sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A sorte de perder o autocarro

que me leva direitinha para o trabalho e me faz atravessar a Gulbenkian, de manhãzinha, com os patinhos ainda a dormitar na relva húmida e com os passarinhos a cantar só para mim!
A vida sorri-me!


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

As raças perigosas

Muitas voltas tenho eu dado a pensar no assunto.
Na semana passada apanhei uma notícia num qualquer jornal online que me chocou. Então uma senhora nega um bocado de pão ao seu animal e ele mata-a???!!! Se fosse um caniche teria sido fatal? Se fosse uma Essi ou uma Magali ou um Woddy? Não!
Há lutas de cães com chiwawas? Não!
Há crianças a morrerem com dentadas de labradores? Não!
Sempre ouvi dizer que tem medo compra um cão... e quem compra estes cães deve ser responsabilizado até às últimas consequências, porque realmente há diferenças entre ter um peixinho cor-de-laranja e um tubarão; entre ter um gato e um leão. Há animais que não são de estimação. Há animais que não são de companhia nem são para termos em casa.
Um animal é suposto ser nosso companheiro, faz parte da família; não é para ser objecto de show off, nem símbolo de  poder e não deve servir para meter medo a ninguém. Até pode assustar para guardar a casa, mas não mata ninguém.


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

novo projecto com pedido de ajuda

caros amigos caras gentes dos livros e das suas áreas vizinhas caros todos,
tenho um novo projecto em mãos que mais uma vez precisa da vossa ajuda.

comecei a pensar no que seria passar a vida sem ler. revistas, jornais. sem ler as pessoas, as expressões, a linguagem corporal. sem ler ementas do restaurante. sem ler legendas de filmes. e, finalmente, sem ler livros. e foi aqui que pensei que podia fazer alguma coisa. o meu primeiro trabalho foi gravar audio-livros para crianças cegas, amblíopes e de baixa visão para o Ministério da Educação. e aquele trabalho tão simples fazia sentido. e é nesse sentido que pretendo pegar agora.

a ideia é fazer audio-livros por encomenda. um trabalho totalmente voluntário. acredito que é importante que o trabalho de cada um seja pago e infelizmente muitas vezes a remuneração por um serviço valida-o. no entanto acredito que em determinadas alturas na nossa vida temos de conseguir fazer algo que não esteja apenas acessível a quem pode e sim a todos. a única coisa que é necessário é que quem queira um audio-livro escreva um e-mail para leremvozalta@gmail.com e procure nesse e-mail explicar o porquê de determinada pessoa querer aquele determinado livro. a razão deve centrar-se no livro, sempre, na escolha do livro. os livros podem ser de todos os tipos. podem até ser estrangeiros. o tempo de gravação é negociado com o cliente de acordo com o tamanho do livro, com a disponibilidade dos técnicos e com a minha disponibilidade. o livro é absolutamente pessoal por isso podem ser partes de livros, conjuntos de livros, e podemos gravar dedicatórias ou outras mensagens e/ou comentários pessoais.

agora é nesta parte que vocês entram:

- eu vou ler os livros e fazer a produção do projecto. com o tempo e se isto crescer (que espero mesmo que sim) vou precisar de mais voluntários para ler.

- preciso de técnicos de som que aceitem trabalhar nisto sem remuneração. não tem de ser um para a totalidade dos livros, pode ser um por livro ou por alguns livros. por técnico de som refiro-me a alguém que possa gravar e montar o livro enquanto eu o leio, que tenha os materiais e os conhecimentos necessários a essa função. a minha disponibilidade é finais de tarde e fins de semana, no entando podem surgir outros leitores com outros horários. moro em lisboa portanto é esta a zona onde estou sempre. posso no entando deslocar-me a outras zonas num fim de semana de trabalho intensivo.

- preciso de criar um site para o projecto. uma coisa muito simples onde se fale do projecto, se procure clientes e voluntários e onde, eventualmente, se possa mais tarde descarregar livros.

- preciso de um nome! preciso de um nome bom para isto!

- preciso de divulgação do projecto. sobretudo para procurar técnicos e clientes.

a quem conseguiu chegar ao fim deste post, um muito obrigada. ler isto foi fácil. agora vamos lá ler livros?

um bem haja a todos desde já

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

carta aberta às lolitas

isto das lolitas anda às voltas na minha cabeça. no outro dia à volta de ser lolita em conversa com uma lolita eu dizia que não era capaz de tirar uma lolita da minha vida zangar-me muito com ela ou seja o que for. outra lolita responde que ser lolita ou não não interessa se uma lolita errar, falhar o corte é tão real como com qualquer outra pessoa. claro que esta conversa foi tida num momento quente e portanto claro que não pensa isto. mas a mim deixou-me a pensar.

as amigas que eu mais detestei, que mais me irritaram, que mais me fizeram chorar neste mundo foram as lolitas. são teimosas, donas da razão, mega sentimentais e mais defeitos por aí a cima. como somos todas assim acabamos por chocar umas com as outros em alguns momentos da vida. eu até defendo que muitos desses choques nem se vêem à superfície.

