domingo, 5 de maio de 2013

O primeiro Domingo de Maio


Imaginava lá eu que em 2006 festejaria o último dia da mãe com a minha mãe. Enchi-a de presentes. Lembro-me que chorámos abraçadas uma à outra. No fundo não queríamos presentes. Queríamos mais tempo. Queríamos uma cura. Um milagre.
Hoje, não tenho a mãe que tanto queria beijar. Mas tenho a filha a quem entalho os lençóis à noite, a quem encho de mimos cada vez que cai, quem carrego ao colo quando precisa de mimo, a quem prego ralhetes quando passa das marcas, a quem costuro vestidos para as bonecas, a quem obrigo a comer sopa, a quem leio histórias mesmo cheia de sono, a quem ensino as constelações na noites de agosto, a quem faço todos os bolos de aniversário, com quem planto dálias, ervilhas-de-cheiro e alfazema. Como a melhor mãe do mundo me ensinou.
Não há dia em que não sinta falta dela, da voz dela, do cheiro dela, do riso dela. E dói-me. Mas guardo essa saudade num sítio bem escondido no fundo do meu coração, para de cada vez que a Laura me perguntar se tenho não tenho saudades da minha mãe, eu conseguir responder com um sorriso sincero "Sim, tenho. Muitas. Imensas. Mas guardo-a aqui no meu peito para todo o sempre". E ela sorri também.

Por isso, tal como todos os dias desde que a Laura nasceu, todos os dias são nossos. E hoje foi dia de pequeno-almoço no sofá, de me oferecerem flores, de irmos à praia brincar, de uma birra porque a barbie tinha as maminhas à mostra e não encontrávamos a parte de cima, foi dia de fazer festinhas à Essi e à Magali, foi dia de sol, de falar mal do passos coelho, de abraços, de cantigas, de rock no auto-rádio, de insistir para que coma a sopa, foi dia de vestidos às florzinhas, de espalhar creme depois do banho, de pentear cabelos cheios de nós, de fazer rir a melhor filha do mundo e deixar-me levar pelo sorriso doce dela e deixá-la dar mais um mergulho. Dois. Três.

Já te ofereci a minha felicidade numa bandeja. A minha felicidade a ti te devo. Por me ensinares a ser forte. Por me ensinares o que realmente importa.
Obrigada, Mãe! Feliz dia da mãe, Mãe!


4 comentários:

  1. Respostas
    1. Tão lindo, este post. Fiquei com um nó na garganta. *

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    2. É tudo muito sentido! A vida tem destas coisas: ora nos tira ora nos dá tudo!
      Um beijinho, Joana :)

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