quinta-feira, 26 de setembro de 2013

2ª semana de aulas sem professor

Pensava eu que ia mais furiosa, raivosa, revoltada e a espumar pela boca do que qualquer encarregado de educação daquela escola. Só não me lembrei que eu sou novata nesta coisa do 1º ciclo. Há gente que lida com isto há quatro anos. Por isso, havia gente bastante mais exaltada do que eu, que gritou, reclamou e esbracejou.

Ficámos a saber que (talvez) na 2ª feira já pode haver professor para o 1º ano. Que este atraso todo é culpa do Ministério da Educação que bloqueou o processo com burocracias, uma vez que se trata de uma escola TEIP (Territórios Educativos de Intervenção Prioritária), não foi possível iniciar-se a contratação de escola mais cedo.
O Director do agrupamento prometeu combater este cenário durante o próximo ano, para evitar futuras situações de turmas sem professor.

Também fiquei a saber que os alunos do 4º ano não têm porta na sala (sim, leram bem), porque a Parque Escolar não deu dinheiro para a arranjar.
Isto também é válido para uma "divisória" no recreio que divida os alunos do 1º ciclo do 2º e 3º ciclo (existe portanto uma linha imaginária, sem custos) e para a caldeira do balneário dos rapazes.

Há filas intermináveis para a compra de senhas de refeição porque não há pessoal - existe uma tesoureira para 1000 alunos e não há dinheiro para contratar mais pessoal.

Para terminar, houve queixas em relação aos alunos frequentarem as piscinas municipais 1 vez por semana. Porque chegam a casa muito cansados. E nem mesmo quando o Director os chamou à razão "há crianças que se não aprendem a nadar através da escola, nunca o vão fazer porque os pais não têm posses para isso", mudaram de opinião.

Vi professores dedicados que gostam daquilo que fazem. Que gostam de ensinar e que gostam das crianças.
Que se riram quando lhes perguntei se não havia maneira de pressionar as entidades (in)competentes, porque não têm eles feito outra coisa.
Pude finalmente agradecer pessoalmente à professora dos "meninos crescidos" que "acolheu" a minha filha.

A Laura não chorou mais para ir para a escola. Ainda não percebeu muito bem porque é que não tem professor, mas eu pedi-lhe para confiar em mim, que em breve irá para a sua sala de aula aprender a ler e a escrever.
Já é conhecida como a menina "despachada", que tem sempre alguma coisa para dizer.

Há falta de professores, inclusive do ensino especial, há falta de auxiliares e de pessoal administrativo (o que não se entende com tanta gente desempregada!) e os edifícios estão degradados (o caso do Liceu Camões é outro escândalo). Onde deveria ser a 2ª casa dos nossos filhos. Onde deveriam ser acarinhados e respeitados - O Ministério da Educação e a Parque Escolar não têm feito outra coisa se não desrespeitar a escola pública e a comunidade escolar (em particular, professores e alunos).

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