domingo, 11 de maio de 2014

De coração cheio


Acordámos com despertador, comemos, eu bebi café, arranjámo-nos e saímos porta fora. Último ensaio antes do espectáculo final.
Fui apanhar sol para a esplanada para fazer tempo. Apanhei-a 1 hora depois, com aquele sorriso gigante. Levei-a a almoçar ao chinês, para evitar os nervosos miudinhos que antecedem a subida a um palco. Contei-lhe histórias boas de quando a Sandra era nossa professora de teatro. Comemos dois pratos, só pagámos um. O senhor que nos atendeu disse que "menina muito educada não paga". Fomos comprar flores. Pagámos duas, trouxemos cinco - a florista derreteu-se com a tagarelice da Laura e desejou-lhe muito sucesso para o espectáculo e para a vida. Prometemos voltar e passar a comprar flores ali todas as semanas.
Fui deixá-la ao teatro. Pelo caminho confessou-me que não tinha medo, não via a hora de pisar aquele palco, mas que não queria falhar, que não queria desiludir ninguém. Laura, trabalhaste tanto para este dia. Estamos tão orgulhosos de ti. Diverte-te. Acima de tudo, diverte-te naquele palco. Amo-te. Ela abraçou-se a mim de lágrimas nos olhos, "assim fazes-me chorar, mãe", deu-me um beijo e entrou com uma segurança que eu não esperava. Fiquei a vê-la. Olhou para trás, sorriu e piscou-me o olho.
Quase duas horas mais tarde entrámos na sala. Ouvi-a chamar por mim. Estava na plateia aos pulinhos, feliz, a dizer-nos adeus.
Foi altura de subir ao palco. Ao som de um coro maravilhoso, vi-a dançar palco fora. Concentrada porque não queria falhar. Caiu uma vez, levantou-se e continuou como se nada fosse. Ajudou as mais pequeninas que se perdiam nas piruetas. Brilhou a dançar com as mais velhas. Sorriu cada vez que o seu olhar se cruzava com as parceiras de dança.Vi-a maior, vi-a realizada, vi-a sem vergonhas, sem medos e a sentir-se especial.
Eu, e uma Vera não chora, aproveitei o escuro da sala para deixar cair umas lagrimitas. Porque vê-la realizada e gigante de tanta felicidade com o que conquistou é o melhor que me pode acontecer.
Aproveito para agradecer ao professor dela, que aceitou ter apenas uma aluna na aula. Que criou laços de confiança e amizade, que acreditou nela e que com ela coreografou o espectáculo.

Sinto um orgulho infinito por ser mãe desta menina que me ensinou a dançar no meio da rua ao som do vento que bate nas árvores.

4 comentários:

  1. Ora aí está porque caíam cascatas de lágrimas quando via o João em palco.Parabéns Vera por saboreares e viveres o crescimento da tua filha com tanto amor *******************

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    1. Percebo-te tão bem, Célia :)
      É maravilhoso vê-la crescer. E ontem vi-a crescer tanto :)

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  2. <3 Na próxima festa espero já poder estar ao vosso lado <3 Adoro-vos <3

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