mas na verdade depois de pensar muito nisso descobri o que é para mim ser lolita. ou o que é ser uma "minha" lolita. minha lolita. sem aspas. são as miúdas que estiveram comigo nas minhas curvas todas em momentos diferentes, ampararam-me os golpes, as quedas. são as lolitas que eu quero ao pé de mim em todos os momentos de viragem. em todos os momentos planos.  cada uma tem uma função diferente e é uma pessoa diferente para mim.

há algo de mágico nas lolitas. primeiro há qualquer coisa dentro de nós que é como um segredo. que nem os filhos, nem namorados, nem amigos e amigas entendem. se estivermos numa festa de anos, num pós-natal e lá estiverem as lolitas elas estão sempre de olhos umas nas outras. sentam-se umas ao pé das outras à vez. conhecem lados diferentes umas das outras, contam umas às outras o que se passa com cada uma delas. somos leoas em defesa umas das outras e como às vezes as discussões são entre lolitas parecemos baratas tontas.

hoje acordei cansada. e de repente lembrei-me que hoje à noite vou ter duas lolitas em casa. e mais uma mão cheia de amigos. e mais do que me alegrar o dia, dá-me esperança. nem sei explicar muito bem isto. é como se enquanto elas estiverem comigo este desânimo do quotidiano deixasse de fazer sentido. elas não põem pensos rápidos nas feridas. elas fazem com que elas deixem de existir.

por isso lolitas queridas, escrevam o que vos escrevo e se isto der para o torto esfreguem-me isto na cara. vocês são as minhas caras-metade. e ter tantas metades de caras é uma sorte que eu vejo todos os dias. e se porventura eu um dia vos disser que só vos quero matar e já não vos consigo ver aquilo não é um coração a explodir é um fogo de artifício.

só acho que nos faz falta uma coisa. falar mais. estarmos mais. olharmos mais umas para as outras. gritarmos mais, chorarmos mais se tiver de ser. sermos mais pirosas. porque só uma percentagem pequenina do mundo tem a nossa sorte. vocês são o meu escudo invisível. a minha muralha. e o amor que vos tenho vai daqui até à lua.







certezas absolutas

tenho pensado muito nas certezas absolutas. o conceito em si é ridículo, porque uma pessoa não pode saber nada em absoluto, a não que seja absoluto para si e para o resto do mundo não, mas logo aí o conceito de absoluto fica de pernas para o ar.
acho que as certezas absolutas são uma doença do século. com as coisas más que nos acontecem, as vidas difíceis que vamos tendo por diversas razões, acabamos por nos virar para dentro. somos pessoas viradas para dentro. e depois aumentamos com uma mega lupa tudo aquilo que sentimos e acabamos por ver o mundo à nossa semelhança. nada mais natural dirão uns. evitável, digo eu.
e depois temos as pessoas que vivem sozinhas que acham que viver sozinho é que é bom, quem encontrou uma pessoa para a vida que acha que partilhar vida assim é que é bom, quem  é mãe que acha que quem não tem filhos não sabe da missa a metade, quem supera as desilusões num instante acha que quem não supera é preguiçoso, quem trabalha num sítio horrível mas ganha bem acha que esse é o pior dos infernos, quem trabalha num sítio fixe e ganha mal acha que esse é o pior dos infernos. e por aí fora. a lista é extensa. quem não gosta de leite com café porque não faz a digestão acha que niguém devia beber leite com café, porque faz mal. a nossa família é a melhor, mas invejamos a dos outros que parece não ter problemas. a nossa forma de limpar é melhor que a da mulher a dias e toda a gente sabe que não se cozinha com vinho tinto e não faz sentido nenhum usar manteiga com sal porque a manteiga sem sal é exactamente igual e não faz tão mal. etcetera.

não que eu esteja mal disposta, que não estou. estou a tentar manter a mente aberta, meus amigos, estou mesmo a tentar. ouvir o que os outros têm a dizer. tentar explicar-lhes o que penso e talvez mudar de opinião. evitar que me digam que não posso falar de cianças porque não tenho filhos ou do desemprego porque felizmente não passei por isso. a nossa vida não se faz só da nossa experiência. comigo cresceram muitas crianças e sei segredos deles que as mães não sabem. não sei o que é o desemprego nem sei o que é não ter férias contadas ou dias inteiros meus à minha frente. não conheço a angústia de ter a corda ao pescoço mas conheço a angústia de não poder escolher tê-la. as minhas experiências fundem-se nas experiências de quem adoro e com quem aprendo todos os dias. estou em guerra contra a intolerância porque a todos os níveis a intolerância é a maior estupidez de um ser humano.

por isso sejamos pró-amor, vá lá. olhem à volta. e deixem que ganhar o euro-milhões seja a maior alegria de uma pessoa porque "o dinheiro não compra a felicidade" mas compra o direito a poder ir procurá-la sem amarras. eu cá havia de ser muito feliz se tivesse muito dinheiro. e se tivesse um filho. ou se tivesse outro trabalho. mas só eu sei como sou feliz no meu sofá, com aquele sol todo a bater-me nos pés, ao final da tarde. este discurso é para vocês e para mim própria. numa espécie de reflexão dos 30 anos e um futuro que se avista como um gigante ponto de interrogação. e há lá coisa melhor do que não saber nada do que aí vem?  

