sexta-feira, 24 de agosto de 2012

carta aberta às lolitas

isto das lolitas anda às voltas na minha cabeça. no outro dia à volta de ser lolita em conversa com uma lolita eu dizia que não era capaz de tirar uma lolita da minha vida zangar-me muito com ela ou seja o que for. outra lolita responde que ser lolita ou não não interessa se uma lolita errar, falhar o corte é tão real como com qualquer outra pessoa. claro que esta conversa foi tida num momento quente e portanto claro que não pensa isto. mas a mim deixou-me a pensar.

as amigas que eu mais detestei, que mais me irritaram, que mais me fizeram chorar neste mundo foram as lolitas. são teimosas, donas da razão, mega sentimentais e mais defeitos por aí a cima. como somos todas assim acabamos por chocar umas com as outros em alguns momentos da vida. eu até defendo que muitos desses choques nem se vêem à superfície.

mas na verdade depois de pensar muito nisso descobri o que é para mim ser lolita. ou o que é ser uma "minha" lolita. minha lolita. sem aspas. são as miúdas que estiveram comigo nas minhas curvas todas em momentos diferentes, ampararam-me os golpes, as quedas. são as lolitas que eu quero ao pé de mim em todos os momentos de viragem. em todos os momentos planos.  cada uma tem uma função diferente e é uma pessoa diferente para mim.

há algo de mágico nas lolitas. primeiro há qualquer coisa dentro de nós que é como um segredo. que nem os filhos, nem namorados, nem amigos e amigas entendem. se estivermos numa festa de anos, num pós-natal e lá estiverem as lolitas elas estão sempre de olhos umas nas outras. sentam-se umas ao pé das outras à vez. conhecem lados diferentes umas das outras, contam umas às outras o que se passa com cada uma delas. somos leoas em defesa umas das outras e como às vezes as discussões são entre lolitas parecemos baratas tontas.

hoje acordei cansada. e de repente lembrei-me que hoje à noite vou ter duas lolitas em casa. e mais uma mão cheia de amigos. e mais do que me alegrar o dia, dá-me esperança. nem sei explicar muito bem isto. é como se enquanto elas estiverem comigo este desânimo do quotidiano deixasse de fazer sentido. elas não põem pensos rápidos nas feridas. elas fazem com que elas deixem de existir.

por isso lolitas queridas, escrevam o que vos escrevo e se isto der para o torto esfreguem-me isto na cara. vocês são as minhas caras-metade. e ter tantas metades de caras é uma sorte que eu vejo todos os dias. e se porventura eu um dia vos disser que só vos quero matar e já não vos consigo ver aquilo não é um coração a explodir é um fogo de artifício.

só acho que nos faz falta uma coisa. falar mais. estarmos mais. olharmos mais umas para as outras. gritarmos mais, chorarmos mais se tiver de ser. sermos mais pirosas. porque só uma percentagem pequenina do mundo tem a nossa sorte. vocês são o meu escudo invisível. a minha muralha. e o amor que vos tenho vai daqui até à lua.







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