bebé de colo, que nem o pescoço conseguia aguentar e ria-se exactamente como se ri hoje, quando leio para ela.
A Laura não é nenhum medicamento. Nem serve para me fazer sentir bem. Mas que me faz esquecer os males que me perseguem, isso sem dúvida que sim. É pura magia, digo eu.