quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Para a Inês

Nunca tinha pensado muito no assunto, para ser sincera, mas o episódio que se passou no sábado levou-me a pensar sobre isso. A Laura deixou a chucha e como ela adora animais decidimos levá-la a passear de burro. Foi lindo, a piolha estava delirante, orgulhosa em cima do burro alfredo. Uma paisagem linda, com o mar ao fundo, ovelhas, póneis, um sol magnífico, amoras silvestres, um dia mais do que feliz. Só que a meio caminho, o burro alfredo passou-se e desatou a correr com a Laura às costas. Eu era quem estava mais perto, agarrei-me à corda que o alfredo tinha presa, mas o bicho era mais (bastante) forte que eu e muito mais rápido, caí e fui a arrastar pela gravilha. Queimei a mão toda que tentava agarrar a corda até não haver mais corda e ali fiquei a ver a minha mais que tudo a ser levada por um animal a alta velocidade.
Desta vez aprendi que as mães deviam vir com asas.
A Laura, a menina mais corajosa deste planeta, deixou-se ficar de lado até roçar o chão e deixou-se cair, de olhos fechados e braços a proteger a cabeça. Nem com um arranhão ficou. Nem lágrimas lhe vimos.
Se lhe perguntarem, diz que a mãe se atirou para o chão para a salvar e ficou com sangue, mas nem lhe doeu. Porque sou a mãe dela e seja em que situação for, hei-de me arrastar na gravilha as vezes que achar que são necessárias porque ela é o meu tesouro. E não são uns joelhos esfolados, umas calças rasgadas que me vão parar.
É mesmo isso que lhe digo, querida Inês, tenha ela 2 anos ou 30. Que arrisque. Eu arrisquei, não ia valer de nada, mas arrisquei. Nem pensei. Muitas das vezes nem penso. Faço. Porque pelo menos fiz. Arrisco! Prefiro arrepender-me do que fiz, do que do que não fiz. Se não tivesse (tivéssemos) arriscado, não haveria uma Laurinha nas nossas vidas.

E sim, apanhámos o susto das nossas vidas! Foi inevitável pensarmos em tudo o que poderia ter corrido mal. Que poderíamos não estar no sofá, enroscadinhos a dar graças por tudo ter acabado bem. Por termos a nossa pequenina sã e salva a dormir um soninho descansado.

Mas demos-lhe um dia fantástico, com um final feliz. E é disso que a vida deve ser feita! De finais felizes!

A Laura continuou muito amiga do alfredo e prometeu visitá-lo mais vezes.


PS. Mil obrigadas ao Rui e à Marília que nos acolheram e me trataram das mazelas!

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