Eu refilo que ele atira a roupa para o chão, mas ele sabe qual a música que me faz abanar o rabiosque enquanto lavamos a loiça. Queixo-me de frio, mas é nos pés gelados dele que aninho os meus. Dói-me a cabeça por causa dos sons experimentais que se ouvem lá por casa, mas quando me dói a barriga, é a mão dele que me tira as dores. É por ele que rego aquele jacarandá que me suja o cabelo com folhas verdes minúsculas. É com ele que troco os bandinis que a rosa nos ofereceu. É com ele que gosto de beber café e partilhar cigarros. É a t-shirt dele que amarroto quando tenho medo nos filmes e onde limpo as lágrimas quando estou triste. São as cartas dele indecifráveis (aquilo é um p ou um f?) que adoro ler. É a voz dele que me faz sorrir de cada vez que atendo o telefone e oiço "hum...então, tudo bem? estás bem disposta?". É ele que me grava as músicas que eu adoro, mesmo quando fica com os cabelos em pé por causa da minha queda para coisas pirosas. É ao ouvido dele que eu quero contar o meu dia. Foi com ele que me casei milhares de vezes. É com ele que quero ter todos os filhos do mundo e é a ele que quero beijar para sempre.
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