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

5 anos de ti

Cinco anos felizes. Cinco anos a ver-te crescer. A ensinares-me o que é ser mãe. A ensinares-me que o mimo nunca é demais.
Parabéns, minha menina linda.
Muitos, muitos parabéns.


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

regras dos exploradores caçadores de tesouros e de piratas







- um explorador sabe distinguir entre lixo e pistas do tesouro

- um explorador sabe porque é que aquele pedaço de coisa nenhuma é uma pista e não um bocado de lixo. sabe explicar.
- um explorador nunca se queixa. sofre pelas mesmas coisas que os outros (calor, sede, picos no vestido) mas nunca se queixa.
- um explorador sabe que os piratas para nos despistar desfizeram o mapa do tesouro em muitas partes pequeninas e nos bocados que deixaram no chão alteraram umas partes preciosas - um explorador sabe ler nas entrelinhas de um mapa adulterado.
- um explorador usa chapéu
- um explorador leva consigo do princípio ao fim da exploração todas as coisas que decide levar de casa
- um explorador tem de ser pequenino para se esconder das câmaras de filmar dos piratas. ou então de se camuflar nas árvores.
- um explorador tem de falar por gestos, códigos e olhares porque os piratas estão sempre a gravar o que dizemos.
- um explorador foge dos carros.
- um explorador percebe se vem lá um carro se puser o ouvido junto ao chão. não convém fazer isso quando o carro está a passar.
- um explorador tem o direito inegável de ir ao parque infantil no final da expedição se puser as pistas bem guardadas dentro do chapéu.

posto isto podemos declarar a laura e o tiago exploradores do poço partido, com direito a distinção e louvor e, claro, a um tesouro cheio de jóias no final.


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

regresso a casa

tenho a vida toda como ondas irrequietas debaixo dos meus pés. sinto-me a viajar sem corpo noutro sítio qualquer. pego num livro esqueço-me dele em cima da mesa. sinto-me como se fosse uma fotografia desfocada. arrumo a casa como quem arruma o coração. tenho o meu espaço todo no sítio e um lar onde caibo demasiado bem. e procuro sempre outro sítio para estar. lembro as amigas da taiândia e alguns momentos em que não queria estar noutro sítio. talvez esta seja uma ressaca doutros sítios. se calhar o meu coração não poisou aqui. se calhar o meu coração quer ser outro e lhe falte a coragem para novos caminhos.

então seguro-me nos ombros e digo: vai. vai para a praia. vai para ao pé das tuas amigas. deixa a tua casa ganhar saudades. ganha a certeza de que dali ninguém te tira. que ainda amas a solidão a qualquer custo. que te tiram tudo mas nunca o amor pela vida. se te faltam as mãos para te abanar nunca te falta o amor de cem outras mãos. sabes que voltas domingo e que tens a joana o francisco a raquel o duarte a luísa a leonor o afonso a teresa a maria e a diana à tua espera. que te vai faltar o ar de tantos abraços. e vais recordar o dia em que na tailândia te disseram que eras essencial. que podias ir e que te esperavam ao voltar. e que nos dias em que precisaste de não dizer nada mil vozes estavam suspensas por ti. que a solidão será sempre a melhor escolha e nunca um castigo.

e quando não tiveres mais forças, nenhumas, nenhumas, tens ainda uma prenda para dar. que mesmo fora do contexto vai comover uma amizade de pedra. e é uma prenda que diz isso. que aconteça o que acontecer por mais tempestades que te tirem a respiração a vida que tiveste ninguém te tira. e depois dessa prenda o silêncio fará mais sentido. porque a memória está presa à pele e essa nunca nos deixa o corpo solto. e o futuro será sempre o que quiseres. e enquanto ele for um gigante ponto de interrogação terás todas as portas abertas. e isto que ensinaste a toda a gente hoje é a ti que o dizes. e depois disto vais focar-te outra vez, e vais sentar-te na tua cozinha e beber um martini ao final da tarde, antes de um jantar gourmet qualquer. e tudo vai voltar a fazer o sentido de antes. porque nunca soube ser se não alma. e apesar da dor que muitas vezes isso me causa a maior parte das vezes sou absolutamente por inteiro. e isso não troco por nenhuma outra coisa.

lolitas na praia





agora é meter tudo nas malas à pressa e rumar ao algarve descansar com as lolitas!
(pronto não são todas mas fica aqui a memória do único dia em que as metemos todas juntas dentro de dois carros para ir para a praia!)


até já lolitas!!
loviú